Carla Trafaria
Tem relação de “amor” com a RTP

Famosos

Pivô do programa “Bom Dia
Portugal” consegue preservar a sua vida privada

Qui, 16/01/2014 - 0:00

Com uma vida reservada, a jornalista Carla Trafaria mostra como é possível aparecer todos os dias na televisão e, ao mesmo tempo, ter uma vida pessoal longe da ribalta. Já foi casada e agora, que é divorciada, não esconde a possibilidade de voltar a casar e de vir a ser mãe. Numa produção feita na Casa da Vela, em Cascais, a apresentadora do "Bom Dia Portugal", da RTP 1, mostrou ser um exemplo de equilíbrio e ponderação.

VIP – Para apresentar o Bom Dia Portugal tem de acordar muito cedo. Custa-lhe muito levantar- se de madrugada, quando toda a gente está ainda a dormir?
Carla Trafaria – Custa, até porque isso é contrário ao ritmo biológico da natureza humana. Mas uma pessoa acaba por se habituar. Tem a vantagem de me permitir ficar com uma parte do dia disponível, embora seja difícil aproveitá-lo, por falta de resistência física. Mas é, de facto, um horário um bocadinho contra natura.

Qual seria a sua entrevista de sonho?
Gostava, por exemplo, de falar mais tempo com o Dalai Lama. Já falei com ele numa entrevista ocasional, mas apenas para fazer pequenos apontamentos. Gostava de conversar com ele, para aprofundar a sua vertente espiritual. Entrevistas interessantes há muitas. Há imensas pessoas, nas mais diversas áreas, com ideias e projetos especiais. Mas aquele lado espiritual – que, por vezes, é sacrificado em prol de fatores mais práticos – talvez já só seja possível de encontrar no Dalai Lama.

Considera-se, então, uma mulher espiritual?
Sim, considero. Sempre quis ser jornalista? Sim, sempre quis ser jornalista. Era uma das profissões de que gostava e que tinha em aberto, na altura em que se começa a pensar nisso mais a sério. Acabei por encaminhar-me para a área das Humanidades e depois, quando precisava mesmo de me decidir, ponderava ainda uma outra opção que também poderia ter sido a minha escolha: a advocacia. Não me importaria de me ver nesse papel.

Que conselho daria aos jovens jornalistas ou a quem está agora a estudar Jornalismo?
Têm de perceber bem o que é o jornalismo porque é muito mais do que aparecer na televisão. Muitas vezes, quando se escolhe uma profissão, ainda não se sabe bem o que ela é, na prática. Por isso, é fundamental perceber qual é o papel do jornalista. O jornalismo acaba por ser uma profissão com uma característica muito particular porque mexe com a vida das pessoas e pode fazer a diferença, para o bem e para o mal. Esta é uma especificidade que a torna muito aliciante, mas também muito sensível. É fundamental perceber-se muito bem o que significa ser jornalista.

Considera-se perfeccionista?
Considero. Tento sempre fazer o melhor. E como, nesta profissão, o nosso objeto de trabalho é diferente todos os dias – porque há sempre diferentes entrevistados e assuntos distintos –, a perfeição é algo que não existe. É sempre necessário melhorar qualquer coisa. E esse é também o encanto da profissão de jornalista: querer melhorar sempre. S

e recebesse um convite por parte de um canal privado aceitava-o ou considera-se fiel à RTP?
Não considero que, se tivesse de ponderar qualquer outro convite, estivesse a trair a RTP.

Portanto, consideraria a proposta?
No início da minha carreira estive na TVI e já estou na RTP há 18 anos. Por isso, vejo a RTP como a minha casa. Mas não encaro essa hipótese como manter-me fiel ou infiel à RTP. Vejo-a como uma coisa natural.

Portanto, não está “casada” com a RTP?
Não, não estou “casada”. Mas tenho uma relação de grande amor com a RTP. Ainda estamos na fase de grande amor, embora haja dias…

Tendo em conta o estado atual do país já pensou em emigrar?
Não. Mesmo com a situação atual, nunca pensei emigrar. Compreendo – e, de alguma maneira, até me fascina – o espírito que algumas pessoas têm e que as leva a emigrar. Mas eu não tenho esse espírito e nunca ponderei sair do país.

Como prevê que fique o mercado do jornalismo em Portugal?
Tão complicado como já está. O jornalismo não é uma profissão à parte e reflete todos os constrangimentos que há em qualquer outra área de trabalho. E, em todo o lado, há excesso de oferta em relação à procura. Os condicionalismos da conjuntura económica atual também afetam os órgãos de comunicação social.

Passou por um divórcio. Sempre soube separar a vida pessoal da profissional?
Absolutamente.

Pensa voltar a casar e ter filhos?
Eventualmente…

Vê-se mais como uma mulher de família ou dedicada ao trabalho?
Acho que, hoje em dia, as mulheres são tudo. Conseguem ser muitas coisas ao memo tempo. Somos todas, ou quase todas, muitas coisas ao mesmo tempo. Vejome perfeitamente bem nos dois papéis. São conciliáveis.

Tem algum desafio por superar?
Se não tivesse, inventava-o! Claro que sim! Acho que todos temos sempre desafios por superar, ao longo da vida inteira. A nível pessoal, profissional… a vida é um desafio constante, diário.

Refere-se a algo em concreto?
Procuro ultrapassar os desafios que me vão surgindo, todos os dias. E isso já é um grande desafio.

Tem algum sonho por realizar?
Sim, tenho sonhos, como toda a gente. Mas encaro tudo com grande tranquilidade. Tanto os sonhos pessoais como os profissionais. O fundamental é que os desafios não se sobreponham aos sonhos e tentar conciliá-los.

Vê-se como uma pessoa terra -a-terra, portanto?
Sim. Encaro os desafios como algo que é necessário superar, mas que, de forma alguma, matam os sonhos.

Quais são os seus objetivos para este novo ano?
Vai ser um ano difícil para toda a gente. Portanto, os meus objetivos passam por conseguir viver o melhor possível a minha vida, tanto em termos pessoais como profissionais, atendendo às vicissitudes e aos constrangimentos que vão surgindo todos os dias, a todos nós. Pretendo, essencialmente viver!

Tem algum ídolo? Não, não tenho. Tenho pessoas que admiro, como a minha mãe. Está sempre a sorrir…

Considera- se uma mulher feliz?
Considero-me uma mulher de bem com a vida,. Sinto-me bem comigo mesma e com a minha relação com os outros. Sinto-me tranquila e serena.

Texto: Carlota Arantes; Fotografia: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Anabela Gonçalves

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