Micaela
“Sou tão feliz que só ambiciono mais anos iguais a estes”

Famosos

Aos 20 anos de carreira, MICAELA regressa à ribalta com A Tua Cara Não Me É Estranha

Seg, 04/06/2012 - 23:00

 Começou a cantar aos sete anos e interpretou temas como Chupa no Dedo ou Desliga a Televisão. Desde então já lá vão duas décadas de carreira que são comemorados agora com o lançamento do álbum 20 Anos e com o regresso às luzes da ribalta no programa da TVI, A Tua Cara Não Me É Estranha. Micaela esteve à conversa com a VIP e falou das três “profissões” que tem: a de cantora, a de mãe – tem dois filhos, Bruno, de nove anos, e Guilherme, de cinco – e a de filha.

VIP – Como tem sido participar em A Tua Cara Não Me É Estranha?
Micaela – Tem sido muito positivo. Este é um programa onde podes enfrentar os teus medos, onde percebes até onde podes ir. Eu costumo dizer que tenho 20 anos de carreira, mas tenho ainda muito a aprender. Eu amo aprender, a vida é uma aprendizagem e eu tento aprender todos os dias e tornar-me uma pessoa melhor.

O que tem aprendido?
Imensas coisas, nunca mais vou dizer que não consigo fazer alguma coisa.

Costumava dizer isso muito?
Sim, achava que havia coisas impensáveis de fazer. Tenho a mania do perfeccionismo.

Como é que surgiu este desafio?
Através de uma chamada da Endemol. Já tinha feito algumas coisas com eles e como eu era fã deste programa em casa, assim que percebi que me queriam, disse logo que aceitava.

Esta oportunidade surge quando comemora 20 anos de carreira. O que é que espera alcançar com este programa?
Eu acho que ao longo destes 20 anos já alcancei tanta coisa… sou uma mulher tão realizada e feliz, que só ambiciono mais 20 anos iguais a estes. Eu vivo em Portugal, não sou estrela, sou um ser humano normal, tenho é uma carreira diferente. Faço música e é isso que tenho de continuar a fazer porque é o que amo.

Qual é o feedback das pessoas na rua em relação à sua prestação e aos 20 anos de carreira?
É muito interessante, porque durante sete anos desapareci da Imprensa. A Imprensa não queria falar do que eu queria, que era da minha profissão, dos meus discos. O que era motivo de história era a minha separação, coisas que me cansei de ver expostas nas revistas. Coisas que me deixavam muito triste, porque se tinham esquecido do porquê de eu estar aqui. Tinham-se esquecido que eu era cantora.

Sente que a privacidade foi invadida?
Muitas vezes e sem pedirem autorização. Isso chocava-me.

Houve muitas mentiras?
Muitas. Por exemplo, eu nunca me casei com o pai do Bruno, nunca houve um divórcio. E então de repente tens as pessoas a dizerem “coitadinha” e a falar da minha vida. Eu não estava preparada e continuo a não estar agora. Tenho três “profissões”: ser cantora, ser mãe e filha. As “profissões” que têm a ver com a minha família não permito que sejam invadidas.

Os seus familiares são os que sofrem mais neste tipo de situações?
Sim, porque eles não pediram para ser figuras públicas. Os meus pais são as pessoas mais humildes que existem. Os meus filhos são a minha maior preciosidade, são a coisa que eu mais amo no mundo. Não consigo imaginar tocarem neles. Eu sou um escudo. Ataquem-me, mas não lhes toquem.

Temeu pela família?
Não senti que a minha família tivesse saído prejudicada, porque nós somos muito unidos. Aquilo que líamos discutíamos em casa e ficava resolvido ali. Eu nasci num seio familiar muito terra a terra, muito simples, muito humano. Agora volto ao mediatismo porque o programa tem audiência, mas sempre estive cá a fazer o que amo: música.

Como é que gere a carreira com a vida familiar?
Tenho um grande apoio familiar. Os meus pais ainda hoje vão aos espetáculos comigo. Os meus filhos ou ficam com os meus sogros, ou com o pai. Depois tento compensar. O pior é no verão, mas é uma época do ano. Nos restantes meses têm-me só para eles. Sou mãe-galinha, sou superprotetora. Tento estar o máximo de tempo possível com eles. Tento estar nas festas da escola, nas reuniões de pais. Não quero de todo que a minha profissão lhes tire a presença da mãe.

O que é que eles dizem da prestação da mãe no programa?
Eles não assistem às emissões. Mas o Bruno sofreu imenso na primeira gala porque tinha visto todo o meu esforço durante a semana e eu acabei no meio da tabela.

E para si? Como é receber os pontos do público, do júri?
Temos ali duas vozes muito boas, a do FF e a da Luciana Abreu. Eu canto e faço o meu trabalho. Mas eles são muito bons. Não estou ali para competir, estou para me divertir, como já me divertia em casa. Eu quero divertir-me, crescer, aprender. Mais, este programa ajuda instituições de solidariedade e isso é uma das coisas que me deixa mais grata.

Pois, a Micaela tem um papel solidário muito ativo.
Eu sou embaixadora da Fundação AGAPE, o trabalho dela é trazer da Suécia material ortopédico e hospitalar para Portugal e depois fazer a distribuição do mesmo para pessoas carenciadas, hospitais, instituições. É um trabalho extraordinário. Eu hoje vivo para ajudar as pessoas. Só assim sou feliz. Em princípio, em novembro, vou para a Guiné distribuir este material.

Vai levar a família consigo?
Gostava muito de levar o meu filho mais velho, porque ele é muito solidário. Faz muita coisa comigo, é um parceiro. Eu nunca lhes facilitei a vida. Eu quero que seja difícil adquirir um brinquedo, porque só assim eles vão dar valor. Na nossa casa, por exemplo, não havia consola de jogos até há um ano, porque eu achava que não era importante. Os meus filhos andam de patins com a mãe, andam de bicicleta, jogam à bola, à macaca, ao berlinde. Estou a dar-lhes a educação que recebi da minha mãe, que foi a melhor do mundo. A minha mãe não é perfeita e eu também não sou, mas na sociedade que temos eu tento integrá-los com alguns ideias meus.

Foi mãe de acolhimento e tentou adotar, mas sem sucesso, não foi?
Não quero falar sobre isso. A única coisa que posso dizer é que não voltava a ser mãe de acolhimento, porque me apego às crianças… Infelizmente, o sistema não nos ajuda. Vamos buscar uma criança a uma instituição, somos mães de acolhimento, afeiçoamo-nos, a criança adapta-se à nossa família, somos extremamente felizes com aquela criança, queremos adotá-la e não podemos, porque somos mães de acolhimento, não somos mães de adoção. É grave. Por isso, não quero arriscar mais.

Perdeu a vontade de adotar?
Sim, é mais fácil voltar a ser mãe, mas para já não penso nisso. A minha vida é uma loucura, ando sempre a correr, e com a AGAPE ganhei muitos filhos.

Escreveu-se, entretanto, que casou em segredo. Isto é verdade?
Não noticiei o meu casamento, já foi há oito anos. São coisas diferentes. Respeitei o meu marido que não queria protagonismo, porque não é do meio. O casamento é um momento muito nosso. Foi vivido em família, com um grupo de amigos muito restrito.

Foi o dia que tinha imaginado?
Foi. Eu sonhava casar de branco, entrar na igreja, o meu filho foi o menino das alianças. Foi maravilhoso. Hoje tenho o meu filho mais novo a perguntar porque é que não esteve lá (risos). Foi o dia mais feliz da minha vida. Aliás, considero-me uma mulher muito feliz. Considero que manter a minha vida pessoal no anonimato, manter os meus filhos no cantinho deles faz-nos muito mais felizes.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Luís Baltasar; Produção: Manuela Costa; Maquilhagem e Cabelo: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel;

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