Sónia Morais Santos
“No Natal é festa ao quadrado”

Nacional

A autora do famoso blogue Cocó na Fralda revela como celebra esta quadra ao lado dos seus quatro filhos

Qua, 23/12/2015 - 19:02

Jornalista de profissão. Apresentadora do programa Pais & Filhos, exibido na TVI24. Recém-maratonista e apaixonada pelas corridas. Autora de Cocó na Fralda, um dos blogues mais famosos de Portugal. E, o mais importante, mulher de

VIP – Qual o significado do Natal para vocês?
Sónia Morais Santos – Família. União. Partilha. Alegria. Cada vez mais damos importância à família, não apenas no Natal, mas todo o ano. De qualquer modo, no Natal adoramos ter o máximo de membros da família juntos, o que nem sempre é fácil porque as casas não esticam, mas as famílias sim.

Como é que esta época é vivida em vossa casa?
Com muita cantoria, com muitas danças, com músicas de Natal até ao enjoo. Ficamos mesmo tomados pelo espírito do Natal.

O nascimento do primeiro filho mudou a forma como vivem esta quadra?
Sim. Acho que lhe deu toda uma outra dimensão. Sempre gostei muito do Natal e de ter a família reunida, mas com crianças é outra coisa! 

Se é outra coisa com uma criança, como é com quatro filhos?
É uma festa. A vida, em geral, com quatro filhos é uma festa. Mas no Natal é festa ao quadrado. São os quatro filhos mais os primos. Adoro. Uma barulheira maluca, risadas permanentes. Fazemos sempre uma atuação para o resto da família. Um ano fizemos uma peça de teatro, outro ano cantámos uma canção e os rapazes tocaram. Este ano é segredo. Mas já estamos a ensaiar. 

E como é ser mãe de quatro filhos, sobretudo nos dias que correm?
É uma aventura. Há dias difíceis, em que acordo já cansada. Porque há sempre muito que fazer. Almoços, jantares, ajudar com os estudos, banhos, 
atividades extracurriculares, ter tempo com cada um deles, ter tempo para mim, para namorar, para sair com amigos… é uma gestão que tem de ser rigorosa, porque é fácil ser engolido pelo dia-a-dia. Mas não imagino a minha vida de outra forma. Acho que só sei viver no meio da confusão e com panelas feitas para muita gente. 

Consegue definir cada um dos seus filhos apenas com uma palavra?
Humm… difícil. Mas vou tentar. Manel: líder. Martim: sonhador. Madalena: persistente. Mateus: charmoso.

O Ricardo veste-se de Pai Natal?
Não, porque seria muito fácil para eles reconhecerem o pai. Quem se veste de Pai Natal é um tio ou uma prima, com jeito para a representação.

Este ano ficou marcado pela sua primeira maratona. Como foi esta experiência?
Foi absolutamente marcante. Passar vários meses a treinar para aquele dia, a aumentar o número de quilómetros, a acordar às seis da manhã em plenas férias para ir correr 25 quilómetros no Algarve, outras vezes a ir correr à meia-noite. Acho que nunca tinha trabalhado tanto para cumprir um determinado objetivo. E soube tão bem. Já tinha ouvido dizer que era brutal cruzar a meta, que muitas pessoas terminavam lavadas em lágrimas tal era a catarse. A gente ouve dizer, mas não percebe bem. Até ser a nossa vez. Chorei de emoção, sim, e pensei: se eu consegui isto… consigo tudo! Foi de facto uma superação incrível e ainda hoje não acredito que vim a correr de Cascais até à Expo.

Também está muito diferente fisicamente. Quanto peso é que perdeu e o que motivou esta mudança?
Perdi 15 quilos. É fácil a gente acomodar-se a um peso, com a desculpa dos filhos. Quem é que não entende que uma pessoa acumule alguns quilos quando teve quatro gravidezes? Pois. Mas a autoestima perde-se pelo caminho, deixamos de fazer muitas coisas porque não nos sentimos bem, não vestimos o que gostamos. Houve um dia em que olhei para mim e pensei: não pode ser. Não é esta pessoa que eu quero ser. Não é esta mãe que quero que os meus filhos tenham. Não foi esta mulher com quem o Ricardo casou. E pronto. Mudei o chip. Com a ajuda do melhor PT do mundo, o Pedro Almeida, do Treino em Casa, e com a ajuda da nutricionista Maria Santana Lopes, mudei a minha alimentação, sem nunca ter feito propriamente dieta – o que como é o que qualquer pessoa devia comer sempre, e passei a mexer-me. Ainda não estou como quero. Mas já estou muito melhor.

É a autora de um dos blogues mais famosos de Portugal. Que balanço faz do tempo de vida de Cocó na Fralda?
Um balanço muito feliz, muito positivo. O blogue tem-me permitido fazer coisas de que gosto muito, proporcionou-me conhecer pessoas que se tornaram amigos, deu-me algumas oportunidades interessantes, tem-me permitido ajudar imensas pessoas e instituições e ainda vão surgir mais novidades. Há sempre projetos novos que se podem associar ao blogue e que fazem com que esteja mesmo muito feliz por o ter criado.

Já passou por alguma fase de maturação em que ponderasse fechar o blogue?
Às vezes há criaturas nefastas que nos fazem pensar: puxa, eu escrevo para malta deste calibre? A sério? Então não quero, obrigadinha. Mas depois há as outras, que são em muito maior número, e que fazem valer a pena. 

Chegou a pensar mudar o nome?
Sim, cheguei. Mas o nome sempre foi provocatório, sempre foi irónico, propositadamente feio para que não se pensasse que era um baby blogue no sentido cor-de-rosinha, chato. E ficou. Hoje, há imensa gente a chamar-me Cocó a mim: “Olá Cocó!” E eu já nem estranho e até gosto. Há coisas do diabo!

Até quando é que se imagina a escrever no blogue?
Até me dar prazer. Quando deixar de dar… fecho. Tem sido sempre assim na minha vida. E não me tem corrido mal. Acho que as coisas só fazem sentido enquanto nos divertimos, enquanto é bom. Quando é só frete mais vale ir fazer outra coisa. 

Atualmente, está a gravar o programa Pais & Filhos. Como tem sido este desafio?
Tem sido muito bom. Tenho quase 20 anos de profissão, todos eles em imprensa e rádio. Nunca tinha feito televisão e receber um convite, aos 41 anos de idade, para um projeto novo numa área que não dominamos dá um prazer redobrado. Sair da zona de conforto, como se diz tanto agora, sabe bem. Porque nos desafia, porque nos faz sentir aquele frio na barriga, porque nos permite aprender. E eu adoro aprender.

Qual o feedback que tem recebido?
Muito bom. As pessoas têm sido gentis e dizem coisas como “parece que fizeste isto a vida toda”. Sabe bem, claro, mas eu sou muito crítica e estou sempre a encontrar defeitos, o que não me permite nunca levantar os pés do chão. Acho que nunca seria possível tornar-me uma pessoa convencida ou arrogante. Porque acho sempre que tenho ainda tudo para aprender e que podia sempre fazer melhor. De qualquer modo, e voltando à pergunta, o feedback tem sido muito bom. As pessoas dizem que se revêm nos temas que são tratados, que gostam da conversa, que queriam que o programa fosse maior. Tudo coisas boas.

Esta é uma altura de balanços. Que balanço faz deste ano?
Foi um ano estupendo. Mesmo. Emagreci 15 quilos, corri uma maratona, escrevi o meu primeiro livro infantil, pro bono, para a Science4u, com o objetivo de doar parte das vendas para a Operação Nariz Vermelho, fiz novos amigos, o que não deixa de me deslumbrar, eu que achava que com esta idade já não se faziam amigos – tola!, estreei-me em televisão… acho que foi um “senhor” ano!

É também uma altura de tradições e desejos. Cumpre alguns rituais na última noite do ano?
Durante muito tempo comecei o novo ano a fazer um sacrifício enorme: comer passas. Odeio passas. Um dia pensei: que raio de coisa esta?! Começar o ano enjoada e a penar não me parece um bom presságio para coisa alguma! Acabou-se. De maneira que agora sou capaz de subir para uma cadeira na contagem decrescente para a meia-noite, mas é só se me lembrar! O único ritual que gosto mesmo de manter é o de estar feliz nessa noite, na companhia da família e dos amigos. 

Quais os desejos para 2016?
Um tremendo lugar-comum, mas o mais verdadeiro de todos os lugares-comuns: que todas as pessoas que são importantes para mim tenham saúde. Porque sem saúde nada, mas mesmo nada tem importância. Por isso, sim, este é o primeiro de todos os desejos: saúde para os meus e para mim, que gosto muito de andar por cá. De resto, se 2016 for tão bom como foi 2015 será um ano bestial. Se puder ser ainda melhor, perfeito!  

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Kioma e L’Oreal Professionnel

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