Cristina Bergoglio
Sobrinha do Papa é pintora

Famosos

Em visita a Portugal fala sobre o tio e mostra os seus quadro

Qui, 11/04/2013 - 23:00

O apelido Bergoglio que Cristina ostenta denuncia de imediato um laço familiar que a liga a Jorge Mario Bergoglio, eleito recentemente Papa Francisco. Cristina Bergoglio, de 45 anos, esteve em Portugal para a inauguração da sua exposição de pintura no hotel Conrad Algarve, na Quinta do Lago, e falou sobre o facto de ser sobrinha-neta do chefe da Igreja Católica.

VIP – Como surgiu a oportunidade de fazer uma exposição em Portugal?
Cristina Bergoglio – Foi através da galerista inglesa Gillian Catto, que descobriu o meu trabalho quando fiz uma exposição em Paris. Ela gostou muito e passado alguns meses convidou-me para trabalhar com ela e propôs-me expor no hotel Conrad Algarve.

Sei que já visitou o Porto e Lisboa, que a inspiraram a pintar dois dos seus quadros.
Sim. Estive de férias com o meu namorado e ele tirou algumas fotos, que depois eu usei para o meu trabalho. O Luís falou-me do Porto, que tínhamos de visitar, porque tinha pontes muito bonitas. Sou apaixonada por pontes. Quando vi a ponte D. Luís disse logo que tinha de pintá-la.

Porque pinta paisagismo urbano?
Há um sentido plástico muito claro, porque interessa-me a geometria, a força visual, e isso só é possível com estruturas com arestas. Essa força encontro na cidade e não na paisagem natural, porque me interessa a velocidade e uma certa masculinidade, que têm os meus quadros. E isso só consigo com as paisagens urbanas.

Vive há muitos anos em Madrid. Não sente saudades da sua Córdoba natal, na Argentina?
Vou lá todos os anos. Formar-me em Córdoba foi muito importante porque não tinha à minha disposição tantas distrações como numa grande cidade. Aprendi a desenhar muito bem. Se tivesse estudado numa cidade como Madrid, era o dia inteiro nas compras (risos).

Quais são as suas melhores recordações de infância na Argentina?
Eu cresci numa casa grande e com muito espaço verde. O meu pai dava-me madeiras e eu construía casas no jardim e lá dentro eu desenhava e escrevia.

O seu tio-avô, Jorge Bergoglio, atual Papa, pintava consigo? Ele também tem talento?
Não sei, porque não o conheço pessoalmente. Sei que tem talento para escrever.

Não o conhece pessoalmente?
Qualquer pessoa que se dedica com tanta responsabilidade a uma área, não consegue ter contacto quotidiano com a família, é impossível, e muito menos quando é um sacerdote. É uma vocação hermética. Eu pertenço ao ramo da família de Córdoba e ele estudou em Buenos Aires. Não tenho contacto com ele. Tenho o seu apelido, sou sua sobrinha, tenho semelhanças físicas, conheço a sua vida, mas não contacto com ele.

Como é que têm laços familiares?
Porque o pai do Papa e o meu avô são primos.

Gostava de pintar o retrato oficial do Papa?
Se a vida me trouxer essa oportunidade, sim. Mas eu não vou procurar por isso. Eu acho que as pessoas devem trabalhar e fazer as coisas bem. Se surgir essa oportunidade porque me consideram boa retratista, claro que sim.

Mas alguma vez falou com ele?
Não. Nunca falei (risos). Nem agora. Há uma coisa muito bonita que se está a passar. O meu irmão é fã de Jorge Mario Bergoglio, mesmo antes de ser candidato a Papa, e eu sou uma pessoa muito espiritual, mas não sou religiosa. Eu não queria ler os artigos dele, que o meu irmão lê, porque eu pensava, por desconhecimento, que era uma pessoa muito fechada. Mas agora estou a descobrir que é um homem muito próximo e estou a ler os seus artigos. Oiço as suas palavras e tenho-me surpreendido.

Tem uma carreira de êxito. Mas acha que ser familiar do Papa trará mais mediatismo à sua carreira enquanto artista?
É possível que durante alguns meses, devido ao meu apelido ser igual ao dele, isso aconteça. Mas na pintura se não temos talento não conseguimos progredir. Pode haver uma influência agora, mas depois só contará se pinto bem.

Como definiria o Papa enquanto pessoa?
É uma pessoa que quer tocar nos doentes, lava os pés às mulheres, que é algo revolucionário. Não lhe interessam os luxos e nesse aspecto parece­-me uma pessoa autêntica e bondosa. E com a idade que tem, estar todo o dia ocupado é porque tem um bom coração.

Texto: HMC; Fotos: Paulo Lopes

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