Pedro Carvalho
“Ser pai é um objetivo de vida”

Famosos

O ator revela o seu papel de sonho

Qui, 09/05/2013 - 23:00

Pelo segundo ano consecutivo, Pedro Carvalho foi eleito Melhor Ator de Elenco de Telenovelas nos troféus TV7 Dias de Televisão. Aos 27 anos, o ator confessa que tem aprendido muito com o pai, que luta contra um cancro, e revela o desejo de ser pai.

VIP – O último trabalho que fez em televisão foi Remédio Santo. Foi o trabalho mais marcante da sua carreira?

Pedro Carvalho – Foi um projeto especial, não só pela narrativa, como por todo o leque de atores e equipa técnica que o envolveu. Ri, chorei, diverti-me, fiz amigos, trabalhei e aprendi com talentosos atores. Tive um voto de confiança para compor o personagem de uma forma especial. Foi sem dúvida o personagem onde arrisquei mais. O resultado de tudo isto foi o imenso carinho do público que acompanhou o crescimento do Ângelo. Posso dizer que foi, sem dúvida, o personagem mais marcante na minha carreira.

O desempenho no papel de Ângelo já lhe valeu duas distinções, em anos diferentes, nos troféus TV7 Dias…

É inacreditável. Estava muito longe de pensar que tal pudesse acontecer. É de facto um enorme orgulho, uma satisfação e uma sensação que está longe de mim conseguir explicar. Este personagem e este projeto vão-me ficar para sempre gravados no coração. Apenas posso agradecer a todas as pessoas que o permitiram e que em dois anos consecutivos me acharam merecedor desta distinção e que me faz amar e respeitar ainda mais esta arte, trazendo-me responsabilidade e a vontade acrescida de não poder desiludir e de querer continuar a crescer enquanto ator.

Dedicou o galardão aos seus pais. Como é que eles acompanham a sua carreira?

São o meu pilar. Obviamente que no papel de pais se preocupam devido à instabilidade inerente a esta profissão, ainda mais estando o País na situação em que está, mas ao longo do meu percurso enquanto ator, aprenderam a aceitar e sentem orgulho nos passos que vou dando enquanto profissional. São duas pessoas muito racionais, portanto não há espaço para deslumbres, nem eu encaro esta profissão como tal. Aconselham-me relativamente às escolhas que vou ou não fazendo e para mim o parecer deles é fundamental.

O seu pai vive uma situação complicada ao lutar contra o cancro…

O meu pai é um verdadeiro lutador, sempre o foi, mas nesta fase tem-no provado mais do que nunca, jamais desiste e tem ao lado uma mulher de quem me orgulho muito e que será sempre a mulher da minha vida, a minha mãe. Sinto um orgulho imenso em tê-los como pais, em tudo o que me têm ensinado, mesmo nestas fintas da vida. Pode vir o maior furacão que nada nos vai derrubar e são estas algumas das lições (ainda que de forma penosa) que tiramos da vida. Neste momento posso dizer que a situação do meu pai está controlada, no entanto, finalizou os tratamentos há pouco tempo, mas ao que tudo indica o quadro clínico dele é bastante favorável. O tempo o dirá…

Como é que faz para que a situação do seu pai não prejudique o lado profissional?

Nunca fui pessoa de misturar a vida pessoal com a profissional. No entanto, sou humano e sendo tão ligado à minha família, é claro que isso me afeta, mas enquanto trabalho tento desligar essa preocupação. As pessoas que assistem ao meu trabalho lá em casa ou numa sala de teatro não têm de saber aceitar se eu, Pedro Carvalho, tenho ou não problemas. Esta situação do meu pai, em específico, tem-me feito crescer muito enquanto homem, tem-me feito dar mais importância a coisas tão simples e que no nosso quotidiano tendemos naturalmente a desvalorizar, mas que são de uma importância atroz! A acreditar mais, a dar mais valor ao que realmente importa e não a coisas ou a temas supérfluos.

Nos agradecimentos pelo troféu disse que o seu pai, ao longo dos tempos, deu-lhe uma lição de vida…

Em poucas palavras, tem-me mostrado e demonstrado, não só agora devido a esta fase específica, mas ao longo da vida, o que é realmente ser-se um lutador, lutar por aquilo em que acreditamos mesmo com as maiores adversidades.

Como está a relação com o seu irmão?

A minha relação com o meu irmão é absolutamente normal.

Muitos atores dizem que os pais quase sempre os incentivaram para outros rumos profissionais. Como foi no seu caso?

Não vou mentir, os meus pais, como já referi, no papel de pais e devido à instabilidade desta profissão de ator, com a agravante de vivermos num “pobre Portugal”, preocupam-se. E sem dúvida que apesar de sempre reconhecerem desde tenra idade a minha veia artística, quer seja no campo da representação, na arquitetura (sendo eu também licenciado em Arquitetura), design, escultura, pintura, música, etc… sempre preferiram que eu seguisse uma profissão mais segura, mas apoiam-­-me incondicionalmente e são participativos em todos os passos que vou dando na minha carreira.

O que se segue na representação?

Terminei neste momento a peça Casa de Campo, no Teatro Villaret, mas continuo em cena no mesmo teatro de quinta a domingo, com a peça Isto É Que Me Dói. Na televisão, sou ator com regime de exclusividade com a Plural, portanto a qualquer momento poderei integrar um projeto.

Se dependesse de si, que tipo de personagem gostaria de fazer?

Aqueles que me sejam desconfortáveis, que sejam o oposto de mim enquanto pessoa e que me façam aprender e crescer mais enquanto ator.

O contrato de exclusividade com a Plural é uma segurança para o futuro?

Acho que neste momento, nenhum trabalhador em Portugal poderá dizer que tem uma segurança para o futuro. Vou continuar a dar o meu melhor em todos os projetos, pois não me conheço de outra forma.

Enquanto ator, que opinião tem da mudança de atores entre canais?

São atores. Todos precisamos de trabalhar.

Alguma vez foi assediado para mudar?

Não vou responder a essa questão.

Tem feito trabalhos de moda. É o rosto de várias marcas de prestígio e esteve ainda no Portugal Fashion. A par da representação, a moda é aquilo que o preenche mais?

Encaro a moda como consequência do meu trabalho enquanto ator. Gosto desses desafios. O mais recente, foi ser o rosto masculino da Seaside. Mas tenho outras áreas que também me preenchem, como a arquitetura. Colaboro em modo hobby com um atelier de dois arquitetos meus amigos de longa data. Não dispenso idas a leilões de arte antiga e vintage. Adoro uma boa exposição de pintura, escultura e fotografia. Vou a concertos de jazz e dança contemporânea. Devoro livros e revistas de design e tudo isto completa o meu campo de gostos e interesses. Penso que me ajudam a ser um ator mais completo.

A sua carreira vive da imagem. Tem muitos cuidados nesta área?

A carreira de ator não vive somente da imagem. Quero pelo menos acreditar que assim não é. Tenho os cuidados necessários. Não sou obstinado nem obcecado com isso, simplesmente cuidadoso. Vou ao ginásio pelo menos três vezes por semana e no que respeita à alimentação, como não gosto de molhos, comidas condimentadas e fritos, tenho uma boa parte do trabalho facilitada.

É muito vaidoso?

Eu prefiro dizer que sendo eu um amante de arte, sou portanto um esteta (risos).

Casar e ser pai é algo que quer?

Sendo um romântico esta resposta é um tanto óbvia. Casar? Vejo-me mais a “juntar os trapinhos”, não tendo necessariamente de assinar um papel. Ser pai é, sem dúvida, um objetivo de vida.

O que é necessário para que uma mulher faça como que isto seja uma prioridade?

Acredito muito em valores que parecem bastante desajustados aos dias de hoje, como a monogamia, o para sempre na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no conceito de família. Sei perfeitamente que a relação perfeita não existe, mas acredito muito “no juntos vencemos o mundo”. Portanto, tem de ser especial.

Imagina a próxima década de carreira?

Prefiro que a vida me continue a surpreender tão ou mais positivamente como tem feito até hoje.
 

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Bruno Peres, Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelo: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
 
 

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