Maria Inês Almeida
“Ser mãe do José faz-me feliz”

Famosos

Dedicada à escrita infantojuvenil há algum tempo, é no filho que a jornalista se inspira para dar asas à sua imaginação. Aos 33 anos, Maria Inês Almeida conta à VIP como está a correr a sua aposta no universo da literatura infantojuvenil. A jornalista confessa-se realizada com o desafio que tem em mãos, embora reconheça que é noutro prisma, bem mais pessoal, que se sente verdadeiramente completa.

Dom, 15/01/2012 - 0:00

 Aos 33 anos, Maria Inês Almeida conta à VIP como está a correr a sua aposta no universo da literatura infantojuvenil. A jornalista confessa-se realizada com o desafio que tem em mãos, embora reconheça que é noutro prisma, bem mais pessoal, que se sente verdadeiramente completa.

A maternidade trouxe-lhe a felicidade que ambicionava e é nesse papel que se tem concentrado desde há quatro anos para cá. O filho José, fruto da sua relação com o ator Pedro Górgia, de quem se separou há cerca de três anos e meio, é a principal razão para sorrir todos os dias.

VIP – Há algum tempo iniciou-se na escrita infantojuvenil. Como surgiu a ideia de enveredar por esse campo?
Maria Inês Almeida – Desde há muito que me fascinam as formas de pensar, de dizer e de dialogar das crianças e com o nascimento do meu filho fiquei ainda mais atenta a esse universo. As coisas acabaram por se proporcionar e comecei por escrever alguns títulos da coleção Chamo-me…, dirigida ao público juvenil. Depois resolvi dirigir-me aos mais pequenos. Admiro o misto de ingenuidade e perspicácia com que as crianças comunicam, assim como a maneira como simplificam o mundo. Gosto de entrar em sintonia com os sonhos das crianças.

A coleção A Liga dos 4 visa sensibilizar os jovens para temas mais sérios, como o cancro da mama e o cancro do colo do útero. Considera que o nosso país fala pouco sobre os reais problemas da sociedade?
Foi um desafio que me foi lançado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro – criar livros, em forma de banda desenhada, suficientemente apelativos para interessar e preparar os jovens para uma problemática a que no futuro poderão não conseguir escapar. Há no nosso país um défice na comunicação às pessoas – e aos jovens em particular – de alguns dos problemas mais relevantes da sociedade. Não é que não se fale deles, mas muitas vezes não se fala de forma a sensibilizar o público.

Acha que os seus livros são uma ajuda para haver uma maior noção dessa realidade?
Oxalá sejam. Pelo menos neste caso concreto fi-lo com essa intenção. Mas terei de deixar esse julgamento aos outros.

O seu filho acaba por ser a principal inspiração para a escrita. Considera que o lado genuíno de uma criança é meio caminho andado para falar sobre o que realmente importa?
Respondo com o exemplo do livro Quando Eu For… Grande que foi uma ideia que o José, sem saber, me deu, por andar sempre a perguntar: “Quando eu for grande posso comer pastilhas?” Os desejos de uma criança refletem os seus propósitos naquele momento, não os que terá quando for mais velha. E se pensarmos bem, os desejos exprimem a perplexidade da criança pelo estranho mundo adulto e os mistérios da natureza. O lado genuíno de uma criança é meio caminho andado para falar sobre o que realmente importa para elas, que é também o que importa para mim quando escrevo livros. As crianças funcionam muito na base da sua própria imaginação. “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”, dizia Einstein. E as crianças têm imaginação da mesma forma que os adultos têm conhecimento. Nos meus livros deixo que as crianças se mantenham crianças.

Essa é uma boa razão para as pessoas comprarem os seus livros?
Tento pôr nos meus livros um bocadinho de sonho e fantasia, sobretudo nos últimos, como é o caso de Quando Eu For… Grande, onde me deixo guiar mais pela intuição do que pela racionalidade. E procuro que cada um dos meus projetos possa deixar uma marca. Nos livros Sabes que Também Podes Ralhar com os Teus Pais? e Sabes Onde é que os Teus Pais se Conheceram? procurei promover o diálogo entre pais e filhos. Quando é caso disso, procuro também transmitir informação e conhecimento, como com a série Chamo-me… ou a Liga dos 4.

Com a entrada na escrita infantojuvenil, onde fica o jornalismo?
Confesso que de momento estou muito concentrada em várias ideias de literatura infantojuvenil que procurarei concretizar nos próximos tempos.

O jornalismo é uma área que também a completa?
Sem dúvida. Estudei Comunicação Social e quis ser jornalista, do que nunca me arrependi, antes pelo contrário: sempre me fascinou o manancial inesgotável de histórias que existem na vida real, sejam de gente conhecida ou anónima. Todas as pessoas têm, na verdade, uma história. E muitas vezes são histórias que os outros gostam de conhecer: basta apenas ter a capacidade para as descobrir e a habilidade para as transmitir. Essa é a missão do jornalista.

Sendo separada, que conselhos dá aos pais que passem pela mesma situação de forma a um filho não sentir tanto o drama da separação?
O conselho que dou não é técnico, apenas se baseia na minha intuição e experiência: a existência de uma boa relação entre os pais torna tudo mais fácil e torna um filho mais feliz. É preciso ter a noção clara de que, havendo um filho, os pais, mesmo separados, acabarão por ter de lidar um com o outro para o resto das suas vidas. Se o puderem fazer de uma forma pacífica e harmoniosa, melhor será para todos os envolvidos e, sobretudo, para a criança, que deve ser sempre a pessoa mais importante no meio disto tudo. Sentindo essa harmonia, que os pais continuam amigos, ela acabará por ter um crescimento muito mais saudável.

Foi mãe há quase quatro anos. Deseja ter mais filhos?
Não penso nisso neste momento, se bem que o meu filho me ande a pedir um gato e uma “mana” chamada Joana. Mas gostava de ter mais filhos, sim. Há que dar tempo ao tempo.

Considera-se uma boa mãe?
É sobretudo o José que um dia poderá responder a isso. Mas os meus amigos consideram que sou muito dedicada e capaz até de sacrificar um projeto profissional para estar com ele. E acho que é verdade. E sou recompensada: o meu filho já diz que sou a melhor mãe do mundo. E eu também lhe digo que é o melhor filho do mundo.

Disse numa entrevista recente que “as crianças não se esquecem de sonhar.” E a Inês, o que sonha para o seu futuro?
Desde que o meu filho nasceu os meus sonhos passam muito por ele: sonho em vê-lo feliz. Se ele estiver feliz, eu também estou.

Aos 33 anos, arrepende-se de alguma coisa que tenha ou não feito na sua vida?
Não sinto arrependimento de decisões que possa ter tomado ou que tenham ficado por tomar porque entendo a vida como um percurso e processo de aprendizagem. Mas também não vivo a olhar para o passado e esse é um tema que não me preocupa. O que conta é viver o presente e através dele preparar o futuro.

A felicidade é a soma de momentos bons na nossa vida… Considera-se uma pessoa feliz?
Sendo por natureza uma pessoa otimista e que olha para o lado bom da vida e dos outros, ser mãe do José já me faz muito, muito feliz.

Desejos e resoluções para este ano…
O futuro depende da maneira como formamos e educamos os nossos filhos e, por isso, faço votos para que todos os que têm essa responsabilidade não se esqueçam disso. De resto, sendo realista, não quero estar a exprimir grandes desejos que sei que não virão a ser cumpridos. Gostava que Portugal encontrasse a saída para a crise e que as soluções a adotar respeitassem a dignidade humana. Havendo saúde e trabalho, o resto virá por acréscimo. Quanto a resoluções pessoais, só quero responder às necessidades do meu filho e concretizar novos projetos de literatura infantojuvenil.

Texto: Cátia Matos; Fotos: Brunos Peres; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelo: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Profissionnel

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