Rui Maria Pêgo
Apresentador afirma “Coincide gostar de meninos”

Nacional

Filho de Júlia Pinheiro e Rui Pêgo solidariza-se com as vítimas do atentado de Orlando e deixa depoimento emocionado nas redes sociais

Seg, 13/06/2016 - 21:05

O apresentador Rui Maria Pêgo, filho de Júlia Pinheiro e Rui Pêgo, não conseguiu ficar indiferente ao massacre cometido numa discoteca gay de Orlando, nos Estados Unidos, em que morreram cinco dezenas de pessoas.

 

Num longo texto colocado na sua página de Facebook, Rui apela à consciencialização dos seus milhares de seguidores para a forma como são tratados os membros da comunidade LGBT.

 

Leia o texto, na íntegra:

“Há uns tempos um amigo perguntava-me: ‘o que é isso de ser figura pública? Já se qualificam como figuras públicas, as meninas apanhadas a fazer amor no Main?’. Dificilmente. Por mais que já se lhes conheça alguns ângulos mortos. Conheço pessoas que dizem ser ‘figura pública por profissão’. Ou seja, existem, respiram, de forma… Pública. O seu trabalho é esse: oxigenar o sangue à frente dos outros. Tudo bem. Cada um respira como quer. Menos aqueles que acabam mortos por não respirarem como é suposto. E não estou aqui a fazer uma graça com asmáticos. Morreram 50 pessoas em Orlando – terra da Disney – que ousaram ser quem são dentro de um local que imaginavam seguro. No fundo, respiravam. Lá na vida deles. Ligeiramente entrincheirados numa discoteca lá ‘deles’. Para sempre ‘meio entrincheirados’. Porque é sempre assim, não é? Morreram ‘aqueles’. Aqueles sírios. Aqueles turcos. Aquelas nigerianas raptadas e violadas pelo Boko Haram. Aqueles paneleiros que quiseram abanar-se ao som de Ariana Grande. Não digo paneleiros para chocar. Digo-o porque as palavras têm vida; memória. Digo-o porque esses paneleiros são iguais a ti que estás a ler isto. E são completamente iguais a mim; são pessoas. Por circunstâncias escolhidas e herdadas, sou uma figura pública – por mais que o termo me faça rir. Contudo, não desconto no IRS com croquetes e não apareço muitas vezes nas revistas que acabam esquecidas em salas de espera. Esse não é o meu trabalho. O meu trabalho é público. Seja na televisão, ou na rádio, mas gosto de pensar que existe para promover discussão. É por isso que escolho ter o desplante de falar disto às quase 60 mil pessoas que seguem esta página. Coincide gostar de meninos. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa. Não me parece pedir muito. E eles não pediram muito. Quiseram só estar à vontade. Não quero pôr um # a trendar. Quero só que penses como, ao fomentar o ódio, vamos todos parar ao mesmo forno. É só uma questão de tempo. Não rezes por Orlando. Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti”.

 

Foto: Impala

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