Revela que passou por uma “fase terrível” em que deixou de comer

Famosos

Sex, 26/12/2014 - 0:00

Jessica Athayde foi uma das mulheres entrevistadas para o arranque da plataforma feminina e feminista Maria Capaz, lançada por Rita Ferro Rodrigues e Iva Domingues na última semana. Nessa entrevista, a atriz, de 27 anos, revelou que já sofreu de anorexia. “Tive aquilo que se chama de anorexia nervosa, que foi provocada porque sou uma pessoa ansiosa. Eu sofro naturalmente, ou melhor, sofria, porque agora controlo, é uma luta diária. Sofria ou porque o telefone tocava fora de horas, ou com medo de uma notícia má… Passei por uma fase horrível e nessa fase horrível deixei de comer”, desvendou, acrescentando: “Passei a não ver bem, não conseguia engolir uma bolacha, não tinha forças para me levantar, mas continuei a trabalhar.” Com esta revelação tão pessoal, Jessica Athayde pretende ajudar outras mulheres que estejam a passar pelo mesmo que já passou e, desta forma, transmitir-lhes força para ultrapassarem o problema. “Já há algum tempo que queria partilhar a minha história, por achar que seria uma mais-valia para as miúdas/mulheres que passam pelo mesmo do que eu e por sentir que a vida é feita de partilha”, explicou, já no seu blogue, o Jessy James. Na mesma entrevista a Maria Capaz, que ainda não foi publicada, a atriz fala ainda das suas “lutas e inseguranças”: “Conto o que nunca contei a ninguém e a forma como decidi aceitar-me e aceitar os outros.” 
 
As críticas ao seu corpo
 
Em outubro deste ano, o corpo de Jessica Athayde tinha sido alvo de duras críticas, depois de ter desfilado em biquíni na 43.ª edição da ModaLisboa. Através das redes sociais houve quem lhe chamasse “gorda” e que a mandasse “fazer mais abdominais e controlar os hidratos de carbono”. Na altura, Jessica Athayde respondeu às críticas com um texto que dirigiu às mulheres reais: “Desfilei com o corpo que tenho, que é o meu e no qual me sinto muito bem. Qual não foi a minha perplexidade quando observo que, a propósito de uma fotografia menos feliz, sou alvo de críticas, comentários desagradáveis e uma série de mimos, próprios deste mundo das redes sociais, em que ainda nos estamos a habituar a viver. Estes comentários foram feitos na maioria por mulheres. Mulheres, vou repetir. Mulheres que são filhas, mulheres que são mães, mulheres que ainda não perceberam que cada vez que cedem à tentação de atacar outra mulher com base nas suas características físicas estão a enfraquecer a condição feminina, em vez de lhe dar força. Estão a cultivar as inseguranças, as desordens alimentares, a escravidão da imagem. Sou uma mulher segura, pelo menos trabalho nesse sentido. Se este incidente fosse só sobre mim, posso garantir-vos que pouca importância lhe daria. Mas questiono-me sobre a quantidade de mulheres menos seguras, de todas as idades, mais ou menos felizes, magras, gordas, altas, baixas, que sofrem este tipo de perseguição no seu dia-a-dia. Mulheres que, ao contrário de mim, não têm uma voz que se faça ouvir… Para alguma coisa tem de servir o facto de ser figura pública. Que seja então para dar voz a um grito que sei ser de muitas que me estão a ler neste momento – Chega!”. Depois deste texto muitas figuras públicas saíram em defesa de Jessica Athayde, gerando-se uma discussão em torno do peso da imagem na sociedade atual.  “Ainda bem que se falou”, considera agora. “Tudo aquilo que me aconteceu serviu para eu poder falar por todas as mulheres e acima de tudo sobre o problema de falta de autoestima que as mulheres têm”, diz, alertando que as pressões entre mulheres são cada vez mais frequentes e começam desde cedo.“Vejo pela minha sobrinha que tem oito anos que, se calhar, já tem uma miúda que lhe diz ‘por que é que estás sempre a usar o mesmo fato de banho?’ e a partir daí já se dá um tratamento negativo e uma pressão que temos desde muito novas. Coisas muito simples, que começam de uma forma inocente, mas que ganham proporções muito maiores e que realmente acabam por dar em coisas graves, como doenças e anorexias, problemas de autoestima, depressões”, refere.
 
A Maria Capaz pretende ser uma plataforma de afirmação das mulheres e de discussão da condição feminina. Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues querem colocar a sociedade a debater a questão da igualdade de direitos e deveres da mulher portuguesa.   
 
  Texto: Ricardina Batista; Foto: Zito Colaço e Impala

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