Filho De Carlos Martins
Recebe mensagem de Artur Albarran

Famosos

“O Gustavo vai precisar muito de companhia”

Qui, 24/05/2012 - 23:00

Oito meses depois de ter anunciado, com tristeza, que o filho sofria de aplasia medular, uma doença rara que só pode ser curada com um transplante de medula óssea, Carlos Martins voltou a sorrir ao revelar que foi encontrado um dador totalmente compatível com Gustavo, de três anos. Apesar da alegria, segue-se uma fase complicada. O filho do jogador, de 30 anos, está internado desde dia 17 no Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO), onde foi submetido a sessões intensas de quimioterapia, e ao que tudo indica, no dia 24 será realizado o transplante de medula óssea que vai salvar o menino. Gustavo vai estar internado durante, pelo menos, quatro semanas e o processo que se segue não é fácil. Quem o diz é Artur Albarran, que recentemente foi submetido a um autotransplante de medula óssea no IPO para combater uma leucemia. “É preciso muita força”, começa por dizer. “Ele [Gustavo] vai precisar muito de companhia porque vai estar completamente isolado”, acrescenta. “O mais importante nestas doenças é estar sempre por cima”, defende, enaltecendo a força de vontade das crianças que combatem este tipo de doenças. “As crianças são mais positivas. Quando estive no IPO, comovia-me ao ver crianças. Têm uma ligação à vida mais forte do que os adultos”, conclui Albarran.

O isolamento referido pelo jornalista é explicado detalhadamente por Manuel Abecassis, diretor do Departamento de Hematologia do IPO. “A criança está num quarto individual em que o ar é especialmente tratado, sendo que poderá ter um acompanhante em permanência. O quarto tem uma parede envidraçada que dá para um corredor que circunda o Serviço de Transplantação e que permite o contacto visual com visitantes que se encontrem no exterior, atenuando consideravelmente a sensação de isolamento”, explica.

O acompanhante em permanência referido por Manuel Abecassis será Mónica, a mãe de Gustavo, já que Carlos Martins vai estar ao serviço da Seleção Nacional, que parte no dia 4 de junho para a Polónia, onde irá disputar o Europeu de futebol. “Tenho que arranjar a força que tenho que arranjar. É o meu filho. Pelo meu filho faço tudo e mais alguma coisa e vou onde tenho que ir.” Foi com estas palavras que Carlos Martins explicou onde encontra forças para jogar futebol enquanto o filho está internado. Até à viagem para a Polónia, o jogador tem autorização da Federação Portuguesa de Futebol para se deslocar ao IPO sempre que desejar. Ironia do destino, Paulo Bento já tinha estipulado conceder folga aos jogadores da parte da tarde do dia 23. Este dia corresponde à recolha da medula nos Estados Unidos da América (o dador, cuja identidade permanecerá confidencial, é norte-americano) e será aproveitado para pai e filho estarem juntos antes do transplante, que deverá decorrer no dia seguinte.

Trinta dias depois do transplante será possível começar a medir o sucesso do mesmo. Contudo, até dois anos após a realização do transplante, Gustavo deverá utilizar uma máscara, esperando-se que retome “uma vida normal sem necessidade de medicação dois anos depois do transplante”, conta Nuno Miranda, o médico hematologista que acompanha o caso.

"Temos um menino forte em casa"
Apesar de visivelmente emocionados, Mónica e Carlos Martins não entram em euforias. “Estamos felizes. Quando recebemos a notícia do corpo médico, ficámos muito felizes. Festejámos em casa, mas sabemos que a batalha vai ser dura. Ultrapassámos uma grande barreira, que foi encontrar um dador compatível com o nosso filho”, explica o jogador, que marcou presença numa conferência de Imprensa no IPO no passado dia 14. “Sabemos o que aí vem. Sabemos que vamos passar momentos menos bons, mas acredito que no final vamos estar aqui com o nosso filho para que ele tenha a vida que merece. Acreditamos que seja a cura do nosso filho”, diz, confiante.

Carlos Martins aproveitou ainda a ocasião para revelar que o filho tem tido um comportamento exemplar ao longo dos últimos meses. “Parece que não é nada com ele. Faz tudo o que fazia antes de sabermos que tinha a doença. Nunca tivemos um Gustavo cabisbaixo, triste. Essa foi também a nossa força. Sabemos o filho que temos. Não tenho duvidas de que vai passar isto”, refere. E nem o internamento fez Gustavo perder o sorriso. “Ele pensa que vai para o hotel e perguntou pela piscina”, graceja Carlos Martins. “Ele sabe que tem este problema, mas não sabe qual é o risco da doença. Mas é um menino que não faz birras quando sabe que tem de ser picado, que não causa problemas quando é preciso levantar cedo para ir ao hospital”, enaltece. “Temos um menino forte e grande em casa, e que vai ficar bem”, garante Carlos Martins.

Antes de ser encontrado o dador, o filho do jogador deixou um testemunho na página de Internet da Associação Portuguesa Contra a Leucemia. “Eu sou o Gustavo, tenho três anos, gosto muito de futebol e de camiões”, é a apresentação do menino, que lamenta não poder fazer algumas coisas que costumava fazer. “Agora não posso jogar futebol na rua, não posso correr atrás do meu irmão e tenho de ter muito cuidado com o que faço”, explica, deixando um sonho que, se tudo correr bem, será realizado num futuro próximo. “Quero muito voltar a jogar futebol com o meu pai”, diz.
Por fim, o casal deixa um apelo. “Que todas as pessoas que ainda não sejam dadoras de medula óssea que o façam. Numa simples questão de dar sangue podemos salvar uma vida”, conclui Carlos Martins.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Marco Fonseca, Zito Colaço e Impala

Siga a Revista VIP no Instagram