Letizia
Rainha em 2014

Famosos

Sondagem revela que 62% dos espanhóis desejam que
Juan Carlos abdique e que Felipe seja o novo rei

Qui, 16/01/2014 - 0:00

É um dos dias mais importantes do calendário religioso no país vizinho e, para além de celebrar o Dia de Reis e a cerimónia oficial da Páscua Militar, o dia 6 de janeiro assinalou também a primeira aparição pública do ano de Letizia e Felipe, e a primeira intervenção do rei Juan Carlos fora do Palácio da Zarzuela, desde a sua última operação à anca, no dia 21 de novembro do ano passado.

Apenas um dia depois do aniversário do monarca, que fez 76 anos, e com a sombra das mais recentes sondagens sobre a visão que os espanhóis têm da monarquia, o Dia de Reis tornou-se muito comentado e não pelas melhores razões.

A convicção do povo é que a monarquia em Espanha deve mudar. A aparição ao vivo de Juan Carlos desde a sua operação acabou por confirmar o que muitos temiam: a saúde debilitada de um rei que, para além de se movimentar de muletas, com extrema dificuldade, teve de interromper várias vezes um dos seus mais curtos discursos de sempre para conseguir respirar, para além de se ter equivocado várias vezes – chegando a dizer “família” em vez de “milícia”, num texto onde realçava o “enorme esforço” da guarda civil –, para consternação das entidades oficiais presentes, nomeadamente Mariano Rajoy, o chefe do governo, ou o ministro de Defesa, Pedro Morenés. Contrastando com o pesar provocado pela intervenção real, a rainha Sofia parecia estar bastante descontraída e causou surpresa por ter uma manicura muito diferente da imagem de sobriedade habitual.

As unhas de gel, pintadas de vermelho, com pequenas aplicações brancas alusivas ao período festivo, fizeram mesmo sorrir Letizia, que indicou a original manicura ao marido, Felipe, enquanto o rei se mantinha extremamente sério e com dificuldade em disfarçar o ar cansado.

É que, se 2013 foi várias vezes descrito como o annus horribilis do rei de Espanha, os poucos dias de 2014 não têm sido mais fáceis. No dia em que festejou o seu aniversário, a 5 de janeiro, o rei recebeu como “presente envenenado” os dados da recente sondagem que revela a mais baixa popularidade de sempre da família real – e, sobretudo, dele próprio – e da vontade que os espanhóis têm de o ver abdicar rapidamente a favor do filho.

Pela primeira vez, a maioria dos espanhóis, mais precisamente 50,1%, afirma não se identificar com a monarquia e 62% dos súbditos pedem a abdicação do monarca. Ou seja, ao longo dos últimos 12 meses, e depois do episódio de caça no Botsuana, em abril de 2012, que marcou uma forte descida da empatia que conseguia entre o seu povo, a sua popularidade voltou a baixar nove pontos percentuais.

A detalhada sondagem, composta por 15 perguntas, realizada para o jornal El Mundo entre os dias 28 e 31 de dezembro 2013 – ou seja, depois do seu discurso de Natal – deixa claro que os nuestros hermanos não se deixaram amolecer pelas promessas de “exemplaridade e transparência” que marcaram a mensagem televisiva.

É que 56,2% dos inquiridos têm uma visão “mediana, má ou muito má” do reinado, e 69,4% consideram que Juan Carlos não vai ser capaz de recuperar o “prestígio perdido”. Uma visão muito diferente da simpatia que os espanhóis tinham pelo seu soberano, quando este mediou o processo de democratização de um país que se vergou durante décadas ao franquismo.

Pior: entre os jovens de 18 e 29 anos, 78,5% desejam a abdicação do rei, deixando explícito que, no futuro, Felipe e Letizia são a única forma de garantir a sobrevivência da monarquia em Espanha. Cerca de 66% têm uma “boa ou muito boa” opinião sobre o príncipe – sendo o único que tem os mesmo níveis de popularidade que a sua mãe, a rainha Sofia, que recolhe simpatia por parte de 67% dos inquiridos – e 57% acreditam que o herdeiro do trono poderá recuperar o prestígio da instituição.

Para além disso, 73,3% concordam plenamente com “a presença cada vez mais frequente do príncipe em substituição do rei nos encontros com as autoridades”. Já Letizia é, como sempre, mais polémica: apenas metade dos espanhóis está rendida àquela que, em breve, deverá passar a ser a sua rainha.

Príncipes das Astúrias exemplares
Talvez porque estavam conscientes desta realidade, os príncipes das Astúrias elegeram uma postura bastante sóbria para o primeiro ato do ano. Letizia optou por repetir um vestido comprido de veludo de Felipe Varela, que já usou em várias ocasiões, e Felipe surpreendeu por ter-se despedido, neste início de ano, da barba que ostentava há alguns meses.

Entre sorrisos, tentaram disfarçar a saúde titubeante do rei, que foi tão constrangedora que, no dia seguinte, a casa real sentiu-se obrigada a justificar as dificuldades de leitura com “a fraca iluminação” do local.

Logo a seguir à sua presença oficial, os príncipes das Astúrias continuaram as festividades do dia que, em Espanha, encerra o Natal e é marcado pela troca de presentes. Vestidos de forma mais descontraída, Felipe conduziu o carro familiar com as pequenas infantas, Leonor e Sofia, no banco traseiro, para visitar a família de Letizia, onde as pequenas recebem todos os anos os presentes da família materna.

No dia seguinte, Felipe recebia, ao lado do pai, o ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida, tendo falado, entre outros assuntos, da visita oficial que o casal fará, este ano, ao Japão. A “transição suave”, pensada para o Reino Unido, marca também em Espanha o início do ano que poderá coroar Letizia e Felipe como os novos soberanos da Europa.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Reuters, GTres e Impala

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