Diogo Gago
“Quero ser piloto profissional”

Famosos

Diogo Gago
tem na família
o seu grande apoio.
Aqui com a irmã, Rita,
o pai, António,
e a mãe, Paula

Qui, 18/09/2014 - 23:00

Aos 23 anos, o jovem piloto Diogo Gago é a grande promessa portuguesa no mundo dos ralis. Ainda amador, o atleta algarvio é filho de António Gago, também ele piloto, e tem o sonho de um dia chegar à categoria profissional. Tarefa difícil, que passa obrigatoriamente pela internacionalização, já iniciada num dos mais competitivos troféus europeus, a 208 Rally Cup.

Diogo, que foi considerado o piloto revelação de 2013, vai tornar-se, em breve, o primeiro piloto português de todas as categorias a entrar na FIA Young Driver Excellence Academy, importante escola de formação de jovens pilotos que faz parte do FIA Institute, que tutela o desporto automóvel mundial. Numa entrevista dada à VIP, Diogo Gago fala dos seus sonhos e revela que a família é o grande apoio “nos bons e nos maus momentos”.

VIP – Como é que começou o seu gosto pelos ralis? Foi influenciado pelo seu pai, também ele piloto?
Diogo Gago –
Comecei nos kartings com três anos, assim que o meu pai me ofereceu o baby kart. A partir daí tem sido sempre em ascensão. Em 2004, iniciei-me no Campeonato Nacional de Kartings e depois foi até tirar a carta para começar a fazer ralis. Desde aí, passo a passo, tenho vindo a conquistar alguns troféus. O gosto pelas corridas começou desde que nasci, acho que já vinha com essa paixão. Nunca fui de bola, gostava mais de brincar com carros. Segui os passos do meu pai, que também foi piloto de ralis e campeão nacional em 2001.

Fale-me dos troféus mais importantes que já conquistou.
Para a carreira de um jovem todos os troféus alcançados são importantes, mas o primeiro, sem dúvida, no segundo ano de carreira, foi muito gratificante. Depois no terceiro ano também conquistei um troféu mono marcas já mais competitivo. No ano passado ingressámos em campeonatos internacionais e com isso as coisas dificultaram-se, mas temos vindo a aprender bastante e, se assim continuarmos, estamos no bom caminho para conquistar mais vitórias.

Além do campeonato nacional, que provas internacionais está a disputar esta temporada?
Neste momento estou a disputar o 208 Ralli Cup em França, no qual no ano passado conquistei o quinto lugar. Atualmente é o troféu mais competitivo da Europa. Também estou a ingressar na Copa Suzuki em Espanha. Este é um troféu complicado com muitos pilotos bons em prova, mas isso faz com que aprenda.

O seu pai é o seu maior conselheiro. Ele usa a experiência dele para lhe dar conselhos?
Não. Ele sabe que as coisas mudaram. Tem-me rodeado das pessoas certas e isso é que conta. Ele apoia-me nos bons e nos maus momentos e tem feito tudo com bastante garra.

Como é que a sua família reage nos momentos que antecedem as competições?
O meu pai acompanha-me sempre em todas as corridas. O trabalho que o meu pai tem estado a fazer comigo é bastante importante. Ele tem estado a fazer aquilo que ninguém fez com um piloto em Portugal e isso é de salientar, a vontade que ele tem de fazer de mim um bom piloto. Nos tempos que correm, o mais importante é os apoios monetários, os patrocinadores, e é nisso que estamos a lutar, mas está muito difícil. Agora a minha irmã e a minha mãe não estão tão presentes nas competições, mas estão sempre disponíveis para trocarmos ideias e falarmos daquilo que se passa. Tenho uma relação muito cúmplice com a minha irmã. Sei praticamente tudo sobre a vida dela e ela sabe da minha. Além da minha mãe e da minha irmã, recebo apoio do resto da família. Os avós também me apoiam bastante.

Qual é o seu maior sonho de carreira?
Atualmente os meus sonhos estão muito alargados. Em equipa, temos estado a investir no futuro, com o objetivo de um dia chegarmos ao Campeonato Mundial.

Tem tempo para relaxar, estar com os amigos ou está sempre em provas e em treinos?
Este ano tem sido bastante complicado. Por mês passo duas semanas fora de Portugal ou fora de casa, e isso não ajuda ao resto. Mas para aquilo que pretendo é importante trabalhar para alcançar os objetivos. Eu quero ser piloto de ralis profissional.

A sociedade interessa-se por este tipo de desporto?
Uma parte interessa-se, mas este é um desporto de custos elevados e isso não ajuda por si só aos patrocínios. Estamos a tentar montar um projeto para o próximo ano para conseguir os apoios necessários.

Já teve algum momento em que não tenha conseguido conter as lágrimas?
Já fui às lágrimas. Foi este ano, e foram lágrimas do ponto de vista negativo. Mas também já tive lágrimas de felicidade. O carro que temos estado a utilizar para o Campeonato Nacional tem dado alguns problemas. Sabemos que temos capacidade para conquistar as vitórias, mas o carro não tem ajudado. Numa prova que sabia que era importante para abrir as contas do campeonato, o carro voltou a falhar e isso deixou-me bastante triste e a meio do troço comecei a chorar. Faz parte, temos de saber aceitar essas derrotas e ir à procura de vitórias.  

O Diogo foi considerado o Piloto Revelação do ano passado…  
Sim. Conquistei o prémio Piloto Revelação de 2013 pela revista AutoHoje. É um prémio com bastante significado. Entre inúmeros pilotos portugueses ter o privilégio de ter recebido este prémio foi bastante importante para mim.

Acha que esta distinção vai abrir-lhe outras portas?
Estou disposto a tentar abrir todas as portas que me surgirem pelo caminho. Tenho uma ambição muito grande em ser um piloto profissional e juntamente com aqueles que trabalham comigo – o meu navegador, o meu diretor de equipa, os patrocinadores – estamos dispostos a lutar por tudo. Para se ser piloto profissional ainda são precisos muitos passos. Temos de estar numa equipa oficial e isso é coisa que em Portugal não existe. E ser piloto oficial de uma equipa estrangeira é muito mais difícil.

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Ricardo Sousa Costa

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