Mateus Prieto
“Quero ser o número um do toureio equestre”

Famosos

Qui, 03/05/2012 - 23:00

Apesar de ser muito jovem, Mateus Prieto revela uma grande maturidade, dentro e fora de praça. O cavaleiro recebeu a VIP na sua casa em Almeirim e contou-nos as dificuldades que tem enfrentado para conseguir impor-se no mundo dos toiros. Ambicioso, o sobrinho de Margarida Prieto não esconde o desejo de, um dia, ser apresentador de televisão.

VIP – Tem 19 anos e é já um nome conhecido no mundo taurino. Com que idade começou?
Mateus Prieto – Comecei a montar a cavalo aos cinco anos, mas não sonhava entrar em praça. Fazia provas de obstáculos, tal como faz ainda o meu irmão Mário. Aos 14 anos experimentei tourear e fiquei logo com o vício. Comecei a treinar diariamente e apresentei-me em praça em 2008.

Não “herdou” uma atividade de família como acontece muito neste meio. Como se apaixonou por esta profissão?
Realmente não venho de nenhuma dinastia deste meio, mas a minha família sempre foi muito aficionada aos toiros e eu próprio, desde muito pequeno, gosto de corridas. Como já montava a cavalo, só tive de perceber que o que queria – e quero mesmo – era ser cavaleiro tauromáquico e chegar o mais longe possível. Acredito que viver em Santarém tenha sido uma grande ajuda, pois é uma zona de grande aficion.

Essa falta de tradição familiar não lhe criou mais dificuldades em começar?
Não, mas por vezes acontece termos valor e capacidades para andar para a frente e sermos postos de parte para dar entrada aos “filhos ou netos de…”. Na minha opinião, isso ainda nos dá mais vontade para trabalhar e mostrar que merecemos oportunidades.

Seria mais fácil se tivesse essa tradição familiar…
Se me dessem a escolher entre ser ou não de uma dinastia, a minha escolha seria não ser e levar o caminho que estou a levar. Saber que me querem “cortar as pernas” e que, muitas vezes, não sou bem visto neste meio pelos ditos aficionados… Dá-me prazer entrar em praça e “dar um banho de água fria” a algumas pessoas. Em suma, estou muito contente com o meu caminho. Acho que começam a ganhar respeito ao toureiro que sou, pois já dei algumas provas de que posso vir a ser um nome a ter em conta, porque cada vez que entro em praça o meu objetivo é que percebam que também “estou ali”.

Não gosta de ver os touros antes das corridas. Tem mais superstições?
Sim, nunca vou aos sorteios ver os toiros, não corto o cabelo nem à terça nem à sexta, não coloco nunca o meu tricórnio em cima da cama e, quando saio do quarto para ir para a praça, deixo sempre a luz acesa.

Como é um dia normal de trabalho?
O meu dia é montar desde bem cedo, quando acordo, até ao final do dia. É uma rotina que não passa disto. Já tive de abdicar de muitas coisas para não mudar o meu rumo, como saídas com amigos e férias, que não existem.

Consegue conciliar com os estudos?
Bastante bem porque mudei para o horário pós-laboral.

Que curso gostava de tirar?
Comunicação Social. É uma área de que gosto muito e um dos meus sonhos é vir a ser apresentador televisivo.

Qual a última coisa que faz antes de dar início a uma lide?
A última coisa que faço antes do toiro sair à praça é benzer-me e pedir ajuda a Deus.

Apesar de já tourear há algum tempo, ainda não tirou a alternativa. Porquê?
Ainda não tirei a alternativa porque é um passo bastante grande na vida de um toureiro. É o dia em que um toureiro passa a ser profissional e portanto tem de estar completamente preparado para isso.

Aguarda com ansiedade esse dia?
Sim, porque é o realizar de um sonho. Na minha opinião, já estou preparado e tenho a minha cabeça organizada para viver esse dia, que deverá acontecer logo no início da temporada de 2013. Por agora, estou altamente concentrado na temporada que se avizinha e para a minha abertura de época em Portugal, numa importante corrida, no dia 13 de maio, em Salvaterra de Magos.

Alguma vez desejou ser outra coisa?
Sim, já tive vários sonhos desde criança. Já quis ser jogador de futebol, cozinheiro, entre outros, mas como homem só tenho o sonho de ser toureiro e gostava de conciliar com o mundo da televisão, se for possível.

Os seus pais apoiaram-no desde início?
Sem dúvida, não só na minha carreira de cavaleiro como em tudo o que faço na vida.

Sei que o seu pai trabalha em Angola. Como acompanha o seu percurso?
Acompanha através do telemóvel e da Internet. Quando estou a tourear, alguém presente na praça vai transmitindo a corrida.

Sente algum receio em praça ou a adrenalina supera tudo?
Sinceramente, não sei bem o que sinto… Sem dúvida alguma, respeito pelo toiro, depois a adrenalina do momento faz-me esquecer o resto.

É sobrinho da Margarida Prieto. A sua tia incentivou-o?
Sim, a minha tia, como grande aficionada que é, apoia-me bastante, tal como todos os elementos da nossa família.

Mais do que noutras profissões, é necessário um grande investimento financeiro. Os seus pais são os seus principais “patrocinadores”?
Sim, realmente ao início é necessário algum investimento para nos apresentarmos com categoria e para conseguirmos evoluir, tentando, depois, conseguir o retorno desse investimento. Os meus pais são, sem dúvida, as únicas pessoas a quem o devo e a quem estou muito grato.

Sente que a crise já chegou ao meio taurino?
Nota-se bastante a crise em todos os meios e o taurino não é exceção. Neste momento, é bastante difícil viver da tauromaquia, e também é complicado para os empresários que gerem as praças, porque não é fácil para o público comprar bilhetes.

Até onde gostava de chegar?
Quero vir a ser o número um do toureio equestre.

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho, com produtos Maybelline e L'Oréal Profissionnel; Produção: Elisabete Guerreiro

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