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“Preciso de estímulos para me sentir viva”

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SOFIA APARÍCIO é protagonista de “E o Tempo Passa”, que estreou a 10 de Março
Começou a fotografar quando tinha 13 anos e aos 15 já desfilava. Para tentar satisfazer a ideia da necessidade de uma vida estável, ainda se inscreveu no curso de Gestão de Empresas, mas rapidamente se apercebeu que não tinha nascido para estar atrás de uma secretária a cumprir horários.

Sex, 11/03/2011 - 0:00

 Começou a fotografar quando tinha 13 anos e aos 15 já desfilava. Para tentar satisfazer a ideia da
necessidade de uma vida estável, ainda se inscreveu no curso de Gestão de Empresas, mas rapidamente se apercebeu que não tinha nascido para estar atrás de uma secretária a cumprir horários.

Sofia Aparício decidiu seguir a carreira que surgiu na sua vida por acaso e tornou-se talvez a mais camaleónica manequim portuguesa.

Agora, aos 40 anos, espera que o seu futuro passe pela representação e, de preferência, por milhentas outras experiências. Depois de regressar de vários meses passados em Angola, onde abriu o Wine Bar do jornal Sol, estreia no próximo dia 10 de Março E o Tempo Passa, o novo filme de Alberto Seixas Santos.

Nele, Sofia Aparício éTeresa, uma actriz de novela que começa a questionar a sua vida quando regressa o "príncipe encantado" do seu passado. A procura da felicidade é uma constante deste novo personagem, que Sofia abraçou com a paixão que a caracteriza.

VIP – Antes de mais, qual o balanço que faz deste novo projecto?
Sofia Aparício – Deu-me imenso gozo, mas acho que todos os projectos em que me envolvo acabam por me dar gozo, porque só me envolvo em projectos que me chamem a atenção. E foi o que aconteceu mais uma vez.

E o que é que chamou a sua atenção, neste caso específico?
Foi o facto de ser um projecto de Alberto Seixas Santos. Eu conheci o Alberto quando fiz uma participação num filme dele intitulado Mal e a partir daí nunca mais nos largámos. Ele teve a generosidade de olhar para mim de uma forma um pouco mais profunda para além da superfície e ficámos amigos. O Alberto é daquelas pessoas que quando temos o privilégio de as ter nas nossas vidas, temos de aproveitar ao máximo. Eu aprendo imenso com ele, mesmo que não estejamos a trabalhar, portanto quando ele me apresentou este projecto claro que aproveitei.
No filme interpreta uma actriz e os últimos projectos da sua vida parecem apontar nesse sentido.

Olha para esta nova carreira, que não foi a sua primeira opção, como o seu futuro?
Claro. A primeira vez que representei foi na peça de teatro Dama das Camélias, tinha 27 anos. Estou com 40, portanto, já não é propriamente uma "nova carreira", mas ao longo dos anos fui fazendo coisas que me pareciam interessantes. Se isto vai ser o meu futuro? Espero que sim, mas de qualquer modo acho que posso fazer muitas coisas pelo caminho. Tudo o que faço, todas as experiências que tenho, fazem-me crescer como actriz. Estar em África, a montar um negócio, parece não ter nada a ver, mas é uma experiência tão intensa que acho que tudo isso me ajuda a dar mais cor aos papéis, às emoções.

Como foi a experiência em África, a montar o Wine Bar do jornal Sol?
Fui com contrato só para montar o negócio e regressar, para criar o cyber café do zero, mas era só isso. Trabalhar num sítio das nove às cinco não é para mim.

Gosta de arriscar, até mesmo em aventuras que não são propriamente a sua área?
Sim. Claro que não trabalhei das nove às cinco, trabalhei as horas que eram precisas para montar as coisas de raiz. Eu costumo dizer que sou uma mercenária com princípios, porque tenho princípios, sou honesta, mas gosto de arriscar. Se é preciso fazer uma floresta no Sahara, não sei como vou fazer, mas vou.

Esta ida para África foi também um regresso às suas raízes?
Sim, o meu pai é de lá e África deixou de ser um nome e passou a ser um adjectivo. Por que é que eu gostei? Porque é África, e adoro África. Simplesmente. É completamente diferente trabalhar em Angola, numa cidade como Luanda, ou em Portugal, há várias dificuldades, mas é muito compensador. Lá, sinto-me viva todos os dias, todos os segundos, porque é tudo tão intenso! É um país novo, fazem falta algumas competências, mas eu acho que já fizeram muito. Se calhar também é porque tenho um amor enorme pelo meu pai, acho que também passa por aí, porque ele também adora aquela terra.

O que se imagina a fazer nos próximos anos?
Eu imagino-me a fazer imensas coisas em imensas partes do Mundo. Gosto de desafios. Quando as coisas começam a ficar demasiado seguras, ou a entrar naquela rotina, deixo de me sentir estimulada e eu preciso de estímulos para me sentir viva.

Voltando ao filme, a Teresa começa a questionar as opções que fez ao longo da vida, por causa de um amor que surge do passado. Já lhe aconteceu questionar os caminhos pelos quais decidiu enveredar?
A Teresa é uma mulher que, por muito que a vida dela pareça perfeita para o exterior, ela sente um vazio muito grande e a vinda do seu ex-namorado, do príncipe, faz com que toda a história se baseie na procura do preenchimento desse vazio.

E a Sofia, sente alguma vez esse vazio?
Pontualmente. Acho que nunca nada me chega e por isso é que representar é tão compensador para mim. Posso experimentar sensações e viver vidas que não são a minha e isso dá muito mais cor à minha vida. Não conseguia fazer a mesma coisa a vida toda. O Mundo é tão grande, há demasiado para fazer. Não quero ficar parada em lado nenhum.

Foi por isso também que começou a trabalhar tão jovem?
Comecei a trabalhar muito jovem porque sou muito independente, foi-me dada a hipótese de ser manequim e correu bem. Os meus pais, obviamente, não acharam boa ideia, porque são bons pais, mas souberam respeitar.

Tem uma ligação muito intensa com os seus pais, já disse que tem um enorme amor pelo seu pai…
Sim, acho que eles são a maior sorte que eu tive na vida, deram-me as bases para eu saber lidar com tudo o que acontece ao longo da vida. Só tenho palavras de admiração, de amor e de carinho para eles e tenho uma adoração enorme pelo meu pai e pela minha mãe.

Isso não lhe dá vontade de ser mãe, de transmitir esse sentimento a outro ser humano?
Não sei. Eu não acho que este mundo seja uma coisa assim tão boa que eu tenha tanta urgência de trazer a ele outro ser e não acho o ser humano assim tão competente. Não estou com isto a dizer que acho mal as pessoas terem filhos, não acho é assim tão mal se eu não tiver. Não tenho essa urgência. Eu tenho uma afilhada e uma turma das quais sou madrinha em Moçambique, através da associação Helpo e é preciso tão pouco para contribuir, para dar oportunidade a essas crianças. Se eu puder fazer isso, já me sinto melhor e já sinto essa necessidade satisfeita.

E não existe um príncipe na sua vida, tal como na vida de Teresa?
Como ela própria diz no filme, "não acredito no príncipe encantado".

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correia

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