Vítor Ribeiro
“percebi que a ‘afición’ sentia a minha falta”

Famosos

Na semana em que volta ao toureio, Vítor Ribeiro falou das saudades de estar em praça

Qui, 23/05/2013 - 23:00

Esteve uma temporada parado, mas nunca deixou de ir à praça ver corridas de touros. Durante este tempo, Vítor Ribeiro dedicou-se a preparar o seu regresso que acontece hoje, na Moita. A apoiar o cavaleiro estará, como sempre, a mulher, a mexicana Eleni Ribeiro, e as duas filhas do casal, Sara, de cinco anos, e Maria, de nove meses. “A ansiedade de voltar a tourear é diária”, garantiu.

VIP – Esteve retirado das arenas a temporada de 2012. Por que parou?
Vítor Ribeiro – Senti necessidade de parar um ano, porque tinha como projeto voltar onde comecei. Voltar a casa, aqui a este espaço, ter uma coisa nossa, familiar, para que possa reunir condições para voltar a tourear, que foi o que sempre gostei de fazer e é o que mais quero.

Um ano bastou para reunir as condições que pretende?
Sim. É um projeto novo, apostámos na exclusividade com uma empresa e julgo ser uma boa aposta. Além disso tenho uma quadra de cavalos renovada, toda praticamente nova. É um risco, mas um objetivo que me propus.

Qual é a empresa?
É uma empresa de pessoas que, independentemente de tudo aquilo que por vezes existe entre empresários, apoderados, toureiros, sempre me contratou, que é a Campo e Praça.

Custou muito estar este tempo parado?
Um bocadinho. Há sempre aquela saudade do público, do aficionado, mas por outro lado senti o carinho que o público tem por mim. Apercebi-me bastante disso e também me fez bem.

Muita gente pediu-lhe que voltasse?
Graças a Deus! Muitos aficionados, amigos e muito miúdos. Isso também me fez apressar um bocadinho o meu regresso, porque senti que as pessoas gostavam de me ver tourear e sentiam a minha falta.

Hoje tem a primeira corrida na Praça de Touros da Moita. Tem algum receio adicional por ter estado parado um ano?
Há sempre receio, é sempre uma vida de risco, mas a ansiedade de voltar a tourear é diária. Tenho tido um apoio familiar bastante grande, e também das pessoas que trabalham comigo diariamente e isso é muito importante. Os bastidores de um toureiro são fundamentais para que tudo corra bem.

Está muito ansioso?
Um bocadinho (risos). É uma praça pela qual tenho um carinho especial, tirei lá a alternativa, tem-me dado bastante ao longo da minha carreira, portanto é normal.

Tem saudades de estar numa praça?
Muitas, e de não defraudar o público. Tenho saudades, sim!

Já tem mais datas?
Com esta exclusiva que fiz tenho 15 corridas asseguradas. Julgo que depois da Moita será em Évora.

E o Campo Pequeno?
É uma das praças que não faz parte da empresa à qual estou ligado, mas é uma praça onde adoro tourear. Fui o primeiro toureiro a sair em ombros do renovado Campo Pequeno… Gostava imenso de lá voltar a tourear, este ano se possível.

Este último ano dedicou-se apenas a preparar o seu regresso?
Sim. A preparar os cavalos – são um grupo de cinco ou seis cavalos novos que dão algum trabalho e é uma coisa diária, muitas horas. Tudo para que chegue ao dia e esteja tudo 100 por cento. Mas tenho muita esperanças nestes cavalos, são quase todos lusitanos, muito bonitos.

Durante este tempo foi muitas vezes a uma praça de touros ver corridas?
Sempre. É bom, mais tranquilo estar do lado de cá. Acentuei o relacionamento com colegas, porque, por vezes, quando estamos no ativo, não conseguimos.

A última vez que falámos não era pai. Desde que é, mudou a sua atitude perante o touro?
Não. É uma profissão de risco, quando olho para as minhas filhas penso nisso. Começo a notar na minha filha mais velha, a Sara, um certo receio, mas temos que estar preparados para essas situações e, nesse momento, só penso fazer o meu melhor. Também faço isto por elas porque lhes quero dar o melhor e gostava que um dia vissem que o pai é uma pessoa que trabalha bastante, que gosta da profissão que abraçou e que quer estar sempre na linha da frente.

A Sara já mostra desenvoltura em cima do cavalo. Gostava que ela fosse cavaleira?
Não gostava! Gostava que aprendesse a montar bem a cavalo, que fosse uma boa cavaleira, fizesse dressage, saltos. Tudo o que não tenha um touro à frente dela, para mim, é mais interessante (risos). Como tem aqui todas as condições, gostava que as duas, se quisessem, aprendessem a andar bem a cavalo.

Tourear não…
Não! Porque é perigoso, é preciso uma dedicação enorme e é uma profissão de risco. Admiro bastante os meus colegas que têm os filhos dentro da praça, reparo sempre no sofrimento deles quando os filhos estão a tourear. Não gostaria de passar por isso.

Eleni Ribeiro – Também não gostava. Há muitas coisas que elas podem fazer e a Sara já se apercebeu do perigo que é, até porque viu o pai a escorregar com o cavalo e apercebeu-se do perigo. É muito esperta e já percebeu que se pode magoar.

Como fica quando o Vítor está em praça?
ER – É um bocadinho enervante. No último ano que toureou, como tenho muita confiança nele e nos cavalos, sabia que iam responder ao que ele queria. Este ano é um bocadinho diferente porque a quadra é nova e ele ainda não toureou um touro, ainda não esteve numa praça, portanto a primeira corrida vai ser mais difícil.

Mas assiste sempre?
ER – Sempre! Vou atrás dele para onde for.

Sente mais peso por elas assistirem?
VR – É sempre bom estarem ao meu lado. A Sara tinha cinco meses a primeira vez que me foi ver tourear. A Maria vai assistir à primeira corrida, agora na Moita.

Sempre esteve ligado ao mundo dos cavalos. Era incontornável ter esta profissão?
VR – Percebi muito cedo que gostava de cavalos e, à medida que os anos foram passando, comecei a ir ver corridas e a pedir ao meu pai que me pudesse proporcionar e ensinar o mais possível para poder tourear a cavalo. Graças a Deus, sempre me apoiaram.

Como é a Sara?
ER – Fisicamente é muito parecida comigo, de feitio é muito determinada, quando mete uma coisa na cabeça. É muito meiga com a irmã, ajuda muito, dá banho, o jantar e tem uma “pancada” enorme pelo pai. A Maria é muito mais tranquila, um anjinho, muito sossegada.

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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