Américo Tavar
Partilha momentos em família

Famosos

O estilista e Cecília Sousa estão juntos
há dez anos e são pais de duas meninas

Qui, 05/09/2013 - 23:00

Pais de duas meninas, Sofia, de três anos, e Alexandra, de quatro, Américo Tavar, de 46 anos, e Cecília Sousa, 27, a quem o estilista chama carinhosamente Sissi, gostavam de aumentar a família e de ter um rapaz. Estão juntos há dez anos, mas trocar alianças não faz parte dos planos do casal. O criador recorda ainda à VIP o seu percurso profissional de 28 anos.

VIP – Em criança sonhava ser astronauta, mas foi à moda que acabou por dedicar a sua vida. Como é que aconteceu?
Américo Tavar – Na minha geração, quando éramos miúdos, sonhávamos ser astronautas ou pilotos de aviões. Nessa altura, havia uma série de filmes de ficção científica, deu-se a chegada do homem à Lua, a indústria aeroespacial era fascinante e isso fazia, penso eu, parte do imaginário de qualquer criança. Como é que passei de uma coisa para a outra? Fui deixando de ser criança (risos). Depois, deu-se uma evolução natural. Na moda consegue-se com alguma facilidade concretizar ideias, fazer muito experimentalismo com um custo relativamente baixo e isso dá-nos uma liberdade enorme em termos de criação.

Enquanto designer, dou muita importância à forma e à função. À criação tem de estar aliado o conforto, a “vestibilidade”, durabilidade e manuseamento. Na sua família, foi pioneiro na área da moda. Como é que reagiram?
AT – Numa primeira fase não reagiram muito bem, porque interrompi os estudos por causa disto. Comecei a trabalhar muito cedo – tinha 17 anos quando criei as primeiras peças. Com o decorrer do tempo, tornou-se pacífico. E já lá vão 28 anos desde que lançou a primeira coleção.

Como olha para o seu percurso?
AT – Há muitas coisas que eu faria de maneira diferente se voltasse atrás, mas não me arrependo de nada do que fiz e das direções que tomei. Foram sempre coisas que me deram bastante gozo. É algo que valorizo muito e não dou o meu tempo por mal empregue.

Tem uma rede de 12 lojas e a marca está em internacionalizar-se.
AT – Em Luanda, abrimos o nosso showroom e a nossa filial. Já temos uma rede de clientes multimarcas criada e estamos a dinamizá-la. A loja de Luanda só estará aberta no fim de outubro e foi um projeto que deu algum trabalho; é preciso ultrapassar muita burocracia. Não vou abrir mais lojas em A ngola, será apenas uma loja-bandeira.

Onde vai buscar a sua inspiração?
AT – À Natureza e a tudo o que nos rodeia. S ão uma fonte inesgotável de inspiração. Quando observamos uma montanha, a erosão, o vento e as formas que produz, o mar, as ondas… Gosto de me isolar e sentir o pequenino que somos, comparado com a Natureza. Deixa-me tranquilo.

A tranquilidade de Santarém, região onde vive, ajuda-o no processo criativo?
AT – Quando se passa a vida a viajar, a contactar com culturas e hábitos diferentes… Para se criar tem de se ser um observador exímio e eu tento aproveitar tudo o que há de bom em cada sítio. Para poder produzir coisas a partir daí é preciso estar tranquilo e S antarém tem essa vantagem.

Está ao pé da grande cidade, mas oferece a tranquilidade do campo e o isolamento. A sua mulher costuma dar-lhe opiniões?
AT – Sim, bastantes. A Sissi é mais nova do que eu, tem outras vivências e perspetivas sobre as coisas. Tem opiniões que eu acho interessantes porque me colocam noutra perspetiva acerca da mesma coisa.

Sissi – Acho importante dar a minha opinião, porque sou mulher e a maior parte da roupa que ele faz é feminina.

O Américo gostava que as suas filhas pudessem continuar o seu legado?
AT – Vai depender da sensibilidade delas. Acho um erro os pais tentarem que os filhos façam o que eles faziam. Mas não é um impedimento. Se elas, por conviverem neste meio, o acharem atrativo e interessante e que podem sentir-se realizadas nesta atividade, ficaria muito contente.

Tendo duas filhas, já pensou em lançar uma linha de roupa para criança?
AT – É um desafio interessante, pode vir a acontecer, mas ainda não consegui. Para poder fazer isso tenho de conseguir que a roupa de homem e mulher me libertem tempo. Mas gostava.

E de que maneira consegue reservar tempo para a família?
AT – É uma imposição. A minha rotina alterou-se com a chegada das meninas. Sair à noite, restaurantes, ir a um bar… A partir de uma determinada hora, é preciso tomar conta delas, dar-lhes banho… Atualmente, às 11 da noite quero é ir dormir, porque, no outro dia, já está tudo acordado às sete da manhã. Mas não estou nada triste com isso. Continuo a ter de viajar muito e isso hoje é um sacrifício enorme. Ao fim de dois ou três dias já estou cheio de saudades delas.

Nos dias menos bons elas conseguem arrancar- lhe sempre um sorriso…
AT – Sempre. Mesmo depois de uma repreensão, elas arranjam sempre maneira de emendar a situação e porem-me a rir com uma palhaçada. São exímias nisso.

O Américo e a Sissi trabalham juntos. É fácil separar a relação pessoal da profissional?
S – O principal é respeitarmo-nos um ao outro e em relação ao trabalho é exatamente a mesma coisa. Ele é o estilista e eu só dou as minhas ideias.

É fácil trabalhar com o Américo?
S – Acho que todas as pessoas com quem é fácil de trabalhar não trabalham muito bem, por isso… (risos). Às vezes é exigente, outras vezes não. Depende do trabalho.

AT – A minha vida profissional esteve sempre misturada com a minha vida pessoal, é muito difícil separar. Os meus amigos, ou as pessoas com quem convivo, acabam sempre por estar, de alguma maneira, ligadas ao meu trabalho. Para mim, não se separam, estão em sintonia. As meninas são fisicamente parecidas consigo.

Também têm a sua personalidade?
AT – Ainda são muito novas para se perceber isso. A mais pequena é mais rebelde… Têm personalidades completamente diferentes. A Alexandra foi uma bebé maravilhosa, não chorava e se isso acontecesse, dávamos-lhe a chucha e ela sossegava. A Sofia cuspia a chucha, só por aí já estamos a ver a diferença de carácter. Mas é meiguinha.

Gostavam de poder aumentar a família e, quem sabe, terem um menino?
AT – Pode vir a ser uma ideia (risos). Era engraçado termos mais uma criança. Se for um menino, melhor, já temos duas meninas.

S – Sempre quisemos um rapaz, acho que podíamos tentar. Se não for à terceira é à quarta… (risos)

Acham que são pais-galinha?
AT – Eu não tento pôr as miúdas numa redoma de vidro. Não fui criado assim, os meus pais e avós tentaram transmitir-me, desde pequenino, princípios e formação para eu aprender a lidar com o meio que me rodeia e acho que é isso que tenho de fazer com elas. Faço questão de transmitir-lhes informação sobre o que as rodeia e a forma como devem proteger- se. Elas têm de aprender a sobreviver neste mundo. Claro que me preocupo bastante com elas, mas tento que saibam lidar com as coisas.

S – Eu vejo muito as probabilidades. Qual é a probabilidade delas caírem em determinado sítio ou de se sujarem. Acho que, para qualquer mãe, a palavra probabilidade existe sempre.

E de que forma é que o Américo e a Sissi se complementam? O que sentem que acrescentam à vida um do outro?
S – O sentido de humor.

AT – Acho que isso temos os dois. Eu, provavelmente, acrescento à Sissi mais alguma experiência e vivência sobre determinadas coisas, sou mais velho. Ela a mim acrescenta-me alguma frescura e outra maneira de olhar as coisas, que, se calhar, já tinha perdido. É algo que se equilibra.

Qual é o segredo desta união de dez anos?
AT – Quando penso nisso, parece que foi ontem. É porque continua a ser bom.

S – Temos sempre momentos novos e é isso que eu acho que é preciso numa relação. É não entrar na monotonia.

Reparei que não têm aliança de casamento. Isso significa que ainda pensam em casar?
S – Não é um objetivo. Acho que o casamento, pelo menos na minha geração, já não é aquela modinha de ir para a igreja com os convidados. Nunca tive esse sonho.

AT – Não dou importância nenhuma. Já fui casado, não religiosamente. Não vejo essa necessidade e a Sissi também não. As nossas filhas não pedem, elas não percebem bem o que é isso.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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