Chama-se Ana Luísa Vaz. É portuguesa. Enfermeira. E igual a tantas outras raparigas de apenas 26 anos. Assim é Ana Luísa Vaz, uma doente crónica, diabética há 15 anos. Mas será que a doença é uma limitação? Nada disso! Ana Luísa Vaz foi a primeira portuguesa a participar na mítica maratona Medtronic Twin Cities, nos Estados Unidos da América, uma corrida apenas acessível a “heróis globais” que vivem com dispositivos médicos. A jovem portuguesa fez aquilo de que tanto gosta. Correu. E, por acaso, até foi a melhor mulher em prova. Mas nesta corrida isso não importa para nada. A VIP dá-lhe a conhecer esta simpática enfermeira de sorriso fácil, que espera inspirar muitas pessoas.
VIP – Como correu esta aventura?
Ana Luísa Vaz – Não foi a minha primeira maratona. Esta surge no programa Global Heroes, que seleciona 25 pessoas que são vistas como heróis a nível mundial e que têm um dispositivo médico. Foi uma experiência única. E já comecei a treinar para outra (risos), que será em abril, em Paris.
É uma corrida completamente diferente, onde a vitória é relegada para segundo plano…
Sim. O objetivo é a promoção do espírito de equipa e a partilha de experiências.
Foi a primeira portuguesa a participar neste evento. É ainda mais especial?
Tinha muita pressão (risos). Foi uma aprendizagem. Chegar e ser reconhecida por isso é bom.
Revê-se no papel de heroína?
Antes de ser selecionada tive de preencher um questionário e tinha que pedir a pessoas que me recomendassem como heroína (risos). Não sou uma heroína. Todas as pessoas são heróis. Os heróis são aqueles que não desistem, que persistem, que continuam e que fazem aquilo de que gostam. Limitei-me a fazer aquilo que gosto, que é correr.
Estava à espera de ver o seu feito transformado numa notícia bastante difundida?
Não, mas o meu objetivo é chegar a mais pessoas e esta divulgação tem permitido isso mesmo. Acaba por ser muito gratificante para mim.
É diabética (tipo 1) há 15 anos. Muitas pessoas pensam que isso significa que não se pode fazer desporto…
Exatamente. Este tipo de iniciativas surge para desmistificar a doença e essa imagem de que as pessoas com doenças crónicas não podem praticar desporto. Quando as pessoas querem e quando existe uma otimização da doença, consegue-se. Não há nada que nos impeça.
Gostava de criar eventos do género em Portugal, de modo a inspirar mais pessoas?
Acho que sim. Sei como é importante a aceitação da doença. Se nós vivermos bem com a doença, teremos consequências melhores.
Fica conhecida através de uma corrida. É a sua grande paixão?
Só comecei a correr há quatro anos. Treino diariamente, duas vezes por dia. A maratona tornou- se uma paixão, um vício e um desafio.
É enfermeira e está ligada profissionalmente à sua doença. Foi uma coisa que levou à outra?
Provavelmente (risos). É uma área com que me identifico e onde sinto que tenho algo a fazer. Acaba por estar tudo interligado.
O que gosta de fazer além de correr?
Viajar de bicicleta. Habitualmente, as minhas férias são feitas a viajar de bicicleta. Malas, bicicletas e aí vamos nós conhecer países.
Quais os seus maiores sonhos?
Dar a volta ao mundo de bicicleta. Gostava de ir à Índia. Gostava de correr uma maratona por ano. E como qualquer rapariga da minha idade, gostava de casar e constituir família.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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