Filomena Cardinali
“O último ano e meio foi complicado”, diz FILOMENA CARDINALI

Famosos

Directora do Teatro Armando Cortez encontrou a serenidade depois de ter sofrido um AVC
Numa conversa franca e bem-disposta, Filomena Cardinali mostra-se mãe, mulher, amiga e profissional. Sem pudores fala sobre o amor, sobre o AVC que sofreu e os medos que tem. Diz que se tornou uma pessoa diferente no último ano e meio. Uma pessoa mais feliz.

Qui, 08/04/2010 - 23:00

Numa conversa franca e bem-disposta, Filomena Cardinali mostra-se mãe, mulher, amiga e profissional. Sem pudores fala sobre o amor, sobre o AVC que sofreu e os medos que tem. Diz que se tornou uma pessoa diferente no último ano e meio. Uma pessoa mais feliz, que acredita no amor, que gosta da solidão e que aprendeu que o amanhã também conta.

VIP – Começo por lhe perguntar qual é o segredo de aos 49 anos ter uma forma e uma beleza invejáveis?
Filomena Cardinali – Se há um segredo é mesmo sentir-me bem interiormente. Depois, obviamente, isso faz-me cuidar do meu exterior e isso reflecte-se na minha alegria de viver, de trabalhar, na minha maneira de ser. Talvez tenha chegado agora a uma fase mais serena, em que tenho mais tempo para cuidar de mim. Mas o principal é deitar-me todos os dias muito tranquila, descansada, com a minha consciência tranquila, acordar feliz e agradecer a Deus por mais um dia.

 

Antes de ter sofrido o AVC, a Filomena era uma pessoa extremamente nervosa. Como é que conseguiu atingir a serenidade?
Gosto de ter tudo organizado e portanto sempre trabalhei muito e sempre vivi à pressa. Nesses anos descuidei-me. O último ano e meio foi complicado, mas amadureci, fiquei mais forte, e encontrei um equilíbrio com esse problema de saúde e outras questões que aconteceram. Já não é tudo para hoje. Já consigo esperar por amanhã.

 

Nessas outras questões de que fala engloba o fim da sua relação com Manuel Santos Lima?
Sim. De facto, decidimos acabar o romance porque ele foi trabalhar para o Brasil. Foi uma decisão dolorosa, mas para mim a vida só faz sentido se for partilhada e não dá para fazer isso a quilómetros de distância. Foi difícil, mas cresci muito.

 

 

Na altura disseram que o amor não tinha acabado…
Não tinha, por isso custou ainda mais. Já passou quase um ano e agora estou muito feliz outra vez.

 

 

Está apaixonada?
… pela vida. Pensei que não havia mais felicidade que aquela que vivi com o Manel, porque fui realmente muito feliz com ele. Mas há. Foi um ano complicado, mas eu renasci e estou muito feliz.

 

É uma pessoa romântica?
Sou muito romântica, e de paixões. Mas não me apaixono facilmente. Aliás, tive muito poucos amores na vida. Mas os que vivi foram intensos.

 


Continua a acreditar no amor?
Sim, mas não sinto necessidade de me apaixonar. Vivi muitos anos sozinha e sou feliz assim. Curiosamente, só me apaixono quando estou numa fase em que consigo ser feliz sozinha.

Não tem medo da solidão?
Não. Eu adoro viver sozinha, não tenho nenhum problema com a solidão.
 

 

 

A relação com a filha, e o medo de morrer sem a conseguir educar

 

 


Profissionalmente fez de tudo na vida. É uma mulher que não diz ”não” a um bom desafio?
Pois. Desde os 18 anos que sempre tive vários trabalhos ao mesmo tempo. A verdade é que adoro desafios e como nunca peço opiniões a ninguém…

 


Nem quando era casada? Não pedia opinião ao marido?
Não, nunca. A nível familiar as decisões eram tomadas em conjunto, mas normalmente prevalecia o que eu dizia. Profissionalmente sempre pensei só pela minha cabeça, porque quero ser responsável pelas minhas acções. Vivi a vida à minha maneira e não me arrependo.

 

 

Não mudava nada?
Talvez só a minha pressa de viver. Foi tudo muito bom, mas muito rápido.

 

 

Vivendo nesse ritmo alucinante, alguma vez pensou vir a sofrer um AVC?
Pensei sempre, mas nunca pensei que fosse como foi. A partir do momento em que fui mãe, a Andreia passou a ser o centro da minha vida, e a partir dai vivi sempre em pânico a pensar que me podia acontecer alguma coisa, mas num acidente de automóvel como tinha acontecido à minha mãe. O meu medo era que eu partisse antes de poder educar a minha filha. Eu queria ser mãe e acompanhá-la, educá-la.

 

 

Ser mãe sempre foi um desejo?
Sempre quis ser mãe. Decidi sê-lo três meses depois de ter casado, com 18 anos, e fiz as minhas opções sempre em função da minha filha. Acho que fui uma óptima mãe e por isso tenho uma óptima filha.

 


Como é a vossa relação hoje?
É complicadíssima por causa dos horários das nossas profissões, mas falamos tantas vezes ao dia e eu sinto-a tanto comigo, que mesmo não a vendo todos os dias, que é o que acontece, somos muito próximas. Ela é a minha melhor amiga, a minha confidente. Ela é a coisa mais maravilhosa que tenho na minha vida.

 

 

Não voltou a ser mãe por opção?
Eu decidi depois da Andreia nascer que só queria ter um filho. Na altura não tinha condições para ter uma filha. Custou-me muito educá-la. Não é que a família não nos quisesse ajudar, mas depois de me casar decidimos que éramos independentes e que íamos trabalhar para viver.

 

 

Vindo de uma família de artistas de circo nunca quis trabalhar nessa área?
Eu gosto muito, mas apenas sou relações públicas do meu primo Victor Hugo. Sempre soube que queria fazer alguma coisa que fosse ligada à família, mas nunca quis ser domadora de leões. A minha mãe era cantora e o que era certo para mim era que não podia deixar ficar mal o nome da minha mãe.

 

 

Sente que ser uma Cardinali lhe abriu portas?
Sim, quando comecei. Mas depois o nome foi o maior peso, porque eu tive de provar que era digna de ser uma Cardinali. Nunca pude falhar, por isso entregava-me tanto ao trabalho.

 

Sente-se uma viciada no trabalho?
Já me senti, agora não. Hoje vivo mais preocupada com o tentar viver, usufruir da minha família, dos meus amigos e ser feliz.

 

 

Por isso deixou a SP Televisão o ano passado? A sua saída constituiu uma surpresa na altura…
Eu acho que as coisas devem ser faladas nos sítios certos e não na imprensa. Considero que fiz a coisa certa para dormir descansada à noite, para ter respeito pela minha profissão. Damo-nos todos muito bem, não há zangas entre ninguém, até porque a minha decisão foi meramente profissional e não pessoal, e passava pelo facto de eu achar que o meu trabalho, no qual dava o meu máximo, não estava a ser bem aproveitado. A SP é uma empresa maravilhosa. Todos são uma família e todos trabalham para o mesmo objectivo.

 

 

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Bruno Peres

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