Carla Chambel
“O teatro é a minha casa, o meu berço”

Famosos

Aos 36 anos, 18 deles dedicados à representação, assume-se como uma atriz mais madura e uma mãe descontraída

Qui, 04/04/2013 - 23:00

Em cartaz com o filme Quarta Divisão, que aborda o desaparecimento de crianças, a violência doméstica e a pedofilia, a atriz revelou à VIP ser uma mãe descontraída, mas atenta aos passos de João, de quatro anos.

VIP – Vamos começar com o filme Quarta Divisão, onde é a subcomissária Helena Tavares. Como foi rodar este filme?
Carla Chambel – Foi um grande desafio construir uma equipa de polícia, da Brigada de Investigação Criminal, tornar o quotidiano credível, agirmos como polícias. Os temas abordados no filme são um pano de fundo para esta equipa atuar em conformidade. E sim, é sensível abordar o desaparecimento de crianças, a pedofilia, a violência doméstica, e na minha opinião o Joaquim Leitão conseguiu tratar todos este temas sem pudor, dando a cada plano uma realidade que é nossa, portuguesa.

O filme fala sobre crianças desaparecidas. É uma mãe descontraída ou mais controladora?
Depende. Na maioria dos casos sou descontraída, não me importo que suje as mãos na terra, ou que salte nas poças, ou mesmo que apanhe umas gotas de chuva. Já ir para um centro comercial, cheio de gente, tenho que estar sempre alerta, de rédea curta, num momento está ali, no outro já posso não o estar a ver e isso preocupa-me.

Já vai com 18 anos de profissão. Ainda se lembra da estreia?
Nunca vou esquecer. Não só a estreia, no palco nobre do Trindade, repleto de gente, a bater- nos palmas de pé, mas também o processo, onde pela primeira vez trabalhei com atores profissionais, conheci os bastidores, as regras do teatro, a cumplicidade de uma equipa. E o João Perry, que nos conduziu com uma mestria de quem sabe muito bem contar uma história.

A sua forma de trabalhar também mudou?
Amadureci, perdi preconceitos que tinha em relação a algumas coisas, como fazer televisão, por exemplo. Hoje em dia, considero que é possível fazer um bom trabalho, ou um mau trabalho, independentemente da linguagem. Mas o respeito, o sentido do sagrado desta profissão esteve sempre no meu caminho. À medida que os anos passam, vou ganhando mais noção do todo, não estou tão egocêntrica. Relativizo mais.

A sua profissão tem altos e baixos. Onde vai buscar forças para persistir?
Sempre tive consciência da insegurança desta profissão. Sempre percebi que nada é garantido. Isso permitiu¬ me perceber também que em cada trabalho temos que dar o máximo, sermos competentes, brilhantes, irrepreensíveis. Esse é o melhor casting que podemos ter: a referência que os outros têm de nós para se lembrarem do nosso nome para o próximo projeto. E depois tenho sorte de trabalhar em perfeita sintonia com a minha agente. Ela tem lutado muito por mim. É bom ter alguém que nos apresente, nos defenda com unhas e dentes, promova as nossas condições.

Numa recente entrevista disse que “a partir do momento em que decidi ser atriz, apercebi¬ me de que as coisas não são para sempre”. Estava a referir¬ se aos relacionamentos entre colegas ou à noção de finitude da profissão?
Às duas coisas. Por vezes, há uma empatia enorme com um outro colega, mas depois o projeto acaba e amanhã já temos que estar 100 por cento disponíveis para o próximo. Claro que também nascem e perduram amizades, poucas, que tento alimentar e que extravasam a finitude dos projetos. Quanto à finitude em si, encaro como nada ser definitivo. Odeio a estagnação, o dado como adquirido. Por isso, hoje sou atriz, amanhã não sei. Por enquanto, continua a fazer sentido e por isso luto pelo meu lugar todos os dias.

Esteve recentemente em cena com a peça Huis Clos, de Jean Paul Sartre. Não concebe a sua vida sem teatro…
Muitas vezes digo que o teatro é a minha casa. Na verdade, é o meu berço, é onde naturalmente sinto que regresso à forma original. Onde me reencontro. Talvez porque o processo seja mais longo, o erro seja mais permitido para a seguir ir mais longe. Respirar com o público, ter medo diariamente do entrar em cena, revitaliza¬ me.

Tem um plano B para a sua vida?
Sempre adorei o campo e as energias renováveis. Se pudesse combinar as coisas, criava um centro de formação teatral fora de Lisboa, rodeada de verde e numa casa eficiente. Mas essa é a parte utópica do plano B. A parte real, para mudar de vida é preciso arregaçar as mangas. Se me vir obrigada a isso, estarei preparada.

É muito exigente consigo e com os outros?
Por princípio, sou tolerante. Detesto fazer juízos de valor sobre as coisas e pessoas. Parto de boa fé. O que não gosto mesmo é da falta de brio com que às vezes me deparo tanto na profissão como no dia¬ a¬ dia. De mim exijo o melhor, porque só assim garanto a minha continuidade. Autoexigência é uma questão de sobrevivência, mas também um desafio para me exceder, surpreender¬ me e às vezes desiludir¬ me. Faz parte.

O seu filho, João, está com quatro anos. Mudou muito a sua vida, as suas prioridades?
Claro, as prioridades mudam. Hoje em dia, quando avalio um projeto, o João também está na balança. Tento privilegiar o tempo que tenho com ele. Adoro levᬠlo e ir buscᬠlo à escola, levá- lo ao cinema, ao teatro, ao parque! Somos grandes companheiros!

Como é o seu filho?
Ele é muito meigo e carinhoso, mas também é reguila e cheio de energia. Aliás, nunca se esgota! Ufa! É um miúdo sensível, criativo, sonhador. Está numa fase deliciosa de interpretação do Mundo.

Já percebe qual é o trabalho da mãe?
Já vai percebendo. Muitas vezes chego a casa e ele pergunta¬ me se correu bem… acho delicioso. Começou a conhecer o meu trabalho pelas locuções de publicidade, a reconhecer a minha voz na rádio e na televisão, acompanhou¬ me nelas desde o berço. Por vezes, dou com ele a inventar slogans e marcas. Só depois é que começou a perceber que também faço teatro, televisão, cinema e que às vezes tenho outros nomes, visto outras roupas.

Tenciona ter mais filhos?
A intenção existe.

E o casamento?
Nunca foi uma prioridade.

Em que consistem os tratamentos que está a fazer no Body in Balance?
A Dra. Conceição trouxe para o Body in Balance o último grito em termos de estética não invasiva. A máquina Caci permite fazer uma regeneração da pele estimulando a produção do colagénio e outros constituintes da pele, agindo a nível molecular. Em várias sessões consegue recolocar os músculos na sua posição original. A pele fica mais lisa, mais tonificada. Noto muitas diferenças.

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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