Nuno Markl
Envolvido em polémica, responde publicamente

Nacional

O humorista viu a sua página ser criticada e decidiu dar explicações

Qua, 04/01/2017 - 16:22

Depois de ter contado a história de um pitbull durante a rubrica O Homem Que Mordeu o Cão, Nuno Markl recebeu várias críticas no Facebook. Ao ver as reações dos seguidores, o humorista decidiu escrever um texto como resposta, que partilhou nas redes sociais.

 

“Antes de mais, ontem gerei indignação nas redes sociais – eu já não era odiado há muito tempo nas redes sociais e já estava a estranhar, e o que se passou foi que donos e criadores de pitbulls caíram-me em cima por eu ter contado ontem n’ O Homem Que Mordeu o Cão a história sobre o casal americano que tentou vestir uma camisola tricotada a um pitbull e que acabou a levar dentadas. Fui insultado a torto e a direito e considerado um odiador de pitbulls.

 

Não – eu odeio é pessoas, reparem. Pitbulls, como todo e qualquer cão, eu adoro. E sim, o pitbull não é tão feroz como às vezes se faz crer e é um cão que pode ser incrivelmente meigo; mas é um cão que convém saber ter e saber cuidar. Todos são, aliás. Eu diria que, no entanto, requer um pouco mais de responsabilidade ter um pitbull do que ter a minha cadela Uva, que é uma rafeira que confia tanto nos humanos que à conta disso acabou sem um olho e com o corpo cheio de chumbos.

 

Agora, em nenhuma altura eu sou contra pitbulls. Pelo contrário. Sempre que as coisas correm mal com um pitbull e ele é levado, geralmente, para ser morto – o que já tem acontecido algumas vezes – eu passo-me porque a coisa era evitável; era só saber cuidar dele, em vez de o ter só porque sim. Porque quando as coisas correm mal, tudo se resolve à sumária maneira humana – “pronto, vamos matá-lo”. E isso é terrível. Houve várias pessoas que me chamaram estúpido, palerma, etc etc – e houve quem dissesse coisas como “está sempre a dizer que é amigo dos animais e tem um programa na TV sobre animais mas não percebe nada de pitbulls”. A isso eu respondo: é verdade.

 

Eu percebo muito pouco de pitbulls. E quem diz de pitbulls diz qualquer outra raça. Lamento isso – a minha especialidade é rafeiros, geralmente rafeiros abandonados e que ninguém quer, porque muita gente prefere pagar – e pagar MUITO dinheiro – para ter cães de raça, sem pensar que há uma quantidade louca de animais abandonados meigos e em condições deploráveis, e de graça, que deviam ter um tecto e uma família. E não têm. Curiosamente, há uma quantidade tremenda de cães de raça – e entre eles pitbulls a precisar de dono em diversos canis – cães que pessoas compraram ou adoptaram por capricho e que depois deitaram fora. O que é igualmente sinistro.

 

Pessoal, eu adoro todos os cães – todos os cães merecem o Céu, já dizia um clássico filme de animação. Eu não gosto é de algumas pessoas que os tratam mal. E tratar mal pode ser muitas coisas diferentes – vai desde bater-lhes até não lhes ligar nenhuma, até tê-los só porque dá estilo e depois não saber cuidar deles e quando as coisas dão para torto, deitá-los fora. É isso que me irrita e é isso que me faz amar todos os cães, desde rafeiros a pitbulls passando por São Bernardos e Dobermanns e todos. Eu fico genuinamente feliz que haja tantos donos de pitbulls a provar que o pitbull não é um demónio.

 

O próximo passo para esses donos de pitbulls é perceberem que Nuno Markl não é um demónio. Certo? Vá, um grande beijinho.”

 

Leia seguidamente alguns dos comentários deixados pelos seguidores.

 

“Caro Nuno, não costumo ser daqueles seres vivos pedantes e sem sentido de humor que não conseguem rir de uma boa piada, e vêm fazer shitstorms na internet, mas devo admitir que a tua rúbrica de hoje “Pequenos Bombons de Palermice” me desiludiu profundamente. Não foi por ser palerma, isso pelo título da coisa já se antevia, foi por ser ofensiva sem justificação. Como defensor dos animais em geral, e amante de cães em particular, do qual só tinha boas referências, o que é que te deu para papagueares tal rol de lugares comuns negativos sobre “Pit Bulls” como fizeste?”

 

“Esperar-se-ia que alguém com o dom da palavra, e que chega a tanta gente através das suas formas de comunicar, conseguisse passar uma imagem mais fiel à realidade, e não fiel a preconceitos.”

 

“Eu tenho um cão dessa raça que recolhi da rua, é a minha companhia, muito meigo e pachorrento, o dono faz o cão, se o animal é mal tratado defende-se e pode tornar-se agressivo, tenham medo dos DONOS, esses sim são potencialmente perigosos, os cães são puros, não têm maldade, ao contrário do bicho Homem..”

 

Fotos: Impala e D.R.

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