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“Nunca tive nenhum preconceito”, diz JOSÉ COSTA REIS

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Estilista eleito primeiro Elegante VIP
Pintor, cenógrafo e figurinista, José Costa Reis é também o primeiro estilista português. Surpreendido por ter vencido o título de Elegante VIP 2009, atribuído pela primeira vez na categoria masculina, admite que se rege no dia-a-dia por valores e princípios que tenta transmitir ao seu “filho adoptivo”, o actor Paulo Rocha.

Sex, 25/06/2010 - 23:00

Pintor, cenógrafo e figurinista, José Costa Reis é também o primeiro estilista português. Surpreendido por ter vencido o título de Elegante VIP 2009, atribuído pela primeira vez na categoria masculina, admite que se rege no dia-a-dia por valores e princípios que tenta transmitir ao seu "filho adoptivo", o actor Paulo Rocha.   

VIP – Ficou surpreendido com a nomeação e com o prémio?
José Costa Reis
– Acho que os prémios valem o que valem, mas só não têm importância para quem não os recebe. Agora, quando a VIP diz que este prémio não é rigorosamente destinado às pessoas que se vestem bem, mas mais a uma maneira de estar na vida, e quando isso me é reconhecido, é muito gratificante. Porque também para mim a elegância é a elegância das atitudes, não dos trapos. Tiveram a gentileza de me nomear e a única maneira que tinha de responder era estando presente no evento. Nunca tive a perspectiva de ganhar ou de perder. Sou-lhe sincero: os meus amigos ficam mais contentes do que eu.

O que acha dos outros nomeados e da vencedora feminina, Gabriela Canavilhas?
Tenho pena que os outros nomeados não tenham aparecido em peso, mas é uma coisa tipicamente masculina. Nós, de facto, não gostamos de perder. A Gabriela Canavilhas, acho sobretudo simpático que tenha vindo, até pelo nível de responsabilidade que tem. Acho que é revelador da sua elegância e gostei muito de a conhecer.

O facto de trabalhar no meio artístico diminui o preconceito?
Eu nunca tive preconceito nenhum em relação a nada. Fui professor durante 14 anos e acho que o ensino elimina o medo da exposição. Tenho uma noção perfeita do ridículo, não me exponho. Aliás, acho que percebe, se olhar para o meu cabelo. A pessoa querer parecer muito jovem quando já não é, não ser coerente, querer passar uma imagem que não é a sua, isso é que é o ridículo.

Disse que ainda hoje de manhã estava de calças de ganga…
E amanhã estarei outra vez, às oito da manhã, porque estou a decorar os estúdios da Valentim de Carvalho. Acho que a elegância é, também, estar adequado. Não vou aparecer num sítio onde estão 30 pessoas a trabalhar, a montar projectores, vestido de fato. Era uma afronta. Até porque se for preciso também ajudo. E não vou dar o beija-mão a uma pessoa de origens humildes, que não está habituada a isso e que provavelmente ficará constrangida. Isso, para mim, é uma atitude de uma deselegância extrema.

Educa o seu filho nesse sentido?
Ele é de outra geração, tem uma maneira mais viril de estar na vida que eu e tem uma componente grande de exposição pública. Tento transmitir-lhe alguns valores, penso que ele absorveu quase todos, ou pelo menos alguns, apesar de às vezes ainda se distrair.

Ele pede-lhe conselhos?
De roupa, quase sempre. “O que levo vestido, que sapatos levo?”. Eu pergunto-lhe se não tem vergonha de não se saber vestir aos 32 anos, mas acho que confia no meu gosto.

Que tipo de relação têm? É um pai intrometido?
Temos uma relação de uma cumplicidade imensa. Eu sou incapaz de lhe perguntar o que quer que seja da vida pessoal. Não quero saber das namoradas, de nada. Ele conta quando achar que eu tenho de saber. Agora, sou intrometido, eventualmente, porque conheço melhor os meandros do meio, tento encaminhá-lo. Sobretudo, tento que não cometa os mesmos erros que eu. Confiar demasiado nas pessoas, ter presente que a carreira de um actor, de um cenógrafo ou de um figurinista tem momentos altos e outro menos bons, respeitar toda a gente, cumprimentar toda a gente quando chega ao estúdio, tento transmitir valores que sempre estiveram presentes na minha vida.

E quando olha para ele, sente que fez um bom trabalho?
Sinto que fiz o trabalho possível, mas que está longe de estar terminado.


Texto: Elizabete Agostinho e Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Paulo Lopes

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