Sílvia Rizzo
“Nunca fui a menina mimada da ficção”

Famosos

Atriz revela que nunca fez uma exigência ao longo da carreira e que não é o estrelato que a move, mas o desejo de trabalhar e aprender

Qui, 25/04/2013 - 23:00

Aos 45 anos e com quase duas décadas de televisão, Sílvia Rizzo continua com o mesmo empenho de quem dá os primeiros passos na carreira. A atriz assume que nunca foi a menina mimada das novelas e que nunca fez qualquer exigência. Tal como no passado, Sílvia Rizzo quer continuar a trabalhar e a aprender, pois defende que isso é o melhor que se pode ter na vida.

VIP – Partiu o braço. Já recuperou?
Sílvia Rizzo – Estou quase recuperada e vou tentar não cair novamente (risos).

Como foi gravar com o braço partido?
Foi doloroso. O mais complicado foram as trocas de roupa. De resto correu tudo bem.

Já terminou as gravações de Doida de Ti. Que balanço faz da novela?
Foi uma novela tranquila. Foi um trabalho mais leve. Voltei a trabalhar com o Fernando Luís que é sempre um prazer. Todos os trabalhos são bons e são sempre experiências diferentes.

O mundo das novelas mudou muito. Enquanto atriz, como analisa essas mudanças?
É ótimo. A concorrência leva a uma maior exigência. Assim há trabalho para mais pessoas. Se apostarmos naquilo que é nosso temos maiores hipóteses de evoluir. Existindo qualidade, podemos exportar aquilo que fazemos.

Com a crise as pessoas agarram-se mais a estes produtos televisivos?
Acho que as pessoas que gostam de novelas sempre acompanharam este tipo de produto. É entretenimento e as pessoas acabam por viver as vidas das personagens. Entram na história e falam connosco como se fizessem parte daquela família. O que é importante é que o produto tenha qualidade e uma novela é muito importante, pois pode passar muitas mensagens. Começamos a exigir cada vez mais das novelas. E com as condições que há, temos feito um belo trabalho.

Haver novelas premiadas no estrangeiro e atores com carreiras de sucesso lá fora faz com que olhem para nós com outros olhos?
É ótimo e faz com que nos vejam de outra forma. Ter pessoas lá fora em diferentes áreas faz com que as pessoas olhem para nós com outros olhos. Só a Troika é que não nos olha com bons olhos.

Sente que ainda existe vergonha em dizer que se vê novelas?
Acho que sim. E chateia-me esse preconceito e a verdade é que todas as pessoas vêm novelas. A inveja é uma coisa que mata este País. Podemos ser críticos, mas invejar e destruir é que não. É algo que deve ser ultrapassado. Devemos gostar da nossa música e dos nossos artistas. É uma pena continuar com este espírito pequeno e mesquinho. Não devemos desprezar nada.

Já tem algum projeto?
Não sou mulher de pausas. Quero é trabalhar, mas tenho de fazer uma pausa. É uma pausa entre projetos. Não sei qual será o próximo. Já se falaram de algumas coisas. Vou aguardar.

Se a decisão fosse sua, o que faria agora?
Gosto de tudo! Mas gostava de voltar a fazer teatro, algo que não faço há muito. Se um ator fizer teatro, cinema e televisão é completo. Gostaria de apostar mais no teatro. Eu própria não quis fazer depois da última experiência que foi muito dolorosa para mim.

É conhecida como atriz, mas tem muitos talentos. Como é que gosta de ser definida?
Eu própria não me sei definir (risos). Gosto de demasiadas coisas. Sou como o meu pai, que tinha vários talentos. Ele pintava, escrevia, compunha músicas e tinha um sentido de humor fantástico que preservou até à hora da morte. O interessante é que acabamos por ficar num medianismo. Não somos brilhantes em nada, mas há o gosto de experimentar outras coisas. Eu própria quero fazer mais coisas. Não quero ficar por aqui.

Como por exemplo?
A música não está posta da parte. Comecei na música e a representação foi uma consequência da música. Há coisas que gostaria de fazer e a vida é isso mesmo, fazer aquilo de que gosto.

Tem noção de que já passaram 19 anos de televisão?
É verdade. Mas a minha primeira peça de teatro foi com 11 anos. Guardo boas memórias deste tempo. Tive o privilégio de me estrear com pessoas que já admirava como o caso do Ruy de Carvalho, Manuela Maria e Simone de Oliveira. Queria era aprender. Isso é o mais importante na vida. E é por isso que a idade é importante. É importante chegar a uma altura da nossa vida e dar conta daquilo que aprendemos. Se calhar há coisas que não teria feito ou que teria feito de forma diferente. Mas isso já lá vai.

Quer dizer que prefere fazer algo e arrepender-se do que ficar na dúvida?
Já fiz asneiras por não arriscar. Se calhar deveria arriscar mais. Mesmo que isso seja um erro. Arrisquei em situações que acabaram por resultar, mas ainda hoje fico a pensar se deveria ou não fazer. Acho que as pessoas deveriam arriscar mais. A vida é curta e devemos fazer isso.

Tem a carreira que merece ou, em certas ocasiões, tem sido discreta demais?
Nunca fui a menina mimada das novelas ou da ficção. Recentemente tive essa conversa e descobri que sou das poucas pessoas que nunca exigiu nada. Nunca pedi isto ou aquilo e disseram-me que deveria ter feito porque toda a gente faz. Se as pessoas gostam de mim é bom. Se me chamam para trabalhar, ótimo e fico contente. Mas nunca exigi ser protagonista. Faço o meu trabalho, pois quero é trabalhar. Não gosto de cultivar a onda de estrela porque isso não me importa.

O que ainda quer alcançar?
A ideia é ter trabalho e poder evoluir cada vez mais. O mais importante nesta profissão é aquilo que aprendemos.

Acha que as pessoas tinham uma imagem errada sobre si e que isso mudou com a participação em A Tua Cara Não Me É Estranha?
Muitas pessoas ficaram baralhadas. Não percebiam se estava a representar ou se sou mesmo assim. Sei que muitas pessoas perguntavam ao Luís Jardim, ao Zeca e aos outros se eu sou mesmo assim. E a verdade é que sou. As pessoas habituaram-se a ver-me em papéis mais pesados e confundem a ficção com a realidade. Ali tive a oportunidade de me mostrar e tive a oportunidade de perceber se valia a pena ou não cantar.

Acabou de estrear mais uma edição do Big Brother Vip. Aceitava participar num reality show destes?
O formato não me atrai. Se me dissessem que ia com um grupo giro passar uma semana, adorava. Mas teria de ser com um grupo interessante e escolhido por mim.

Tem muitos cuidados com a imagem?
Estou a começar agora a ter. Tomo vitaminas e antioxidantes. Começo a ter alguns cuidados. Tenho de ter. Já são 45 anos.

Há muitos anos apanhou um valente susto de saúde…
Sim. Tive uma suspeita de cancro nos pulmões. Felizmente não era.

Teme o avançar da idade?
Sou tão inquieta que me canso a mim própria e não tenho tempo para pensar nisso. Quando lá chegar logo se vê. Há de chegar uma altura em que terei de ser avó.

Já se imagina a ser avó?
Ainda é cedo. Já lhes disse que antes dos 40 ninguém tem filhos (risos). Um dia terei muito gosto em ser avó.

Ser mãe é o grande papel da sua vida?
Ser mãe é o grande papel da minha vida. Sempre fui mãe-galinha, mas ao mesmo tempo tinha medo de estar a protegê-los demais. Sempre fiz os possíveis para que criem defesas. Tenho controlado tudo, mas com alguma distância para que sintam a responsabilidade. Porque foi isso que aprendi com os meus pais. Falo muito com eles e têm de perceber que a vida e a responsabilidade é deles.

O António tem 15 anos e a Marta 13. Enquanto mãe fica assustada com o estado do País?
Sim. Estou a prepará-los para tudo e mais alguma coisa.

É mãe para os aconselhar a tentar a sorte no estrangeiro?
É evidente que poderá haver uma melhor formação e outras oportunidades lá fora, mas estou confiante que também há essas oportunidades em Portugal.

E tem o cuidado de alertar os seus filhos para as dificuldades que se vivem?
Claro. Quando não há, acabou. Felizmente eles têm a noção de poupança, porque não são deslumbrados. Estão na adolescência e ainda bem que não são deslumbrados e não fazem exigências. Percebem o conceito de trabalhar para e a importância de ter objetivos na vida.

Algum deles quer seguir o caminho da mãe?
Não sei. Estão a estudar e já escolheram as áreas que pretendem seguir. Têm de perceber que a vida é só uma e que devem fazer aquilo de que gostam. Isso é um privilégio, mesmo que não se ganhe muito dinheiro.

Tem uma relação com um homem 18 anos mais novo. Ainda existe o estigma sobre a diferença de idade?
É um assunto sobre o qual não vou falar. Aquilo que posso dizer é que a minha avó viveu toda a vida com um homem 14 anos mais novo e ele quis morrer primeiro do que ela. Estamos a falar de há 50 anos atrás. E viveram toda a vida.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybeline e L’Oréal Professionnel

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