Marcantonio Del Carlo
Natal em Viseu com novo desafio

Famosos

Marcantonio del Carlo e Marta Nunes tornam-se empresários

Qui, 19/12/2013 - 0:00

Juntos há nove anos, Marcantonio del Carlo e Marta Nunes vão ter este ano um N atal especial. O casal vai estrear-se na área empresarial: dia 21 de dezembro vão inaugurar um cabeleireiro em Viseu, a cidade da atriz, que será gerido pela mãe dela. Depois de se tornarem sócios, irão naturalmente passar a quadra festiva junto da família e acompanhar os primeiros dias do seu novo conceito que, esperam, terá continuidade. À VIP contam como gerem uma relação que consideram excelente… porque trabalham diariamente para isso.

VIP – Para além de marido e mulher, atores e encenador vão agora tornar-se sócios?
Marta Nunes – Sim, é a primeira vez que estamos a investir na área de negócios. Em Viseu, porque os meus pais vivem lá, e escolhemos primeiro os cabelos porque é a área profissional da minha família. A minha mãe ficará a gerir a loja e, depois, iremos aventurar-nos nas outras áreas. Há um lado estratégico no facto de investir nessa área porque sabemos que está lá alguém de confiança. E também porque achamos esta área interessante. Vamos uns dias antes para abrir a loja, portanto este Natal vai ser muito emocionante.

Marcantonio del Carlo – Começa com a oficina de cabelos e gostávamos de continuar com a oficina de copos e com a oficina de pratos, que é a minha praia porque eu estou bem é no meio dos tachos.

A ideia é assegurar o futuro ou a vontade de arriscar em novos mundos?
MDC – Enquanto atores, nunca estivemos contentes com o que tínhamos e este projeto é, claramente, empresarial, mas é muito artístico também. Quando fico muito tempo na minha zona de conforto fico muito aborrecido.

É essa necessidade que provoca as suas várias facetas, de ator, encenador e, mais recentemente, de realizador?
MDC – Acho que o sol da vida é isso. Nós, que encontrámos esta estabilidade familiar, obrigamo-nos a ser aventureiros, para depois querermos voltar para o conforto familiar. Trabalhar só pelo ordenado é profundamente chato. O que eu realizo satisfaz-me no momento, mas depois quero saltar para outra coisa. Como ator, por exemplo, não sou nada saudosista. Tenho saudades das pessoas, mas não dos personagens.

Essa estabilidade é cada vez mais rara hoje em dia. Como alimentam isso?
MDC – Dá imenso trabalho! N ão é fácil aturarmo-nos uns aos outros em família.  Temos todos as nossas pequenas idiossincrasias, acho que a maioria das pessoa não está pronta para este desafio. Acho que lutar por uma família é talvez o grande desafio do ser humano. Não é fácil, mas quando as coisas estão em sintonia, é impagável.

Como gerem os vários planos da vossa relação?
MN – Acima de tudo, com muito amor, muita dedicação e muito respeito. É preciso respeitar muito o espaço do outro, os impulsos criativos do outro. A própria vida familiar ressente-se, mas trabalhamos como equipa.

MDC – Com cumplicidade. Muitas vezes discutimos, não estamos de acordo, depois valores mais altos se levantam, que é a cumplicidade, o confiar, o acreditar.

Fazem isso de forma inata, ou é algo que se trabalha?
MN – Trabalha-se. É engraçado, nós estamos juntos há nove anos e há uns anos, para além do trabalho de artista, eu tinha claramente o papel de mãe. Continuo a ter, mas sinto cada vez mais que o Marcantonio já não precisa que eu diga o que fazer, aprendeu a gerir também essa área. E agora sinto que se tornou muito simples. Assume que é muito protetora.

O Marcantonio ajudou-a a libertar-se, como mãe?
MN – Ajuda-me a mediar. A Salomé já está com 12 anos e cada vez é mais fácil desprender-me um bocadinho da necessidade de controlar a vida dela e isso deve-se muito ao Marcantonio porque tem esse lado mais aventureiro. A Salomé dir-lhe-á que, se não fosse o papá, não sabia nadar, não sabia andar de bicicleta. E não é porque eu não tenha a capacidade de ensinar, é porque tenho tanto medo que ela se magoe que não lhe dou muita liberdade. Nesta fase da pré-adolescência é tudo muito complicado, é preciso saber dizer que não e eu até agora sinto que consigo ter o controle das necessidades e da vida da Salomé. Se um dia sentir que não consigo acho que não terei qualquer problema em parar tudo.

MDC – Mas eu também dou por mim em pânico, quando ela me pede mais liberdade. Vamos ver como vai ser quando for a história dos namorados. Se calhar, aí, a mãe vai ser mais tolerante.

Conheceu a Salomé quando tinha quatro anos. Foi giro acompanhar este crescimento?
MDC – Foi. Aquilo de que me lembro com mais ternura é da fase em que quando ainda a punha nos meus ombros ou de a ensinar a nadar, são estes os momentos que realmente dão prazer. Tudo o resto é desafiante, mas a partir do momento em que há uma criança, tudo é secundário. O grande desafio é a Salomé continuar a ter respeito por nós, porque acho que acontece isso muitas vezes, a perda de respeito. Nós, felizmente, temos sido um exemplo. Ela, quando tem uma dúvida, recorre a nós.

Que tipo de filha é ela?
MN – É a melhor do mundo, claro! É uma menina muito especial, mas, sobretudo, é uma menina muito feliz, com uma energia muito boa. Acho que também tenho esta vida profissional muito intensa porque ela tem muito boas notas, é genuinamente boa pessoa, portanto, dá-nos esse espaço.

Podem perguntar se estou tão feliz como mãe porque é que não tenho mais filhos?
Tenho um resposta um bocadinho polémica. Tive a Salomé com 21 anos e não mudava nada porque me sinto uma mãe muito jovem. Mas tenho um certo receio de não ter outro filho tão especial como a Salomé. Correu sempre tudo tão bem que, às vezes, fico a pensar que é impossível ter outro filho melhor.

Então, por que hei de ter? Mas o Marcantonio, por exemplo, que nunca foi pai, não tem essa necessidade?
MN – Neste momento há uma questão prática: eu estou a fazer o doutoramento, o Marcantonio fez agora o grau de especialista e tira-nos muito tempo. Ainda não aconteceu, não quer dizer que não venhamos a ter. Se acontecesse de repente era melhor coisa do mundo, mas ainda não está nos nossos planos, não sinto essa pressão.

O Marcantonio tem 48 anos. Não sente a barreira psicológica dos 50?
MDC – Não, eu dou-me muito bem com a minha idade, estou ótimo de saúde, não há limite de idade para ser pai. E gosto muito de ter a idade que tenho. A maturidade tem isto de bom: agora já não quero tudo de uma vez, as coisas vão acontecendo e o que tiver de ser, será.

E a Marta não teme que ele faça a crise de meia idade e vá comprar um descapotável?
MN – Não tem a ver com a idade. Entre nós, eu não me lembro da minha idade ou da idade dele. O que sinto é que, pela idade dele, ele tem mais experiência profissional e aprendi a gerir algumas coisas graças à experiência dele. Aprendi a relativizar, por exemplo, o não ser escolhida para um casting. Ao nível da nossa relação, não sinto essa diferença. Faz muito mais teatro do que televisão.

É por opção ou por força das circunstâncias?
MN – Penso que a origem disso está no facto de ter feito o meu curso de atriz no Porto e, a partir daí, sempre trabalhei lá como atriz. Estive seis anos no Teatro de Marionetas do Porto. Quando saí, fiz alguns espetáculos no Teatro Nacional, no Porto. Portanto, quando venho para Lisboa, venho do teatro e é natural que faça mais teatro do que televisão. Têm surgido algumas propostas e gostei muito do pouco que fiz em televisão e em cinema. Qual é o ator que não gosta? Sinto que é muito importante experimentar todas estas áreas, trabalhar em todos os suportes, para se sentir verdadeiramente realizado.

Como viajava tanto, sendo mãe de uma menina tão pequena na altura?
MN – Fiz um curso profissional de atriz, na Escola Balleteatro do Porto, depois, quando acabei o curso, fiz um estágio em Londres, quando acabei o curso. Entrei na companhia, tive a minha própria casa, a minha independência e a Salomé nasceu quando eu tinha 22 anos. No primeiro ano, ia comigo e, quando íamos para muito longe, para o Canadá, por exemplo, havia sempre alguém para dar apoio. Não foi fácil, mas eu tinha idade para isso, tinha muita energia, não sei se hoje conseguiria fazer as mesmas coisas. A Salomé viajou imenso e sinto que, de alguma maneira, estas coisas marcam a identidade das pessoas.

Ela gosta desta área da representação?
MN – Gosta, vê muito teatro connosco, mas está mais direcionada para a música, também por opção nossa, porque estamos a tentar salva-guardá- la deste mediatismo. Não quero educar a Salomé a achar que ser mediático, ou ser figura pública, facilita a vida de alguém, mas acho importante que cresça com sensibilidade para as artes.

E o Marcantonio, que projetos tem?
MDC – No próximo ano, temos duas produções da EGEAC e vou filmar mais duas curtas-metragens no Douro, que darão origem à longa, e vai estrear o filme A Primeira Missa. Agora, o que me apetecia fazer era televisão e, rapidamente, concretizar estes projetos porque, nesse aspecto, continuo a ser impaciente, como era aos 20 anos.

Veio de Itália aos 15 anos. Já se sente “puro lusitano”?
MDC – Sinto-me mais cidadão do mundo. Nasci em África, que conheci muito mal, passei a infância e parte da adolescência em Itália e, depois, vim para Portugal. Há uns anos, vim viver para a Ericeira e, agora, vou montar um negócio em Viseu. Eu gosto de não estar parado. A minha mulher diz, por exemplo, que quando começo a falar italiano com os meus amigos me transformo. Aqui, dizem-me que tenho coisas que não são portuguesas e acredito que hei de ter também um lado africano, talvez o facto de odiar o frio.

Continua a ir a Itália frequentemente?
MDC – Os meus pais já faleceram, mas tenho lá toda a minha família italiana. Vamos regularmente ao sítio onde cresci, Viareggio, onde reencontro os meus amigos de sempre. Quem sabe se, quando me reformar, vou para lá… o dom Marcantonio, a fazer congelados!

Mantêm alguma tradição italiana à mesa de Natal?
MDC – Quando o meu pai era vivo, havia sempre o panetone e a consoada não era importante, era mais o almoço. De há uns anos para cá, é mesmo o bacalhau e as filhós. Gosto desse espírito, de jantar tarde, ficar à mesa com a família.

Também põe a mão na massa?
MDC – Não. Aí é a minha sogra e a minha mulher. Não querendo ser machista, no Natal a cozinha é para elas, mas estou ávido de chegar à oficina de pratos!

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybeline e L’Oréal Professionnel

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