Sofia Escobar
“Não vale a pena ter segurança em detrimento da felicidade”

Famosos

Actriz arriscou ao sair de Guimarães para Londres
Está nomeada para “Melhor Actriz num Musical”, graças ao desempenho em West Side Story.

Ter, 20/01/2009 - 0:00

Deixou a Guimarães natal quando ainda era (quase) uma criança. Em Londres apostou forte no sonho que tinha desde miúda e hoje é a principal atracção que faz encher o Her Majesty’s Theatre, onde o multi-galardoado West Side Story comemora 50 anos de exibição. Sofia Escobar, que por estes dias é uma das candidatas ao prémio de “melhor actriz num musical” (votação em http://awards.whatsonstage.com) falou à VIP sobre a sua aventura inglesa…

VIP – Antes de entrarmos pela entrevista propriamente dita, não podemos deixar de lhe dar os parabéns pela nomeação para o prémio de “Melhor Actriz em Musical”…
Sofia Escobar – (risos) Obrigada… Só estar nomeada já é uma honra.

Para além de nomeada, está em boa posição para o conquistar. Surpreendeu-a esta distinção?
Claro. Até porque esta participação no West Side Story é o meu primeiro papel principal. Há uma maior exposição à critica, que, em Londres, é sempre muito dura. Confesso que não estava à espera, principalmente por estar a concorrer com pessoas de quem sou grande fã, com quem tenho aprendido bastante ao longo dos últimos anos.

Não pode deixar de ser um orgulho…
Sim, claro. É o reconhecimento público do trabalho que tenho desenvolvido ao longo dos últimos tempos.

Alguma vez pensou, quando, ainda em Guimarães, optou pela representação, que este momento fosse chegar assim tão cedo?
Sempre sonhei alto, admito. Sonhava com estes momentos. Mas, para falar verdade, nunca me passou pela cabeça que tal pudesse acontecer tão rapidamente. Afinal, estou em Londres apenas há três anos…

Foi difícil deixar o conforto de Guimarães para se aventurar em Londres?

Sim, claro. Foi uma decisão muito complicada e difícil de tomar, é verdade. Era outra cultura, outra língua… É óbvio que tive os meus receios. Valeu-me o apoio de todos: família, amigos… Acho que me arrependeria muito mais se não tivesse tentado. Iria passar uma vida inteira a pensar no que teria acontecido se…

Deve ter havido momentos mais complicados, principalmente no início. Nunca pensou em desistir?
Não. Desistir, não. Mas tive alturas difíceis. Há alturas em que a saudade bate um pouco mais, em que se desanimava mais facilmente. Estar sozinha numa cidade nova, a lutar por um sonho, não é fácil… Felizmente, sempre tive toda a gente a meu lado. Nessas alturas, quando ligava para casa, as frases que mais ouvia eram “vais conseguir” e “melhores dias virão”. Foi realmente um trabalho não só meu, mas, essencialmente, de equipa. (risos)

Ter, entretanto, conquistado o coração de um “local” também deve ter facilitado as coisas…

Sem dúvida. Para além de namorados, eu e o Gavin somos muito amigos. Temos a mesma linha de trabalho e compreendemos os sacrifícios que ambos fazemos. Às vezes, mal nos vezes e com uma pessoa que não tivesse a mesma profissão seria bem mais difícil. E depois há a família dele. Que é como se fosse uma segunda família, para mim…

Passando à presença no elenco principal de West Side Story… Fazer parte de um grupo onde já estiveram actrizes de renome mundial, principalmente quando a peça comemora precisamente 50 anos de palco, não deve ser uma aventura fácil…
Pois, lá isso é verdade. A crítica inglesa é muito impiedosa… Confesso que, depois da minha estreia em Londres, estava aterrorizada com o que se iria dizer sobre mim e sobre a peça… Felizmente, no dia seguinte, tivemos quatro e cinco estrelas em jornais tão difíceis de agradar como o The Times ou o The Guardin…

Antes disso, a entrada foi pelo Fantasma na Ópera, onde foi actriz substituta. Foi um início difícil?
Não… Confesso que foi mais fácil do que estava à espera. Fiz um mês de <P><I>ensemble<P>, o que facilitou imenso. E serviu para aprender. Fazia algumas datas pré-marcadas e outras onde só sabia que ia entrar meia-hora antes de subir ao palco. Foi complicado, mas serviu para aprender muito.

Lembra-se do dia de estreia?
Claro! Foi a 23 de Outubro de 2007. Confesso que pensei que ia estar mais nervosa. Estava muito entusiasmada e os nervos influenciaram positivamente. Também ajudou ter o meu namorado e o meu pai na plateia.

E no West Side Story, onde desempenha um papel muito mais relevante?
Aí não foi mesmo nada stressante. Estava muito bem preparada. Ainda por cima não estava em Londres, onde a crítica é sempre mais difícil de agradar… Foi em Dusseldorf, na Alemanha, numa espécie de ante-estreia que durou três ou quatro dias. Quando cheguei a Londres estava muito mais calma e confiante.

Sabe que pode ser considerada um exemplo para muitas actrizes e actores que aspiram a um lugar ao sol… Que conselho lhes daria?
Que tenham muita força de vontade. Isto para além do talento, claro está. (risos) É preciso acreditar. E seguir os instintos. É preciso não desistir quando se fechar uma porta na nossa cara (e acreditem que se vão fechar muitas).  E também convém ter uma família ou um bom grupo de amigos que sirva de apoio. Um apoio incondicional. Não uma daquelas famílias que apenas quer que se tire um curso, que se tenha um canudo. É importante ser feliz. É que não vale a pena ter segurança em detrimento da felicidade.



Texto: Miguel Cardoso; Fotos: Rui Renato; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e cabelo: Tita Costa com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel; Agradecimentos: Teatro Politeama (Rua Portas de Santo Antão, 109, Lisboa; Tel. 213 210 043/052; [email protected]); Manuel Alves; Rafael Freitas (estilita, Rua Santa Maria, 76/78, Guimarães); Bigger (apoio logístico, Rua Dr. José Sampaio, Edifício Santiago, Guimarães)

Siga a Revista VIP no Instagram