Marta Rebelo
Termina relação com Manuel Baeta

Nacional

O desaparecimento do gato foi a razão que levou à separação

Seg, 02/11/2015 - 11:59

Marta Rebelo terminou a relação com Manuel Baeta, depois de o chef ter deixado o seu gato Benny fugir. 

À VIP, a consultora de comunicação contou que o Benny desapareceu há dois meses. “Para mim o Benny, ou Nonô ou a minha gata Kitty são meus filhos, são da minha família. É difícil continuar com uma pessoa numa relação quando se carrega aquela noção às costas. Obviamente que ele não fez por mal, não foi de propósito nem com maldade obviamente”. 

No blogue, escreveu uma carta dedicada ao seu “lourinho adorado” e explica o que aconteceu. 

Leia seguidamente…

“Meu lourinho adorado, não sei onde estás. A tua irmã humana imagina-te num sofá mais-que-confortável, em casa de uma senhora velhinha chamada Conceição, que te recolheu quando fugiste de casa e te enche de mimos e latinhas gourmet e Catisfactions de salmão, os teus favoritos. Eu quero tanto acreditar na Conceição. 

Fecho os olhos várias vezes ao dia e tento imaginar-te ainda mais pançudolas a olhar para mim com os teus olhos dourados muito abertos a dizer está tudo bem mãe, com a voz de bebé que imaginámos teres. Mas depois tenho de fugir com as ideias para outro sítio, porque dói. Terrível e absolutamente. Dói. 

Desde aquela noite de sexta-feira mudou tudo. O meu coração não se partiu romanticamente em mil pedaços cristalinos. Isso é nos idílicos contos de fadas, e a vida não se sente assim. O meu coração ficou completamente esmagado. Nos primeiros minutos, quando dei pela tua ausência, corri a casa histericamente a repetir o teu nome, corri para a rua e a correr também fiz todas as ruas à volta de casa desesperada, a procurar-te, parecia mover-me por sobrevivência. Sou tua mãe e precisava de encontrar o meu caçula. E quando parei, escorreguei mesmo por uma parede e senti: estava todo esmagado contra as minhas costas, e eu só repetia até ao expoente máximo da incapacidade de respirar o meu bebé, o meu Benny, eu nunca mais vou ver o Benny, Benny, Benny, o meu lourinho, e depois levantava-me com uma lanterna de pilhas e ia calcorrear as mesmas ruas, pôr-me de joelhos para te procurar debaixo dos mesmos carros onde a Nonô e eu já tínhamos procurado e chamado por ti. Não desisti, tive de parar por umas horas.

Desde essa noite, Benny, a Nonô passou a dormir na minha cama. Dormimos abraçadas nessa amaldiçoada noite, eu cedi à quantidade gigantesca de lágrimas que me passaram pela pele e a tua irmã ao cansaço e susto. Ver-me desesperada não é pera doce, Benny. Hoje dorme a fazer conchinha comigo, ou deitada com a cara na almofada, como se fosse humana, a cã. 

A Miss Kitty já lhe impôs respeito e é possível dormirem ambas comigo, desde que eu fique no meio. Lembras-te que dormiste comigo desde a primeira noite que passaste em casa? Eras tão pequenino. Dormias no meu pescoço, do lado direito. Dormias de barriga para cima, desde o primeiro segundo confiaste plenamente em mim. Sempre foste um amor, um tamborzinho ronronante, mesmo quando cresceste enorme, maior que a Nonô, mas sempre com a mesma carinha-laroca de bebé.

Procurei-te em todo o lado. Ia sendo assaltada num bairro de segurança duvidosa onde me disseram ter-te visto. Eu e os cartazes e os panfletos que a Dri fez e distribuímos, deixamos este bairro de pantanas. Não houve quem não te procurasse. Não houve quem não me chamasse tendo um gato amarelo à vista, Às três da manhã. Às seis. Às duas da tarde. Fui sempre numa correria desabrida.

Nunca eras tu. Mas segurava as lágrimas porque a Nonô ficou deprimida sem ti nas primeiras semanas, e ainda chora quando digo o teu nome. Ligaram-me da Igreja dizendo-me que podias ser tu, morto, debaixo da rampa. Não eras, sei perfeitamente que não. Coração de mãe não se engana, oiço a tua bisavó Luísa a dizer-me durante anos e anos, a dar-me essa garantia. Sei que estás vivo. E soube – porque lá está, coração de mãe não se engana – desde que me apercebi da tua fuga, que não voltaria a ver-te. Foi essa verdade sabida que me esmagou o coração. Que me roubou uns quilos. Que me mantém presa porque sou uma mula teimosa e não quero permitir que essa verdade seja a verdadeira.

Mantenho a imagem do cartaz em que peço encarecidamente que me liguem a troco de qualquer milímetro de informação sobre ti, na capa da minha página de Facebook. Como se, enquanto assim for, te mantenhas o meu bebé. Nos últimos dias percebi que tenho de te deixar ser o bebé de quem esteja a tomar conta de ti. Encarecidamente já só peço que te cuidem te adorem te mimem te amem.

Andei a fugir deste confronto com as palavras porque só vou em cinco minutos e já mal consigo abrir os olhos de garoupa chorona. Porque sabia que me ia desfazer. Mas não é aquela imagem que nos prende. Eu sou a tua mãe. O próximo idiota que me diga que és um gato, como se isso te diminuísse o estatuto, o amor que te tenho, provocasse uma décalage da tua importância nesta família, prometo que leva um estaladão físico, porque verbais já dei tantos. Eu sou a tua mãe. Tu és o meu caçula lourinho, o meu Benny de Bernardo, o meu leãozinho. 

Ninguém garante a quem tenha o Caetano dedicado a música, se ao filho se a um amante. Eu cantei-a sempre para ti, enquanto te tinha enroscado no meu colo. Sempre que ouvir essa música, seja realmente tocada ou ouvida apenas na minha cabeça, sei que estás a pensar em mim, filhote. Não vou desistir de ti nunca, de te procurar nunca, de te esperar jamais. Mas tenho de tirar aquele apelo desesperado dali. Tenho de enfrentar a desesperança com todo o colossal amor que te tenho. Tenho de voltar a respirar com a cadência da normalidade cardíaca. Por isso tenho de deixar o coração desencostar-se das costas e reconstruir-se. Nunca me custou tanto perder alguém como me custa ter-te perdido. Porque foi inesperado. Porque te obriguei a prometer que ficavas comigo até aos 20. Porque sou eu a tua mãe Benny. Não de barriga. De coração todo. Porque sou a tua mãe, leãozinho. À tua espera sempre, neste tempo, nesta vida e em todas.

P.S. O Manuel saiu das nossas vidas. Foi ele que te deixou fugir, apesar de o ter avisado até à exaustão. Não consegui perdoá-lo. Tentei, mas não consegui. Mesmo que só tenha a tua mantinha e a tua taça azul, és biliões de vezes mais importante do que qualquer namorado. Filho é bocado de nós e é para sempre. Homem é bicho que passa, e só fica se a gente quiser. E eu não quis. Hoje vou tirar a tua caixinha da casa de banho. Mas guardá-la, preciosa, se voltares.”

Texto: MDA; Fotos: D.R.

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