A revista VIP publica nesta edição a última entrevista de Manuel Forjaz. O professor, empresário e orador morreu ontem, aos 50 anos, na sua casa em Lisboa. A forma como lutou contra o cancro de pulmão tornou-se numa fonte de inspiração. Nesta entrevista à VIP, Manuel Forjaz dizia que não trocava a sua vida pela de ninguém, mas que tinha medo do sofrimento.
“O que me preocupa não é a morte, o problema é até à morte. O que me preocupa são os dias, é usá-los bem usados, é não os deitar fora, não desperdiçá-los. O que me preocupa é que os meus dias sejam os melhores possíveis. Não é a morte, de maneira nenhuma”.
E encontrou essas respostas?
E, mais tarde, chorou?
Como se adapta toda uma rotina às obrigações que o cancro impõe?
VIP – Quando, no livro, descreve o dia do diagnóstico, conta que não chorou. Como reagiu?
Manuel Forjaz – Bem, já foi há algum tempo, mas acho que me assustei. Nunca pensei que o problema não tivesse solução e, por isso, muito mais do que perder tempo a ficar triste ou a chorar, preocupei-me em saber o que fazer – hoje, amanhã e depois de amanhã – para resolver este problema da forma mais eficaz possível.
E encontrou essas respostas?
Encontrei algumas. Cometi erros, como toda a gente, mas acho que, no essencial, conduzi o processo da melhor forma possível.
E, mais tarde, chorou?
Talvez uma ou outra vez. Mas os principais momentos de fraqueza têm a ver com os “pregos” da vida, com as coisas que nos colam à vida. Era muito mais provável eu chorar a ouvir uma música dos R.E.M., porque me lembrava o meu filho António, quando ia numa viagem de carro para o Porto e pensava que não o ia ver durante muito mais tempo. Esses momentos emocionais, de ligação à vida, fazem-me chorar mais vezes do que os momentos ligados, propriamente, à doença.
Conta também que nunca abria os envelopes dos exames, mas que, no dia do diagnóstico, abriu. Pressentiu que era grave?
Acho que sim. Tinha perdido o meu irmão há pouco tempo, com cancro. Andava com uma tosse sistemática há muito tempo e que acontecia sempre que entrava na água fria. Portanto, sim, acho que tive a sensação de que podia ser algo grave e quis saber o que era.
Como se adapta toda uma rotina às obrigações que o cancro impõe?
É uma chatice. Estar sempre com tratamentos, ir sempre à farmácia, levantar sempre receitas médicas, estar sempre a marcar consultas… É, sobretudo, uma grande chatice. Isto retira-nos produtividade, retira-nos eficiência, distrai-nos da nossa capacidade de trabalho. Mas, como em tudo na vida, uma pessoa vai-se adaptando. Adapta os seus horários, a sua maneira de trabalhar, as suas refeições, de maneira a encaixar tudo numa rotina que seja minimamente produtiva.
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Foto: Bruno Peres
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