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LAURENT FILIPE revela a cumplicidade que mantém com o pai, o actor SINDE FILIPE

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“O meu pai sofreu na minha adolescência”
Foi ao pai que Laurent Filipe foi buscar o gosto pela música e o bom ouvido que tem. Já Sinde garante que o filho é muito mais organizado que ele e que fisicamente herdou tudo do avô.

Sex, 15/10/2010 - 23:00


Foi ao pai que Laurent Filipe foi buscar o gosto pela música e o bom ouvido que tem. Já Sinde garante que o filho é muito mais organizado que ele e que fisicamente herdou tudo do avô. Numa família que tem mais de 300 elementos, pai e filho garantem que têm uma noção familiar de tribo, de clã. A VIP conversou com o jurado do Ídolos, da SIC, e com o actor que dá vida a Frederico, na novela Laços de Sangue, e testemunhou como os dois se dão bem.

VIP – O Laurent ganhou o título de jurado mais simpático dos Ídolos. É mesmo assim na vida real, Sinde?
Sinde Filipe – Sim. Ele é extremamente comunicativo, muito simpático, muito empático. É sério, honesto e competente.

O Sinde editou dois audio-livros. Nunca pensou em cantar?
SF – Nunca. Gosto muito de cantar no duche. É importante que um actor saiba cantar, que tenha bom ouvido. Por que se assim não for não consegue dar as inflexões correctas.
Laurent Filipe – O meu pai é autor da banda sonora de um filme original dele, O Piano. Estas orelhas que eu tenho vêm de algum sítio.
SF – Eu acho que o Laurent ganhou de mim, sem desprimor para minha ex-mulher, a Francoise, o ouvido que tem. Posso ter imensas limitações, e tenho, mas tenho muito bom ouvido.

Quando o Laurent decidiu ser músico, o Sinde foi das pessoas que mais o apoiou?
SF – Nós apoiámos, mas com toda a reserva que implica ter uma carreira artística, porque eu e a Francoise também somos artistas e conhecemos as dificuldades. Sobretudo, em Portugal que tem um mercado muito pequeno. Basta ver, sendo ele um excelente músico de jazz, foi graças aos Ídolos que foi projectado, porque ninguém sabia quem ele era.

Com um actor em casa porque é que nunca pensou em ser actor?
LF – Já fiz coisas como actor, mas sempre actuei. Sou um actuante, não me podem pedir muito mais. Eu tenho as vivências de ter um actor em casa desde a infância, por isso, é a tal velha história: filho de peixe pode até não saber nadar muito bem, mas nada. A minha ida para a música acontece numa altura da minha adolescência em que também era uma forma de me destacar, de me afirmar.

A música esteve muito presente na sua infância, adolescência. Sinde, como era o Laurent em criança?
SF – O Laurent foi sempre um miúdo encantador. Nunca nos deu problemas, embora às vezes ele fizesse coisas verdadeiramente insólitas. Recordo-me de um episódio.. nós morávamos na Praça dos Estados Unidos, num apartamento arrendado que tinha um bonito quadro a óleo…
LF – … Era um quadro a óleo, mas coberto com um vidro. Eu tirei o vidro, pus o quadro em cima da cama e andei aos pulos em cima dele. Tinha a mania de destruir obras de arte (risos).
SF – Não, não estava a falar dessa tropelia. Foi outra… Era um quadro enorme que tu cortaste com uma faca. Teve de ir para restaurar. Mas tirando essas tropelias, era engraçadíssimo. Nas viagens que fazíamos o Laurent não se calava, contava histórias.

Recorda-se também destas situações?
LF – Perfeitamente. O meu pai sofreu um bocado na minha adolescência, sobretudo quando comecei a tocar trompete. Ele tinha de sair de casa porque o barulho era um bocado insuportável. Entre as 17h e as 20h havia um momento perigoso que era aquele em que eu me dedicava violentamente a ensaiar.

E o Sinde como era enquanto pai?
LF – O meu pai é uma pessoa maravilhosa. É a minha referência em muita coisa e aprendi muito com ele. Temos um entendimento tão próximo que somos quase como irmãos. Não há uma relação paternal. Nós somos críticos e discutimos imenso na procura de um entendimento. Isso vê-se nos audio­–livros.
Foram os únicos projectos que tiveram juntos?
LF – Curiosamente trabalhámos numa novela, O Olhar da Serpente, onde coincidimos a gravar em Paris. As nossas colaborações têm sobretudo a ver com as áreas da poesia e espectáculos. Fizemos agora dois telefilmes sobre o centenário da República para a RTP, em que eu fiz a música e o meu pai entrou como actor.

O que é o Laurent tem do Sinde?
SF – O Laurent é muito mais organizado do que eu, é tão metódico que às vezes digo que ele é chatinho. Ele é parecidíssimo com o avô. De mim herdou a sensibilidade, a veia artística.
LF – Acho que herdei do meu pai um certo empreendedorismo. Embora seja uma pessoa mais metódica, atiro-me aos projectos. Preciso de encontrar coisas novas, que me motivem. Isso é uma coisa que o meu pai faz muito.
Sendo os dois artistas como é que conseguem ter tempo para manter a cumplicidade que os une?
LF – Para nós a família é o mais importante. Nós temos uma agenda que dá prioridade à família, pelo menos no meu caso. Temos a sorte de estarmos todos próximos uns dos outros, por isso, não é difícil encontrarmo-nos. A minha mãe organiza muitas reuniões familiares.
SF – É verdade, a Francoise é responsável por muito do equilíbrio desta família. Apesar de estarmos separados, ela continua a ser um pilar da família. Aliás, a nossa família é uma tribo e de vez em quando juntamos todos os Filipe, que são mais de 300, e fazemos uma reunião.

Fazem isso frequentemente?
LF – Não tão frequentemente como deveríamos. Normalmente é uma operação que implica uma estratégica geográfica e depois alugar uma quinta. Somos mesmo muitos. É tudo organizado por cores e as pessoas têm de se inscrever.
Com um sentido tão grande de família, por que é que nunca teve filhos?
LF – Eu tenho um enteado. Não tenho filhos porque as circunstâncias do meu primeiro casamento nunca o proporcionaram. Entretanto, quando me casei com a Paula [Castelar], o João já estava mais que crescido – já tem 27 anos –, por isso, o meu próximo passo é ser avô.

Não teve pena de não ser pai?
LF – Não sei. A questão do arrependimento da paternidade é uma coisa complicada e eu espero nunca me arrepender de não ter sido pai.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Bruno Peres 

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