Sónia Araújo
Já ganha mais que Cavaco e Passos Coelho Juntos

Famosos

Depois da “Praça da Alegria”, apresentadora brilha noutros projetos

Ter, 21/05/2013 - 23:00

Quando, em janeiro, foi afastada da Praça da Alegria, que apresentava há 18 anos, Sónia Araújo não tentou disfarçar a tristeza, a revolta e a desilusão. N o entanto, quatro meses volvidos sobre o assunto, parece não só ter dado a volta à situação, como arranjou outras soluções para a sua vida, que são ainda mais rentáveis do que a vida que tinha com a RTP. Apesar de estar no ar apenas ao fim de semana com 'Aqui Portugal', ao lado de Jorge Gabriel, a verdade é que a dupla acaba por trabalhar mais do que quando estava três horas e meia por dia em direto com o programa da manhã.

Durante a semana, os dois preparam reportagens quase diariamente e têm menos tempo livre. Como todos os portugueses, Sónia Araújo e Jorge Gabriel acabaram por ver piorar as suas condições de trabalho: trabalham mais horas e recebem menos. Recorde-se que, além de saírem do programa que apresentavam juntos há mais de uma década, também sofrerem uma redução de ordenado na ordem dos 30 por cento. Jorge Gabriel, que auferia 18.000 euros, passou a receber 12.600, e Sónia Araújo, que recebia 14.000 euros, passou para menos de 10.000. No entanto, depois da revolta inicial, a dupla aceitou o seu destino e, em entrevista à VIP, a apresentadora admitiu que estava entusiasmada com o novo desafio.

“Eu não me agarro muito às coisas. Já passou. Acho que temos continuar o nosso caminho. Obviamente que a 'Praça da Alegria' é a 'Praça da Alegria'. Não posso esquecer o passado e os anos todos que partilhei com o programa, mas agora temos de olhar em frente e é com esse espírito que estou.” A mesma opinião tem Jorge Gabriel, que está muito satisfeito com os resultados. “Para já, o balanço é fantástico. Temos tido resultados acima do que era esperado, satisfaz-nos, mas obriga-nos a ter mais sentido de serviço do que tínhamos no arranque, quando estávamos muito expectantes. Agora, que resultou, estamos ainda com mais vontade de superação”, diz.

Para além de estar a ter bastante sucesso com o novo formato, nos últimos meses, a ex-bailarina conseguiu praticamente duplicar o valor do seu ordenado mensal com as restantes atividades que tem. Por um lado, faz várias campanhas publicitárias, representando marcas consagradas. Garnier, Eugénio Campos ou Cavalinho são algumas das marcas que lhe pagam cachets para emprestar a sua imagem. Segundo a VIP apurou, em média, a apresentadora cobra cerca de 20 mil euros por cada campanha de publicidade.

Para além disso, pouco depois de ser anunciada a sua saída da Praça da Alegria, Sónia ganhou coragem para concretizar um sonho antigo e em apenas dois meses tornou-se uma das estrelas do Canal Panda, lançando em exclusivo o CD e o D VD Sónia e as Profissões, onde canta, para o público infantil, 12 temas alusivos a várias profissões, entre elas professor, bombeiro, polícia, escritor, DJ, cientista, padeiro ou futebolista. Para além das vendas do álbum e do DVD, são sobretudo os espetáculos que estão a ser muito rentáveis para a apresentadora. Estreou o musical Sónia e as Profissões em palco no dia 18 abril, no Teatro Municipal de Vila do Conde.

Entre as 540 pessoas da assistência, contou com o apoio da família, nomeadamente do marido, Vítor Martins, e dos filhos, Carolina, de nove anos, e os gémeos, Tomás e Francisco, de quatro. E a agenda ficou cheia. Já teve espetáculos no Funchal, Guimarães, Beja, Portalegre e Lisboa e tem marcações para o Porto, Santa Maria da Feira ou Ílhavo, entre outros. O seu companheiro do programa Aqui Portugal ainda não viu, mas não duvida das capacidades da colega: “Ainda não estou autorizado pela Sónia a ver um espetáculo. Ela quer que eu vá quando estiver tudo afinado, e eu respeitei, portanto, irei quando ela me der essa indicação, mas acho que a Sónia está a fazer algo para o qual tem aptidões. Não é nada que não tivéssemos conversado há anos. Para nós é apenas a realização de um dos sonhos e ambições da Sónia”, diz

Jorge Gabriel, realçando que não sabe “até onde vai o sonho da Sónia cantora”. A cantora também não, mas pensa a longo prazo. “É outra janela que se abre e que pode evoluir para mais profissões, para outros temas e para espetáculos ao vivo”, disse em entrevista à VIP, realçando: “Os recursos na televisão não são muitos, mas ainda há muito que se pode fazer com os recursos que temos. Se me disserem que tenho dinheiro para um grande talk show ou espetáculo de variedades, com música, bailado e teatro, é claro que fazia. Ia sentir-me como peixe na água”, afirma.

Feitas as contas, Sónia Araújo duplica o ordenado da estação pública com as atividades paralelas. E apesar de, aos 42 anos, ainda ter muito pela frente, a apresentadora preocupa-se com o futuro, não só o seu, mas também o dos filhos. “Tento viver com aquilo que tenho, tentando seguir os meus sonhos e objetivos. Acho que as pessoas não devem deixar de sonhar, por muito negro que seja o cenário. Mas claro que me preocupa o futuro. Preocupa-me o futuro dos meus filhos, acima de tudo”, disse.

Ser mais cidadão

Se Sónia Araújo se tem dedicado a atividades lucrativas, Jorge Gabriel parece estar a aproveitar esta nova fase da sua vida para cumprir algumas missões pessoais e antigas paixões. O fervoroso adepto do Sporting foi recentemente eleito para o conselho leonino. “É uma responsabilidade e é também um orgulho para a minha família”, afirmou. Recentemente, o apresentador recebeu também um convite de Luís Filipe Menezes para ser candidato pelo PSD à Junta de Freguesia de Ramalde, no Porto, nas próximas eleições autárquicas, que se realizam em outubro.

Ainda não decidiu se avança, mas a possibilidade de fazer algo pela cidade que tanto ama está a merecer séria ponderação. “É um convite que me deixou suficientemente orgulhoso para que esteja a ponderar. Nunca tinha pensado nessa possibilidade, foi uma grande surpresa. Mas se for, não vou para fazer política, irei para prestar um serviço de cidadania”, diz. ”É um cargo que obriga a uma constante preocupação com o bem comum e, em consequência, a uma entrega muito grande e isso com certeza que me responsabiliza”, salienta, referindo-se ao facto de ter ainda mais trabalho agora e de estar a pensar se terá disponibilidade para dedicar mais de 30 horas semanais ao cargo.

Afinal, ser presidente de uma junta de freguesia com mais de 20 mil eleitores, como Ramalde, de forma constante, paga um quarto do ordenado do Presidente da República, ou seja, cerca de 1800 euros, mais cerca de 500 em despesas de representação. Se optar por estar apenas a meio tempo na junta, ganharia pouco mais de 900, muito menos do que aufere com a televisão. Porém, o dinheiro não é, de todo, o que motiva o potencial candidato.

“Se for, é pelo serviço, pela cidadania, é uma missão. Eu tenho pena é que as pessoas muitas vezes vejam as missões pelos cargos e não pelas simples tarefas comunitárias, que são de extrema importância para que possamos viver um bocadinho melhor”, diz, realçando que a RTP é a sua “atividade principal”. Para já, fica estagnada a vontade, expressa há muito, de ter um talk show na estação pública. “Toda a gente sabe, desde o presidente do conselho de administração ao diretor- geral, ao diretor de programas, toda a gente tem conhecimento deste meu propósito”, remata.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Impala e DR

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