Hélder Rodrigues
HÉLDER RODRIGUES revela os seus sonhos

Famosos

O melhor piloto português no Dakar confessa o desejo de casar e ter filhos.

Qua, 20/01/2010 - 0:00

Deu nas vistas no Dakar de 2007. Depois disso, um grave acidente numa prova deixou-o em coma. Mesmo assim, e mais forte do que nunca, Hélder Rodrigues quer ganhar a próxima edição do conceituado Dakar. Paralelamente ao sucesso profissional, o piloto pretende realizar os seus maiores sonhos pessoais.

VIP – Continua a alcançar óptimos resultados nas provas em que participa. Até onde vai o seu talento?
Hélder Rodrigues – Costuma dizer-se que o talento nasce com as pessoas. Algo muito importante é a vontade que temos. E a minha vontade tem sido uma grande ajuda, principalmente nos momentos mais complicados que vivi. Até onde vai chegar? Não sei, mas o que mais quero é vencer o Dakar.

O que falta para manter-se mais vezes no lugar mais alto do pódio?
Em Portugal, a maior dificuldade é manter um projecto que seja superior a um ano ou uma corrida. Agora, com este novo projecto, acho que as coisas vão mudar e já estamos a pensar no futuro e não apenas na próxima prova. Tudo isto dá-me a estabilidade que não tinha.

Isso quer dizer que está na máxima força para disputar qualquer título com outro piloto?
Estou a lutar por isso (risos).

Fez um excelente resultado no Dakar 2007. No ano seguinte a prova foi cancelada. O que sentiu?
Em Setembro desse ano tive um acidente muito grave. Apesar de não estar na máxima força, queria muito participar. Quando recebi a notícia, no momento em que estava a arrumar as coisas, não quis acreditar. Só acreditei na conferência de Imprensa.

Como é que um piloto se prepara para o Dakar?
A minha preparação é efectuada ao longo do ano. Nos últimos meses há uma maior preocupação com a componente física e outros pormenores. É um ano inteiro a preparar a prova.

Qual é a competição que recorda com maior alegria?
Felizmente, já venci muitas corridas na minha carreira. Mesmo assim, tenho de destacar o Dakar porque é algo completamente diferente de tudo o que um piloto faz. Dentro do Dakar, destaco a edição de 2007 e a primeira etapa, em Portugal, com milhares de pessoas a assistir.

Há alguma que gostasse de apagar da memória?
Aquela em que tive o acidente muito grave, também em 2007, no Chile.

Nessa altura, não pensou em desistir da carreira?
Nunca! Só pensava em ficar bom para competir na próxima corrida. Acho que esse foi o meu grande segredo para recuperar tão depressa.

Não teme ficar com mazelas no corpo para o resto da vida?
Até agora não pensava nisso, porque estive mais de oito anos sem qualquer lesão. Isso estava apagado da minha memória, mas neste momento já me preocupo. Para superar isso tento trabalhar mais e ser cada vez mais exigente com o meu trabalho e com o meu treino.

Tem mais algum talento além do que demonstra a conduzir?
Não (risos). Sou uma pessoa normalíssima. Não sei se pode ser considerado um talento, mas sou muito observador.

É louco por motas, mas no seu dia-a-dia prefere o carro…
Dou preferência ao carro porque ando praticamente todos os dias de mota e sinto necessidade mudar um pouco a rotina. Também é bom para descansar o corpo.

Há muitas diferenças entre o Hélder piloto e aquele que está com a família e amigos?
Não. No dia-a-dia sou uma pessoa perfeitamente normal. Tive uma juventude igual à da maioria dos jovens e posso dizer que nesta fase da minha vida estou cada vez mais concentrado no meu trabalho. Quando era mais novo perdia mais tempo com amigos e saídas. Depois do acidente, fiquei mais reservado, adaptei-me a um nível de vida focado no meu trabalho. Quase que vivo exclusivamente para o meu trabalho.

Passa muito tempo a viajar. Isto é um obstáculo para a sua vida pessoal?
Não. Há mais de dez anos que viajo muito, mas sempre tive tempo para tudo. Sempre saí com os meus amigos, sempre tive tempo para namorar, sem prejudicar os meus treinos. Sempre geri bem esse aspecto da minha vida. Sou um profissional sério, mas sem descurar o trabalho, sempre tive tempo para tudo.

Falou na namorada. É fácil manter uma relação?
Não é fácil namorar com um piloto porque passamos muito tempo a viajar. Apesar de passar grande parte do meu tempo livre em casa, a maior parte dos fins-de-semana são passados a competir.

As raparigas metem-se muito consigo por ser piloto?
Não, só o normal (risos).

Apesar de estar focado na carreira, já pensa em ter filhos e casar?
Claro! Casar e ter filhos é algo que quero e que estou a planear. Tenho pensado muito nisso, mas acho que vou ter que adiar esse sonho enquanto quiser ser um piloto rápido no Dakar.

Isso significa que irá abrandar o ritmo da carreira quando realizar esses sonhos?
Por mais que queira manter o ritmo, o psicológico não deixa que isso aconteça. Há provas que exigem muito de nós e tendo filhos não será fácil manter o ritmo.

Queria ter um menino para dar continuidade à carreira do pai?
Não penso nisso. É algo que acontece se tiver que acontecer.

Já tem planos para o final da carreira?
Até há pouco tempo só pensava em andar de mota. Se tudo correr bem ainda tenho muito tempo de carreira, mas já começo a pensar no futuro e as ideias vão variando consoante as disposições e motivações. Uma das minhas ideias é dar uma ajuda ao meu pai que tem uma fábrica de sopas. Como tenho muitos contactos no estrangeiro, poderei usá-los para expandir o negócio além-fronteiras.

Em tempos disse que queria pilotar aviões…
Sim (risos). Tenho muitas ideias. Quem sabe voltar a estudar e tirar o curso de Medicina. Tenho muito tempo para pensar nisso.

Os acidentes que teve mudaram a perspectiva que tem da vida?
Não. Tentava perceber porque tinha caído e o que me tinha acontecido. Só queria recuperar o mais depressa possível.

Texto: Bruno Seruca; Foto: Paulo Lopes; Produção: Manuela Costa; Cabelos e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel; Agradecimentos: Loja das Meias; Cortefiel e Aldo

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