Vanda Miranda
“Gosto de dizer que foi a rádio que me escolheu”

Famosos

Locutora é a voz feminina das manhãs da Rádio Comercial

Qui, 17/05/2012 - 23:00

 Começou a fazer rádio aos 17 anos numa emissora local e hoje Vanda Miranda, de 40 anos, é uma das vozes mais conhecidas de Portugal. A locutora das Manhãs da Comercial, da Rádio Comercial, acorda todos os dias milhares de portugueses com o seu tom descontraído. Dividindo o protagonismo com quatro homens – Pedro Ribeiro, Nuno Markl, Vasco Palmeirim e Ricardo Araújo Pereira – consegue revelar o seu lado feminino.

VIP – Sempre disse que não queria ser como as locutoras do antigamente que tinham “voz de cama”. Vinte anos volvidos do seu começo acha que conseguiu?
Vanda Miranda – Quando eu dizia isso, sem desprimor para as locutoras da geração anterior à minha, referia-me àquela voz colocada, de mulher doce, geralmente associada aos programas da noite. Eu queria ser igual aos homens, despachada, ter uma postura natural e não estar com grandes preocupações se a voz é ou não bonita. Mais do que a voz preocupava-me a postura. Quanto a ter voz de cama, se é que tenho, é porque faço o programa da manhã e não é voz de cama, é voz de sono porque começo às sete da manhã (risos).

Como é ser locutora num dos programas com maior audiência em Portugal?
Às vezes prefiro não pensar que está tanta gente a ouvir porque é quase assustador e eu, pode não parecer, sou uma rapariga envergonhada (risos). É muito gratificante termos esta audiência toda, temos trabalhado para isso, era o nosso objetivo e acho que temos uma boa equipa. A nossa forma de estar no programa é descontraída. Costumo dizer que é como se estivéssemos numa mesa de café e de repente há muita gente que se vai juntando. É uma responsabilidade, porque é como uma missão. Há muita gente que nos diz: “Eu já dependo de vocês para acordar bem-disposta ou para esquecer o trânsito a caminho do trabalho.”

As audiências da Rádio Comercial têm-se aproximado da líder RFM.
Estamos muito perto e eu acredito que vamos chegar à liderança. Para além do indicador que é o Bareme Rádio, nós temos o feedback das pessoas e notamos que quando saímos à rua já nos conhecem. A rádio vive cada vez mais da imagem e nós aparecemos em diversos suportes: na Internet, nas campanhas de televisão…

Com toda a exposição mediática ainda consegue levar uma vida normal ou já sente os efeitos de ser uma figura pública?
Sinto, mas não se equipara a quem faz televisão. Quando comecei a fazer rádio era uma anónima. Hoje é raro o dia, e isto não é exagerado, em que não haja alguém que me aborde na rua. Sabe bem, porque é o reconhecimento pelo nosso trabalho.

Com as novas tecnologias deixaram de ser só uma voz e passaram a ter também um rosto para o público. Essa realidade mudou a mística habitualmente associada à rádio?
Era muito giro as pessoas ouvirem a voz e não saberem de quem se tratava, havia uma magia que se perdeu. Mas não acho que seja negativo. Com as várias plataformas que surgiram, como a Internet, era normal que a rádio acompanhasse essa evolução. Hoje não faz sentido uma rádio não ter um site e não transmitir a emissão pela Internet. Ouvia esta história há muitos anos, que a Olga Cardoso, que fazia o programa com o António Sala, diz-se, não sei se é verdade ou não, chegava a fazer o programa de pijama (risos). Hoje em dia não podemos fazer isso.

Nunca foi de pijama?
Não. Até porque nós temos uma webcam no estúdio. Nós fazemos tantas brincadeiras nas Manhãs da Comercial que não me admirava nada se um dia decidíssemos ir de pijama. E acontece uma coisa curiosa: há pessoas que nos dizem que estão em casa às 7h00 da manhã a tomar o pequeno-almoço e vão ver o que se passa no estúdio. Quando nos esquecemos de ligar, enviam-nos mails a avisar. [Dias depois, por brincadeira, foi mesmo de pijama para o estúdio].

Como é trabalhar com Pedro Ribeiro, Nuno Markl, Vasco Palmeirim e, agora, com Ricardo Araújo Pereira?
Uma mulher entre homens, é a minha sina. Costumo dizer: “Mas quantos homens mais vão chegar a este programa? Já chega!”(risos). Acima de tudo é divertido. Se não nos déssemos bem, as pessoas acabavam por sentir, por muito que disfarçássemos.

No Facebook da Rádio Comercial já vos compararam aos Cinco de Enid Blyton.
As pessoas chamavam-nos os quatro magníficos e com a entrada recente do Ricardo [Araújo Pereira] começaram a dizer que éramos os Cinco. Houve um colega nosso na rádio que fez a montagem. Quando éramos quatro diziam que éramos o quarteto fantástico e que o nosso superpoder era acordar os outros bem-dispostos.

Sendo a única mulher num grupo de homens consegue mostrar o seu lado feminino?
Sempre fui muito maria-rapaz. A minha mãe diz que eu quando era miúda gostava de subir às árvores, andar de bicicleta e parti a cabeça 50 vezes. Acho que tenho um lado muito feminino que se evidencia no facto de andar quase sempre de sapatos de salto alto. Gosto de ser mulher e tenho o meu lado feminino vincado. Tenho um irmão mais velho, na altura da escola os meus melhores amigos eram rapazes, também tenho um filho, um pai e um marido. Estou muito habituada ao universo masculino. Às vezes há aquelas “pegas” porque eles pensam de uma maneira e eu de outra, é perfeitamente normal, eles dão a visão masculina e eu a feminina.

E o seu marido não tem ciúmes por trabalhar só com homens?
(Risos) Não, acho que ele não se importa. Conhece-me bem e sabe que eu sempre tive muitos amigos homens e que tenho uma relação muito boa com os meus colegas de programa. Quando chegar a casa vou perguntar-lhe, ele nunca me disse. Se calhar está na hora de lhe perguntar (risos).

Era em rádio que queria trabalhar quando era criança?
Nunca tinha pensado nisso. Sou um caso atípico, porque eu oiço os meus colegas falarem que tinham esse sonho. No meu caso foi diferente. De forma muito poética gosto de dizer: “A rádio escolheu-me” (risos). Eu estava na área de Jornalismo e Turismo no liceu e na altura da legalização das rádios locais tive o convite de um amigo: “Olha, não queres ir fazer testes à rádio local para ler os noticiários?” Na inocência dos meus 17 anos pensei: “Olha, está bem” (risos). Ao que parece tinha uma boa dicção e foi assim que tudo começou.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Liliana; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelo: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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