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“Gosto de arrojar nos sapatos que crio”

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EGÍDIO ALVES
O gosto pela moda despertou cedo em Egídio Alves, que descobriu na arte de desenhar sapatos a sua vocação. Aos 29 anos, este designer de São João da Madeira prepara-se para lançar a segunda coleção de sapatos, cujo recurso a cores fortes, peles exóticas e pequenos apontamentos prometem fazer a diferença no mercado do calçado nacional.

Sex, 03/02/2012 - 0:00

 O gosto pela moda despertou cedo em Egídio Alves, que descobriu na arte de desenhar sapatos a sua vocação. Aos 29 anos, este designer de São João da Madeira prepara-se para lançar a segunda coleção de sapatos, cujo recurso a cores fortes, peles exóticas e pequenos apontamentos prometem fazer a diferença no mercado do calçado nacional… e internacional, já que o percurso lá fora valeu-lhe o reconhecimento em Bolonha, Itália, quando em 2008 foi anunciado vencedor, pelo Consorcio Vero Cuoio, da Feira Mundial de Materiais Lineapelle. Curiosamente, com um modelo para homem.

VIP – Vai lançar a sua segunda coleção. Como é que tudo começou?
Egídio Alves – Desde criança que tenho jeito para criar coisas e agora percebo que sempre estive virado para o design. Os meus irmãos mais velhos trabalham todos em áreas ligadas à moda e às artes, então cresci neste ambiente. Ninguém na minha família está ligado à indústria do calçado, apesar do meu avô ter tido uma fábrica de sapatos de criança. Devo sair a ele. Só agora estou a iniciar a minha marca e a lançar-me no mercado porque decidi, antes de tudo, investir na minha formação.

E porquê o calçado feminino?
Os sapatos sempre captaram a minha atenção, na medida em que são o complemento ideal do vestuário. Depois, as criações para mulheres permitem-me dar largas à imaginação, na medida em que posso dar mais forma e estrutura ao calçado feminino. O homem compra apenas uns sapatos pretos ou castanhos e quando precisa. As mulheres não são assim (risos).

Porém, ganhou um prémio com uns sapatos de homem.
Foi num concurso internacional. É a parte do meu trabalho de que nunca falei, mas agora pretendo tirar partido de todas essas coisas. Foi um momento muito emocionante e um marco na minha carreira. Admito que me emocionei quando ouvi anunciarem o meu nome.

Por que decidiu ser conhecido primeiro fora de Portugal?
Não foi propositado. Depois de ter sido rotulado como “o jovem prodígio de Portugal” nesta área, achei que estava na altura de me mostrar ao meu país. Contudo, já comercializo os meus sapatos lá fora e estou agora a entrar nos mercados da Rússia e de Angola. Quero traçar o meu caminho sem olhar aquilo que os outros fazem.

Onde vai buscar a sua inspiração?
As minhas coleções são feitas no maior secretismo, não consigo contar a ninguém, mas antes de terminar consulto a minha família. Trabalho melhor de noite. Acontece-me acordar com ideias e levanto-me para esboçar aquilo que estou a projetar na minha imaginação.

Como caracteriza os seus modelos?
Os meus sapatos são para mulheres entre os 20 e os 50 anos. Mulheres profissionalmente bem-sucedidas, cosmopolitas, que vistam um tailleur ou calças de ganga; para uma mulher que saia à noite com o mesmo sapato com que vai trabalhar, mesmo que tenha trocado de roupa à saída do trabalho. São sapatos que podem ser usados em todas as circunstâncias e que são intemporais. Sou simples e tranquilo a criar, mas gosto de arrojar nos sapatos que crio. Aposto em peles exóticas e em cores. Se aparecesse no mercado com sapatos de tons neutros ia ser mais um. Classifico-me como simplista e arrojado. Depois, acho que os pequenos pormenores é que fazem a diferença e é nisso que invisto.

Que “pequenos pormenores” são esses?
Os sapatos são especiais e é assim que devem ser sempre encarados. Tenho sapatos com laços grandes, são uma espécie de presente (risos). Depois, coloquei um brilhante na sola, para dar destaque. É um apontamento. A minha imagem de marca é tudo aquilo que se possa ver no sapato e a sola deve ser contemplada.

Que marca quer deixar no vestuário feminino?
Quero que uma mulher que tenha os meus sapatos calçados faça com que outra mulher olhe para ela de baixo para cima. Assim, fica para trás aquela frase “olhou-me de alto a baixo”, para que se diga “olhou-me de baixo para cima” (risos). Vai ser essa outra tendência que vou implementar no mundo do calçado feminino.

Texto: Micaela Neves; Fotos: Carlos A. Tavares; Cabelos e Maquilhagem: Anna Santos e Vânia Freitas

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