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FRANCIS OBIKWELU explica porque decidiu voltar à alta competição

Famosos

“É bom sentir o quanto gostam de mim”
Apesar do seu Português ser ainda hesitante, FRANCIS OBIKWELU explica que sempre se sentiu em casa no nosso país e refere a forma carinhosa
como o tratam, lamentando apenas o facto de as portuguesas serem muito tímidas.

Qua, 16/09/2009 - 23:00

É de sorriso rasgado e com uma simpatia desarmante que o atleta recebe a VIP. Apesar do seu Português ser ainda hesitante, Francis Obikwelu explica que sempre se sentiu em casa no nosso país e refere a forma carinhosa como o tratam, lamentando apenas o facto de as portuguesas serem muito tímidas. Solteiro “e bom rapaz”, o próximo ano trará de novo Obikwelu às pistas de tartan…

VIP – Como tem sido a sua vida desde que parou com a competição? Tem saudades?
Francis Obikwelu – Não! Neste momento estou muito bem. Tal como disse o ano passado vou terminar a minha carreira, mas continuo o meu trabalho com o Sporting e, para o ano, vou estar no Campeonato da Europa. De resto, estou empenhado com o trabalho na Fundação Francis Obikwelu. Esses são os meus principais objectivos. Mas tudo de uma forma mais relaxada, quero viver…

Está mais tranquilo.
Sim. Nunca tive oportunidade de tirar férias… Foram 14 anos com um só pensamento fixo: “Quero ganhar, quero ganhar.” Neste momento, quero relaxar. Mesmo que entre em competição, e vou entrar, é sempre com mais tranquilidade.

Não acha que os portugueses ficaram tristes quando anunciou que ia abandonar a alta competição?
Sei que foi uma surpresa para todos… Até para a minha mãe (risos)! Foi uma decisão que tomei rapidamente, embora já tivesse pensado nisso há mais tempo, e não foi por os Jogos Olímpicos não terem corrido bem. Foi, sobretudo, devido ao stresse que cheguei à conclusão que precisava de descansar.

Como sente o carinho dos portugueses?
É muito bom ver e sentir o quanto as pessoas gostam de mim. Como sabe, não sou futebolista; sou atleta de 100 metros, mas as pessoas conhecem-me, sabem o meu nome e isso é muito emocionante. Por isso, decidi que para o ano vou competir novamente.

Criou a Fundação Francis Obikwelu para dar a ajuda que não teve quando estava a começar?
Exacto! Sempre foi o meu pai que me deu todas as oportunidades. E embora ele quisesse que eu continuasse com os estudos, a verdade é que não tinha dinheiro para isso. Eu disse-lhe: “Pai, eu tenho talento, portanto, posso escolher outra forma de viver.” Mas claro que foi difícil. Tal como ele, a minha mãe sempre acreditou que ia ser um bom atleta.

Esse apoio é fundamental?
Sim. Se a família der apoio, têm sempre mais hipóteses de evoluir. Agora se a mãe está para um lado, o pai para outro, o filho, como é muito jovem e não sabe o que quer fazer, pode começar a experimentar drogas. Por isso, o grande objectivo da fundação é ajudar os miúdos que, tal como eu, não têm dinheiro.

Vê muitas crianças com talento?
Sim, mas só querem futebol, futebol…

Nos últimos anos o Francis, o Nélson Évora e a Naide Gomes, principalmente, são responsáveis por muitos jovens seguirem outros desportos e por nos darem visibilidade no mundo, não só no futebol…
Acho que sim. Contudo, embora Portugal tenha evoluído também no atletismo, na velocidade, no salto, na maratona de fundo, o principal continua a ser o futebol. Talvez se existissem mais apoios, surgissem mais atletas de nível mundial.

O segredo do seu sucesso é o treino.
Sim, e a disciplina. Devo estes princípios ao meu pai e à minha mãe. “Quero ganhar, quero dar”, esse sempre foi o meu maior sonho. Na minha infância, adormecia e acordava a pensar nisso. Às vezes, vejo miúdos que vão treinar, mas passam o tempo a brincar. Quando eu chegava ao treino e o treinador dizia o que fazer, eu interiorizava isso e dava o meu melhor. É por isso que a disciplina é fundamental. Mas, ao fim de 14 anos, estou cansado e quero desfrutar a vida.

A alta competição é uma vida de muitos sacrifícios?
Muitos! É muito intensa, são muitos anos de trabalho, a pressão da alta competição é muita. Ainda assim, amo o atletismo e é uma coisa que gosto de fazer.

Da sua vida pessoal pouco se sabe. É casado, tem namorada?
Sou solteiro e não tenho namorada.

As portuguesas assediam-no muito?
A mulher portuguesa é muito bonita, mas muito tímida (risos). Além disso, têm medo de se aproximar, talvez por acharem que sou famoso (risos), mas quando o fazem depois dizem que sou diferente. Gosto de estar no meio de jovens, das pessoas. Sempre fui e sou um homem simples. É assim que sou.

Abordam-no na rua?
No Algarve é mais complicado, mas tento sempre ter um bocadinho de tempo para as pessoas, para dar um autógrafo, para conversar. Mais uma vez sigo o exemplo da minha mãe que é assim para toda a gente… Ela é uma mulher incrível. Se vou passar férias com ela à Nigéria nunca saio, estou sempre com ela, está sempre a brincar comigo. Adoro-a!

Acha que vai ser fácil encontrar uma mulher como a sua mãe?
Vai ser difícil, mas Deus vai-me ajudar (risos).

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelos: Tita Costa com produtos Maybelline e LÓréal Professionnel; Agradecimentos: Grande Real Villa Itália & SPA – Cascais; Adidas e Modalfa

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