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FILOMENA GONÇALVES, mulher de MOITA FLORES, faz confissões surpreendentes

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“Eu e o Meu Marido Somos os dois de Esquerda”
Não tem “papas na língua”. Apesar de casada com o guionista, escritor e político Francisco Moita Flores, que esteve ligado ao PSD, não tem pejo em desafiar a lógica mais convencional e disparar tiradas politicamente incorrectas.

Sáb, 10/07/2010 - 23:00

Não tem "papas na língua". Apesar de casada com o guionista, escritor e político Francisco Moita Flores, que esteve ligado ao PSD, não tem pejo em desafiar a lógica mais convencional e disparar tiradas politicamente incorrectas. Está-lhe na massa do sangue ou não tivesse sido Filomena Gonçalves a célebre  protagonista de uma das mais ousadas cenas de nudez da história da televisão portuguesa, em A Raia dos Medos. Actualmente  nos Morangos com Açúcar, "só para desanuviar", sonha em resgatar o marido da Câmara Municipal de Santarém.  

VIP – O público habituou-se a vê-la em séries épicas da RTP. Ser um dos novos rostos de Morangos Com Açúcar não é "baixar a fasquia" para uma carreira mais "açucarada"?
Filomena Gonçalves – Tem servido para desanuviar um bocadinho. Acaba por ser interessante, para mim, que tive papéis com uma estrutura dramática diferente, agora experimentar uma comédia muito ligeira e em que me sinto a trabalhar para a faixa dos 11, 12 anos e até menos.

Não sente saudades de êxitos  televisivos como Ballet Rose ou O Conde de Abranhos, que tinham outra densidade dramática?
Claro que sinto. Essa foi a minha  ideia, a de que se podia investir mais nesse tipo de produto. Continuo a achar que os portugueses estão mais ligados às séries do que propriamente à lógica das telenovelas, que é muito sul-americana. Contudo, acho que também é importante produzir em português, caso contrário não há mercado. Aliás, era importante começarmos a exportar os nossos trabalhos, gerando um negócio com força, mas isso exigia uma escrita mais cuidada, sem aquela lamechice.

Está a dizer que há falta de guionistas em Portugal?
Bem, eu estou casada com o Francisco (Moita Flores). Como sou uma fã incondional do trabalho do meu marido, acho que há falta de mais "Franciscos".

Já aconteceu lá em casa a Filomena "meter um dedinho" nos guiões dele?
Não! Ele não precisa! Não! Aquilo é um trabalho muito solitário.

Mas o Francisco Moita Flores não lhe pede a opinião?
Ele mostra-me, às vezes, o que escreveu. Isso é uma partilha diferente. Não discutimos o que ele está a fazer. Por gentileza ou por afecto, ele diz: "Lê-me esta página a ver se gostas."
Numa entrevista que fiz, há alguns anos, ao seu marido, ele afirmou que a Filomena é uma das melhores actrizes da sua geração. É verdade ou é conversa de marido "babado"?
Está a ver? Está a ver? Se não formos nós a dizer bem um do outro (risos)… Do ponto de vista de quando iniciei a minha carreira, percorri alguns dos passos que pretendi. Não estou insatisfeita, mas gostava, por exemplo, de ter encontrado mais trabalhos como A Ferreirinha.

A sua carreira foi facilitada por estar casada com o Francisco Moita Flores?
Não, nem facilitada nem dificultada, mas as pessoas ficaram com essa ideia. É possível que ele tenha dito que gosta de mim como actriz, assim como  de tantos outros actores. No entanto, não me parece que tenha tido qualquer influência.

Voltaria a fazer cenas de nudez como na Raia dos Medos?
Bem, eu agora tenho 49 anos. Não tenho nada contra as cenas de nudez, caso sejam contextualizadas.

Para o seu marido, foi difícil lidar com essa exposição do seu corpo, ainda para mais sendo uma cena de violação?
Foi ele quem a escreveu (risos). Não teve pena alguma, mas penso que sim. Penso que terá sido um pouco complicado.

E a eleição do seu marido para a Câmara Municipal de Santarém foi complicada para si? Mudou alguma coisa entre vocês?
Mudou a minha vontade de que ele não repita a experiência.

Pelo desgaste?
Não, sobretudo porque a família acaba por pagar uma factura muito elevada. Gostava que ele encontrasse outras formas de ajudar o próximo porque acho que, no caso dele, a política tem muito a ver com isso. Aliás, é essa a minha definição de política: encontrar soluções. Ele não tem horários e a Matilde (a filha) tem 12 anos. Está a precisar dele e sinto essa necessidade.

Falou na sua definição de política. Porém, o senso comum olha para os políticos de outra forma: muitas vezes, como carreiristas e ambiciosos populistas…
Não, não é o caso dele. Sim, ele quer juntar-se com outras pessoas para encontrar soluções.
A política não lhe traz mais reconhecimento público. As suas necessidades pessoais resolvem-se com a escrita, a tanatologia, o estudo da violência.

O Francisco pede-lhe conselhos?
Não! Eu acho que é sempre para "arrear" nos políticos (risos).

Tem as mesmas opções políticas do seu marido?
Eu e o meu marido somos os dois duas pessoas de esquerda (risos).

O que achou da homenagem pública que o Francisco, sendo de outra cor partidária, fez a José Sócrates?
Olhe, deixe-me que lhe diga: Ainda ontem vi o engenheiro Sócrates a falar dos cortes financeiros e do IVA e eu digo-lhe que concordo com ele.
Não estou assim tão contra!

Até porque é de esquerda, certo?
Até porque sou de esquerda (risos). Acho as políticas sociais importantes, mas se for preciso sacrificar a nossa geração…

Uma curiosidade: o seu marido foi ao programa Depois da Vida, onde a medium inglesa descreveu factos sobre a mãe e o público pôde ver em directo as lágrimas do Francisco. Aquilo impressionou-vos?
A medium falou da minha sogra e claro que, como familiares, nos sentimos todos perturbados. Contudo, a senhora também disse algumas coisas que não estavam certas.

Qual é o segredo da vossa relação durar há tanto tempo?
Afectos.

Texto: Nuno Calado Costa; Fotos: Rui Renato

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