Luís Norton De Matos
Fala sobre a família e o seu primeiro livro

Famosos

“Estou grato à vida por ter a Joana”

Sex, 29/11/2013 - 0:00

Prestes a completar 60 anos de vida, Luís Norton de Matos vê “nascer” o seu primeiro romance, A Noite Em Que Te Vinguei. O treinador de futebol falou com a VIP sobre a sua primeira experiência no papel de escritor e da importância da família, sobretudo na quadra natalícia. Joana e Maria, mulher e filha de Luís Norton de Matos, juntaram-se a esta produção, já em pleno ambiente de Natal.

VIP – Lançou recentemente o seu primeiro romance, A Noite Em Que Te Vinguei. Diria que já recebeu por antecipação o seu presente de Natal?
Luís Norton de Matos – O meu Natal foi antecipado para outubro, com o lançamento do livro. Um obrigado enorme à Matéria Prima por ter acreditado em mim. Também sei que o livro vai ser o presente de Natal de muitas pessoas que vão adorar lê-lo (risos).

Começou a escrever o livro há 20 anos e só agora é que ele foi publicado. Como se sente por ver um desejo antigo tornado realizado?
O futebol sempre foi, e será, a paixão principal nas minhas atividades da vida. Mas sempre tive outros flirts apaixonantes como o cinema, a música e a literatura. Ter tido experiências como ator, em filmes e telefilmes, ter tido um programa de rádio da minha autoria, Ruídos de Inveja, na M80, durante dois anos, corresponderam a momentos inesquecíveis e sonhos realizados. Faltava escrever um livro. Foi o processo mais moroso e difícil e, por isso, o mais saboroso. Escrever um livro durante 20 anos pressupõe um processo árduo de escrita.

Qual foi a principal dificuldade com que se deparou?
Escrevi as primeiras linhas há 20 anos, é um facto, mas estive largos períodos sem escrever. Essa intermitência trouxe-me enormes dificuldades de concentração e obrigou-me a imensas mudanças de rumo na história. Foi como se estivesse sempre a tentar encontrar a melhor afinação para a história e, às vezes, sentia que nunca iria conseguir. Resolvi todas as dificuldades e dúvidas com o aparecimento da “varinha mágica” da minha editora, na pessoa da Liliana Valpaços, que me incentivou, moralizou e me tirou todos os medos.

Pretende dar continuidade à sua veia literária?
Queria muito publicar um livro. Sinceramente, nunca pensei numa continuidade, mas reconheço que cada vez mais existem pessoas que leram este meu primeiro romance e que me “exigem” um segundo. Se tinha dúvidas e angústias antes de publicar este romance, elas foram dissipadas pelas excelentes críticas de pessoas imparciais e com credibilidade para as fazer. Hoje, não tenho medo de falsas modéstias e posso afirmar que escrevi um bom livro. Estou orgulhoso e, provavelmente, haverá vontade para escrever um segundo.

Dedicou o livro à sua mulher, Joana, a quem prometeu que o livro seria publicado quando completassem 20 anos de vida em comum. Como é que ela reagiu quando viu que essa promessa se tornara realidade? Ficou imensamente feliz ao ver concretizada a promessa e por ver que o meu sonho de publicar um livro se realizara. A dedicatória emocionou- a. Foi o meu presente para a Joana pelos 20 anos de vida em conjunto e o reconhecimento de toda a importância que ela representa para mim.

De que maneira a sua experiência de vida e profissional se reflete na obra?
A experiência de vida é o principal alicerce deste livro. Descrever um balneário de futebol, uma sala de controle antidoping, o estado de espírito de um jogador, as ruas de uma cidade, os costumes de um povo… tudo tem muito maior credibilidade se o autor as tiver vivido. Quem me conhece bem consegue identificar traços muito pessoais em diversas personagens deste romance. Viveu em Dakar, no Senegal, durante cerca de cinco anos.

Quais são as melhores memórias que guarda desse tempo?
As minhas memórias senegalesas estarão sempre diretamente relacionadas com a satisfação de ter realizado o sonho de fundar um clube, o Étoile Lusitana. Tendo partido do nada, ver a nossa escola de formação ganhar torneios importantes na Europa e alguns dos nossos jogadores serem cobiçados por alguns dos melhores clubes europeus é uma alegria indescritível que nenhum dinheiro pode comprar. Guardarei sempre, bem fundo no coração, a forma calorosa e amiga como este povo africano me tratou. Foi igualmente uma lição de vida, humildade e reflexão que muito me enriqueceu.

Agora está em Lisboa, mas continua o projeto do clube Étoile Lusitana. Faz parte dos planos voltar ao Senegal com a família?
É verdade que continuo a supervisionar o projeto de futebol do Étoile Lusitana. Para isso, tenho de me deslocar várias vezes por ano ao Senegal. Não faz parte dos meus planos imediatos voltar a viver com a família em Dakar. A Maria está numa fase importante dos seus estudos, em que necessita de estabilidade emocional. Por causa da minha vida de saltimbanco futebolístico, ela já viveu em muitas casas diferentes e já frequentou cinco estabelecimentos de ensino diferentes.

Considera que a diferente realidade do Senegal, comparada com a de Portugal, foi determinante para o crescimento pessoal da sua filha Maria, de 15 anos?
Absolutamente. Foi um privilégio a Maria poder ter vivenciado a realidade de um mundo completamente diferente. Não tenho dúvidas de que esta experiência lhe abriu novos horizontes e vai ficar marcada para sempre, no seu subconsciente. Tornou- se uma pessoa com uma consciência social muito mais rica e tornou-se numa aluna excecional.

Os anos passados em Dakar vão ser uma ferramenta útil na sua vida profissional futura. Celebrou alguns Natais em Dakar?
Ao longo da vida, nunca falhei um Natal com os meus pais e irmãos. A maioria das vezes em Lisboa, mas alguns também foram passados no Minho. Felizmente, a minha estadia no Senegal não contribuiu para haver exceções.

Tem quatro filhos de diferentes relações. Vai juntar a família toda, inclusivamente os netos, para comemorar a quadra?
Esse é o grande mérito da quadra natalícia. Sempre tivemos a tradição de reunir a família.

Como é a relação entre eles uma vez que têm idades tão diferentes?
Idades diferentes, personalidades diferentes, é certo, mas, felizmente, todos se dão bem e respeitam- se. Admiram-se mutuamente, no que respeita aos respetivos sucessos profissionais, estudantis ou artísticos. Sobretudo as três filhas, todas de casamentos diferentes, têm uma enorme cumplicidade. Como pai, tenho um orgulho enorme nesta relação de harmonia entre os meus filhos.

E como descreveria a sua relação com a Joana? Ela tem sido o seu grande pilar?
Costumo dizer que ter conhecido a Joana foi o meu Euromilhões. O seu amor soube dar-me uma estabilidade que há muito procurava. Nunca houve silêncios na nossa relação de amor, que foi cimentada com muita cumplicidade, respeito e amizade. Estou grato à vida por a ter encontrado.

Comemora 60 anos dia 14 de dezembro. Como se sente, nesta fase da sua vida?
Sinto-me um homem mais maduro, mais livre, feliz e realizado, que já percorreu bastante mais de metade da estrada da vida. Durante muitos anos, foi como se tivesse atravessado um imenso oceano sem ver vivalma. Hoje, já avisto um ponto de terra que será, ao mesmo tempo, o meu porto de chegada e de partida. Mas quero retardar ao máximo lá chegar e continuar com esta energia positiva de viver a vida plena de entusiasmo, cheio de planos e objetivos para concretizar.

Qual é o seu maior desejo para 2014?
Continuar a usufruir desta viagem com saúde e esperar que, no Natal de 2014, toda a família continue a estar presente.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Luís Baltazar; Manuel Medeiro e Elizabete Guerreiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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