Bastet E João Cabeleira
“Esta gravidez foi uma espécie de milagre”

Famosos

Depois de dois abortos, a bailarina e o guitarrista dos Xutos & Pontapés estão ansiosos com o nascimento de Fátima

Sex, 22/03/2013 - 0:00

 Com arte e sem preconceitos! Foi assim que a bailarina Bastet e o guitarrista dos Xutos & Pontapés, João Cabeleira, se deixaram fotografar para a VIP. Grávida de sete meses, Bastet mostrou a barriga e o corpo de uma forma inédita. Numa entrevista emotiva, o casal falou do nascimento de Fátima, dos dois anteriores abortos, da diferença de idades entre o casal e dos projetos para o futuro.

VIP – Está no sétimo mês de gestação. Como tem corrido a gravidez?
Bastet – Tem corrido muito bem, dentro do possível e esperado, com uma vigilância médica apertada e os cuidados inerentes a uma gravidez de risco elevado. Temos de acreditar nos conselhos de uma boa equipa médica.

Antes deste bebé sofreu dois abortos espontâneos. Vivem esta gravidez com alguma ansiedade ou já conseguiram relaxar?
João Cabeleira – A fase crítica dos primeiros meses já passou e já relaxámos um pouco em relação a isso, muito embora tenhamos de estar atentos e manter os cuidados necessários.
B – Eu confesso que vivi o primeiro trimestre ainda sob forte ansiedade que se foi dissipando em cada ecografia e a cada movimento da bebé. Penso que a partir do momento em que consegui sentir os primeiros pontapés consegui também relaxar mais um pouco e cair em mim desta maravilhosa realidade. Confesso que agora que alcancei o terceiro trimestre estou realmente tranquila, porque mesmo que ocorra um parto pré­–termo o risco será sempre muitíssimo menor. Cada semana, cada dia… é uma vitória.

Já sabem que vão ter uma menina. O que sentiram quando souberam o sexo do bebé?
B – Eu sempre sonhei ter uma menina, por isso foi uma alegria imensa… um sonho tornado realidade. Já sonho com vestidinhos, lacinhos, bonecas, penteados… estou desejosa que ela nasça.
JC – Eu como desde o princípio senti que era uma menina, quando soube foi como que uma confirmação daquilo que eu já “sabia”! Claro que fiquei muito feliz, mas não ficaria menos feliz se fosse um menino.

Sempre se vai chamar Fátima… porque a escolha deste nome?
B – Eu tive uma educação religiosa e sou também eu uma pessoa de fé, por isso e devido às dificuldades que enfrentei nesta gravidez, penso que tenha sido uma espécie de milagre que esta criança aqui esteja a crescer dentro de mim e que tudo esteja a correr pelo melhor. Daí e de uma viagem ao Santuário de Fátima (indo contra todas as indicações de toda a equipa médica) na companhia dos meus pais, sobrinhos e do João no início da gestação em que pedi para não perder este bebé.

O papá já fez um solo de guitarra para a barriga?
JC – Solo de guitarra elétrica não fiz, mas às vezes toco guitarra acústica que tenho em casa.

A família deve estar radiante com a chegada de mais um bebé!
JC – Neste momento gostava que a minha mãe ainda cá estivesse para poder conhecer a neta.
B – Quanto à minha parte, nós somos uma família muitíssimo unida e fazemos sempre questão de estar envolvidos nas vidas uns dos outros, inclusivamente a família que se encontra mais longe, quer a que está no Norte, quer a que se encontra fora do País. Com os que estão mais longe o Facebook tem sido uma ferramenta fantástica. Este ano a minha família lamentou a perda de dois entes queridos, que infelizmente não vão conhecer a Fátima, mas a quem gostaria de deixar aqui uma homenagem e que certamente estarão a olhar por nós do Céu.

Vão fazer preparação pré-parto?
JC – Entrámos agora no terceiro trimestre e ainda não fomos a nenhuma aula de preparação para o parto, mas quando chegar a altura lá estarei para a acompanhar como tenho feito desde o princípio.
B – O João tem sido um marido excecional. Superempenhado e muito curioso acerca de tudo! Não falta a uma consulta e até está a construir um álbum cronológico do desenvolvimento da bebé, com fotos das ecografias, registo sonoro do coração e todos os passos desta nossa etapa.

Já pensou no parto? O João quer assistir?
JC – Eu penso que o parto é inevitável [risos] e quero muito estar presente e cortar o cordão umbilical quando esse momento chegar.
B – Penso muito no parto e falo muito “com a barriga” acerca desse momento. Quero transmitir à minha filha que é muito bem-vinda e que a amamos muito. Para mim a presença do João é imprescindível… é no fundo o culminar desta aventura a dois e para mim é inconcebível que vivamos esse momento tão especial e único “em separado”.

Como é ser casada com aquele que é considerado um dos melhores guitarristas portugueses…
B – É um grande orgulho, claro! O meu marido é um homem muito talentoso e isso só me poderia deixar orgulhosa, no entanto, se tivesse qualquer outra profissão seria também para mim um orgulho desde que a desempenhasse com paixão.

Lida bem com o assédio das fãs? É ciumenta?
B – O João é um homem interessante, talentoso, charmoso e inteligente e como tal é normal que essas características também chamem à atenção das outras pessoas e das outras mulheres. Depois todas as profissões que estão viradas para o público têm inerente uma certa exposição. Confio muito no meu marido e por isso o ciúme não tem lugar na nossa relação.

E o João é um homem ciumento?
JC – Nós temos uma relação de confiança mútua que não nos deixa quaisquer razões para ter ciúme.
Porque decidiram aceitar este desafio de fazer uma produção sensual em conjunto?
B – Quanto a mim foi por várias razões. Primeiro porque tenho uma escola que visa aproximar as mulheres da sua sensualidade e erotismo e acredito que na gravidez esse lado da mulher tem tendência para ser negligenciado; segundo porque é uma das matérias da minha escola e eu própria sou bailarina de burlesco, em que a feminilidade é uma das coisas mais importantes, logo não há nada mais feminino e exclusivo da mulher do que a maternidade e a gravidez. Para mim, foi uma sessão fotográfica que reflete uma sensualidade feminina e mais uma forma de viver a arte do burlesco nesta fase da minha vida, com um ventre bastante saliente. Fizemos tudo sem complexos nem tabus.
JC – Nós já tínhamos feito uma produção juntos para uma revista masculina, que gostei muito de fazer e que foi uma experiência positiva enquanto casal. Entretanto a Bastet fez uma produção no início da gravidez à qual o público reagiu muito bem e agora quando surgiu esta ideia e este convite aceitei o desafio e gostei muito do resultado.

Como tem sido acompanhar as alterações do corpo, naturais na gravidez?
B – Nada do que se passa durante a gravidez é irreversível, por isso, é necessário manter a tranquilidade e usufruir de todas as transformações mágicas que acontecem no nosso corpo.
JC – Tenho gostado muito de ver a barriguinha crescer e como se pode ver nas fotografias a minha mulher continua em boa forma e claro que eu estou encantado com todas estas mudanças e continuo a gostar de olhar para ela.
B – Nesta fase da vida tudo é absolutamente mágico e belo e se as transformações acontecem é porque o corpo necessita de se adaptar para que a bebé cresça e se desenvolva normalmente. Claro que todas nós ficamos um bocadinho assustadas porque há uma vida que cresce dentro de nós!

Desejos de grávida: João, confesse, já teve de se levantar de madrugada para ir buscar morangos ou outro pedido estranho? Ou a Bastet nesse campo tem sido uma grávida tranquila?
JC – Ela tem sido uma grávida tranquila sem desejos nem pedidos fora do comum. Até passou a gostar de coisas que não apreciava antes.
B – Nunca tive os chamados “desejos de grávida”, às vezes tenho surtos de fome em horas não habituais. Nesse sentido tenho tido muita sorte, pois tirando nos primeiros três meses não tenho tido um apetite diferente do que sentia antes.

Casaram pelo civil numa cerimónia muito discreta. Pensam oficializar a relação pela Igreja? Para quando?
JC – Está nos nossos planos, temos falado sobre isso, embora nunca se tenha concretizado…
B – Talvez agora com a menina façamos casamento e batizado numa cerimónia única!

A vossa história de amor começou de forma peculiar. Já passaram cinco anos, são marido e mulher e vão ser pais. É uma “chapada com luva de pelica” para quem achou que um amor assim não podia vingar?
B – Da minha parte não vivo em função do que as outras pessoas ou a sociedade em geral possam pensar. Tenho de viver a minha vida e isso já me preenche que chegue. Temos de nos aceitar uns aos outros.
JC – Nós amamo-nos e isso basta-nos. Não nos casámos com a intenção de provar isto ou aquilo.
A Bastet tem 27 anos e o João 50. A diferença de idades nunca vos preocupou?
B – Lá diz a sabedoria popular que o amor não escolhe idades e no nosso caso foi isso que aconteceu.
JC – Eu cá vejo essa diferença cada vez mais curta… ora façam as contas: quando eu conheci a minha mulher ela tinha 22 anos e eu tinha 45, logo eu tinha mais que o dobro da idade dela. Depois ela fez 23 e eu fiz 46 e passei a ter exatamente o dobro da idade dela, entretanto ela fez 24 e eu 47 e aí eu fiquei com menos do dobro da idade dela. Conclusão: eu estou cada vez mais novo (risos)!

Profissionalmente deixou de trabalhar em striptease, mas não está afastada da dança. Criou as Bastet & The Burlettes. Como surgiu este projeto e em que consiste?
B – Pois… na realidade não deixei de trabalhar em striptease… é que o burlesco também é striptease. Somente e tal como já era um desejo antigo que retrato no meu primeiro livro, alterei o público. Lutei muito para que isso pudesse acontecer e tenho a certeza que alterei substancialmente a forma das pessoas ditas “normais” verem profissões como a minha. Sinto-me uma pitadinha pioneira nessa matéria. As Burlettes são um materializar de como a mulher real, com um corpo real e uma mente longe do striptease consegue incorporar estas artes. Tenho imenso orgulho delas, bem como do projeto Coquette Burlette, que em conjunto com o Miguel Somsen e a Cátia Simão tem animado as noite lisboetas.

Qual é o segredo para 34 anos depois os Xutos&Pontapés continuarem a ser uma banda de referência no panorama nacional e que agradarem a todas as gerações…
JC – Não existe segredo, existe sim uma forte amizade, respeito mútuo e companheirismo.
Confesso que o destino juntou as pessoas certas com as características certas para que esta banda crescesse e se tornasse no que se veio a tornar ao longo destes anos.

A Bastet nunca tinha ido a um concerto deles antes de conhecer o Cabeleira. Agora já deve ter ido a
imensos. Como se sente quando o João está em palco?
B – Sinto-me naturalmente embevecida, orgulhosa e convencida de que tenho de facto um marido muito talentoso.
E o João, quando assistia aos shows da Bastet o que sentia…. quando ainda não namoravam e depois?
JC – Não há diferença entre o antes e o depois. Quando a vi pela primeira vez a dançar fiquei fascinado não só com a técnica como também pela sua leveza de movimentos e para além disso juntou-se a música porque naquele dia em que a conheci estava a dançar ao som dos Metallica.

Alguma vez lhe pediu para deixar de dançar?
JC – Como é que se pede a um pássaro que deixe de voar?

Se a vossa filha, um dia, quiser seguir a pisadas da mãe?
B – [Boa pergunta] Nunca ninguém me tinha perguntado isso. Se a Fátima um dia quiser seguir os meus passos, espero que o faça com arte, com paixão e com dignidade tal como eu sempre o fiz.
Ou, se pelo contrário, começar a pegar nas guitarras do pai…
JC – Nunca vou querer direcionar os meus filhos para atividade alguma. Devemos sim estar atentos às suas vocações e aptidões.

Se a vossa felicidade fosse medida em decibéis, onde estava, João?
JC – A nossa felicidade não se mede por escalas. Felizmente somos um casal muito feliz.

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel; Produção: Elisabete Guerreiro e Romão Correia

Siga a Revista VIP no Instagram