Pedro Guimarães
Eleito

Famosos

Elegante VIP 2011

Qui, 07/06/2012 - 23:00

É natural de Lisboa, mas está há 35 anos a trabalhar no Porto. Pedro Guimarães é um dos nomes de referência na área da decoração em Portugal. Há 42 anos, já com o serviço militar cumprido e um curso de pintura concluído, recebeu um inesperado convite: trabalhar como decorador. Experimentou e nunca mais parou! Foi o primeiro a abrir uma loja de decoração no Bairro Alto, ainda antes do 25 de Abril, e hoje, aos 66 anos, é responsável pela assinatura de vários projetos públicos e privados, entre os quais se destacam os espaços da Administração da Caixa Geral de Depósitos de Lisboa. Recentemente, decorou uma sala da TEFAF, a Feira de Antiguidades de Maastricht, uma das mais importantes do mundo. No Palácio da Cruz Vermelha, ficou a saber que foi eleito o Homem Elegante VIP.
VIP – Estava à espera desta distinção?
Pedro Guimarães –
Fui apanhado de surpresa, honestamente! Já no ano passado fui nomeado. Esta é uma festa com muita graça, por isso aceitei o convite para aqui estar. Fico muito grato.
Como vê este género de iniciativas? O País está um bocadinho “cinzento”, mas é preciso de vez em quando reunir as pessoas, não se gasta mais por isso e divertimo-nos um pouco e levantamos um bocadinho o moral. É pena que não se pegue em alguns nomes para projetá-los para fora do País. É tudo muito bonito, mas não se passa daqui. Vemos lá fora, por exemplo, pessoas da minha idade, como o Armani, que são promovidos para o exterior. Nós aqui não, ficamos dentro de Portugal… dentro do País eu já sou reconhecido, como acabámos de ver, e fico muito feliz por isso, mas é pena não nos podermos expandir mais. Devíamos expandir-nos com a marca Portugal. É a única queixa que tenho, de resto mais nenhuma (risos). A minha vida tem corrido lindamente, não tenho nada a dizer. Tenho é pena que o que somos não seja aproveitado para outros voos… no meu caso, já não vai interessar, pela idade, mas interessaria ao País.
Já é tarde para arriscar?
É porque é tudo tão lento neste País… e é isso que me custa. Ainda há pouco tempo me perguntavam porque não exporto para a China, mas não temos forma de o fazer porque é preciso uma máquina muito grande que um simples decorador não tem. Para o País estou lindamente, gosto imenso, os meus clientes são todos meus amigos, já vou na terceira geração (risos).
Fora do trabalho o que lhe dá prazer?
Colecionar peças antigas, sobretudo jade, peças chinesas, sou um apaixonado da arte chinesa, jardinagem e muita praia. São os meus principais hobbies.
É um lisboeta e viver na Invicta. Como é que isso aconteceu?
Com o 25 de Abril abri uma loja no Porto, gostei imenso e fiquei por lá, mas trabalho em todo o País. O Porto é a minha base. Fui pioneiro em lojas de decoração no Bairro Alto e vinha muita gente do Norte cá abaixo procurar os meus trabalhos. Já estava casado na altura, a minha mulher também foi, gostou imenso e ficámos por lá.
Tem filhos?
Não. Os meus filhos são as casas que faço.
Como procede quando é chamado para um trabalho?
Gosto de conhecer muito bem o cliente. Obviamente que tenho um estilo e é isso que eles procuram, mas cada pessoa tem uma vivência completamente diferente. Faço sempre grandes amizades e são pessoas que me acompanham ao longo da vida. Acima de tudo, quero sempre inovar, sem entrar no disparate e sem copiar. Hoje há uma grande repetição na decoração, o que é uma pena porque se perde um bocado a criatividade.
Há alguma coisa que não se use em decoração?
Dependendo do sítio, acho que se pode usar tudo. Uma coisa que nunca usei nem gostaria de usar são flores de plástico, mas até isso é possível ser usado, dependendo do pretendido.
Na sua casa muda muita coisa?
Não, depois de feita não é preciso mexer muito. Uma casa não é para pouco tempo, mas sim para muito. Por isso, não gosto de casas muito da moda, porque cansam. Faço uma casa para durar para sempre e a base tem de ficar muito bem feita. Tem de ser muito prática e funcional. Depois vem o bonito e isso depende das finanças do cliente.
Nota mudanças nas finanças?
As revistas trouxeram em massa um certo tipo de mobiliário de pacote, que é uma coisa que eu detesto. E é isso que hoje a gente nova que está fora do mundo da decoração procura, porque é o que vê nas revistas. Tenho de saber dar-lhes a volta e explicar que pode ser uma parte assim, mas outra tem de ser inventiva.
Tem algum sítio especial que gostasse de decorar?
Não. Cada casa que aparece para mim é um entusiasmo!
Que projeto tem entre mãos que lhe está a dar especial prazer?
Estou a fazer várias casas para clientes. Alguns já são repetições, clientes que compraram outras casas. Também fiz recentemente um stand em Maastricht, na maior feira de antiquários do planeta que fez 25 anos e foi-me pedido um para um português – de resto só há dois em Maastricht, um deles é o Luís Alegria – e resultou muito bem.
Pensa na reforma?
Não tenho tempo (risos). Tenho muita gente a trabalhar comigo e estou sempre muito preocupado com eles. Se eu deixo de trabalhar, muita gente deixa de trabalhar.
Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correira

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