Telmo Miranda
“É uma bonita homenagem que faço à minha irmã”

Famosos

Telmo Miranda recebeu a VIP na sua quinta em Torres Novas e falou sobre o novo disco que dedica a Ana, que morreu em 2012

Qui, 12/09/2013 - 23:00

Depois de ter integrado vários projetos de sucesso como a boys band Sétimo Céu e o quarteto Xanadu, Telmo Miranda lança o seu primeiro álbum a solo com o nome Para Ti. O disco é dedicado à sua irmã Ana, que morreu aos 33 anos com um cancro na cavidade abdominal. “É uma bonita homenagem que faço à minha irmã”, diz o cantor, que prosseguiu o projeto também por pedido de Ana.

Telmo Miranda, que celebrou o seu 40.º aniversário em julho, entende que o disco foi o melhor presente de anos que poderia ter. O artista recebeu a VIP na quinta da família, a Quinta de São Mateus, em Torres Novas, e abriu o coração à nossa revista.

VIP – Fez 40 anos há dois meses. Significa que o lançamento do seu primeiro álbum a solo – Para Ti – foi o melhor presente de aniversário?

Telmo Miranda – Foi, sem dúvida. Era um projeto que vinha sendo planeado há algum tempo. Desde 1999 que não gravava discos, o meu último projeto a seguir aos Sétimo Céu foi os Xanadu e desde essa data fui fazendo teatro, televisão e casinos. Lançar o disco coincidiu com o meu 40.º aniversário e foi uma ótima prenda e sinto-me cada vez mais rejuvenescido para aceitar estes desafios novos.

Sente que está a “remar contra a maré”? Sim, a ir contra a lei natural. Não me sinto com a idade que tenho. Não tenho problemas com a idade, senão não a assumiria. Lido bem com o passar dos anos, mas para já ainda não me queixo muito. Acho que as rugas e os cabelos brancos são bons indicadores da passagem pela idade e pela maturidade.

O disco reflete também a sua maturidade enquanto pessoa e artista?
Sem dúvida. Eu acho que independentemente de ser o primeiro projeto a solo, conto que seja de carreira e não algo único, acho que revela maturidade como pessoa, performer e intérprete, um pouco daquilo que fui adquirindo no passado com outros projetos.

O disco chama-se Para Ti. Quem é essa pessoa?
Quando estava a meio do processo de produção do disco, a minha família passou por uma fatalidade, eu perdi a minha irmã, vítima de um tumor [cancro na cavidade abdominal], com 33 anos. Já numa fase complicada da vida dela, ela pediu-me que eu nunca deixasse de sorrir e de fazer aquilo que me apetecesse, porque a vida é isso mesmo. A vida é feita de sonhos e concretizações e nós estamos cá é para sermos felizes o mais possível. A minha irmã, que não conseguiu resistir à doença, acompanhou o processo de gravação do disco ao mesmo tempo que fazia os seus tratamentos. Quando ela partiu, em janeiro de 2012, eu ainda não tinha nome para o disco, apesar de estar em gravações, e achei que seria tão simples e tão intenso dedicar- lhe o disco. Há dois temas que são mais dirigidos para ela: Tu Estarás Aqui e Esta Noite Sonhei, cuja letra é um poema do meu pai. Acho que é bonita a homenagem que eu faço à minha irmã dedicando-lhe o disco com o nome Para Ti.

Apesar da sua irmã ter pedido para prosseguir com o disco, a perda de um familiar é uma grande dor. Onde foi buscar forças para continuar com o projeto?
Eu estive para desistir, é verdade. Foi ela quem me disse para não o fazer. Em conversa com ela, com a família e com os amigos convenceram-me a continuar e a minha irmã foi o grande pilar para conseguir concretizar. É a minha simples homenagem, mas que para mim tem muito significado. Não quero que isto sirva de chamariz à parte comercial do disco, não é essa a minha intenção, é a minha homenagem à minha irmã. Ter a letra de uma canção criada pelo seu pai imagino que seja um motivo de orgulho. Se já havia união familiar, esta situação juntou-nos ainda mais. O meu pai tem feito o seu luto escrevendo. Ele usa vários temas para escrever poemas no seu Facebook pessoal. Houve um dia que eu, ao consultar a página dele, vi um poema, que percebi de imediato que era para a Ana e pedi-lhe autorização para o poder musicar. É uma bonita balada de embalar uma criança, que para mim será sempre uma eterna criança apesar de ter sido uma grande mulher e heroína, por todos os motivos e mais alguns, não só pela doença, mas também pela sua postura na vida.

A Quinta de São Mateus, onde a vossa família tem a Coudelaria Cardoso Miranda, é onde se encontra interiormente e consegue pensar na sua vida?
É uma casa onde tenho a minha privacidade, foi aqui que passei os grandes momentos da minha infância enquanto menino da cidade e aprendi como é a vida do campo. É um dos sítios onde conheci as minhas primeiras namoradas, portanto, é um sítio que me marca e me marcará sempre.

É um homem sentimental e romântico?
Sou uma pessoa apaixonada pela vida, acima de tudo, e apaixonado pela honestidade e sinceridade das pessoas. Sinto-me uma pessoa romântica, aliás, sou um artista que, apesar de ter muita energia em palco, identifica-se mais com baladas do que com músicas mexidas. Isso revela um bocadinho o romantismo que existe em mim.

E o amor por um filho, também é algo que gostaria de poder viver?
Então não? A minha formação é como professor e sempre tive um carinho especial pelas crianças, em contribuir para o seu crescimento enquanto seres humanos. Se eu dei aulas e fui professor outrora, se surgir a oportunidade será mais um sonho concretizado. Hoje em dia é uma grande responsabilidade pôr um filho no mundo.

Mas tem esse sonho de ser pai um dia?
Gostava muito de ser pai, se eventualmente se proporcionar. Mas se não acontecer não viverei em tristeza constante. À medida que o tempo vai passando eu vou aceitando as coisas que me vão aparecendo e também acho que as coisas quando aparecem não são por acaso e tento analisá-las de uma forma imparcial, tento distanciar-me enquanto Telmo e procuro observar-me.

E quanto aos cavalos Lusitanos. Já sei que a ideia de fazer criação partiu de si. De onde vem essa paixão pelo mundo equestre?
É uma paixão desde nascença. Lembro-me sempre de gostar muito de cavalos e de ficar a olhar para eles. A minha mãe até dizia que eu ficava de boca aberta. Nós sempre fizemos questão de aliar a criação ao montar e eu estou mais ligado à dressage. Já fiz a minha estreia no verão e vou voltar a participar numa prova na Golegã em finais de setembro. Vou aproveitando desta maneira os meus tempos livres e gostava de levar este hobby um bocadinho mais a sério, com mais objetivos. Temos poldras nascidas na nossa casa e, se eventualmente houver interessados nas linhas, estamos dispostos a vender algumas. Temos as duas vertentes: a parte de saber montar a cavalo e a criação do cavalo Lusitano.

Mas deixar a sua carreira musical para ser cavaleiro está fora de questão?
Para já está fora de questão. Nunca é tarde para se começar. Há um cavaleiro olímpico japonês que tem mais de 70 anos e começou a sua carreira de cavaleiro depois dos quarenta. A dressage não tem limite de idade.

Texto: HMC; Fotos: Bruno Peres; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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