Paula Neves
“É fundamental a presença do Ricardo”

Famosos

Atriz apoia-se no marido, com quem está há 12 anos, para ultrapassar os momentos de instabilidade profissional

Sex, 22/02/2013 - 0:00

 Aos 35 anos Paula Neves conta com 15 de carreira. A atriz, que recentemente perdeu o contrato de exclusividade com a TVI, não tem receio de confessar que tem medo do futuro e da instabilidade da vida de ator. Porém, esse medo é vencido ao lado de Ricardo, com quem está há 12 anos.

VIP – Que balanço faz destes 15 anos de carreira?
Paula Neves – Quando penso nisso fico com a ideia de que é um número grande demais para o tempo que passou (risos). Por outro lado fico muito feliz e orgulhosa. Esta profissão tem muita instabilidade e insegurança e nunca sabemos o dia de amanhã. Pensar que já levo 15 anos a trabalhar deixa-me realizada, satisfeita e com muita esperança nos próximos 15.

Que memórias guarda da menina que ia aos primeiros castings?
São memórias boas, pois adoro ir a castings. É algo que nunca me intimidou. Quando fui escolhida para a série Riscos no meio de sete mil pessoas foi muito bom. Lembro-me de ter recebido a notícia. Recordo onde estava e foi muito intenso.

Normalmente é associada à Trinca Espinhas da novela Anjo Selvagem. É justo dizer que é um dos momentos altos do seu percurso?
Sem dúvida nenhuma. Foi a minha primeira protagonista. Foi a altura em que mais trabalhei. A novela foi líder de audiências e juntou multidões. Foi feito um episódio em direto. Foi muito importante para a minha carreira.

E acabou por marcar a própria TVI…
Sim. Foi nessa altura que a TVI começou a liderar as audiências e tenho orgulho de ter feito parte desse momento.

Já deu corpo a cerca de 30 personagens. O que lhe dá mais gozo?
A personagem que mexe mais comigo é sempre a próxima. Não sou saudosista nem fico presa no passado. A vida é para a frente.

Como é que um ator lida com os momentos em que não tem trabalho?
O que me faz muita confusão é não ter dinheiro e não saber o dia de amanhã. Se soubesse que estaria seis meses sem trabalho e que depois teria um projeto, preparava-me para esse cenário. Sem saber se é uma semana, seis meses, um ano ou para sempre é algo muito difícil de gerir. Com o passar dos anos é ainda mais difícil.

Foi nisso que pensou quando perdeu a exclusividade com a TVI?
Claro. A exclusividade dava-me tranquilidade. Mesmo assim, não gostava de estar sem saber qual seria o meu próximo projeto, porque isso também me causava instabilidade.

Sentiu-se injustiçada, sobretudo por ter feito parte de um projeto marcante da TVI e de ter estado quase sempre a trabalhar?
Não me senti nada injustiçada. Não tenho ilusões quanto à importância dos atores nestes trabalhos. Tenho noção de que isto é um negócio. Se a empresa chega a uma altura em que decide ser necessário cortar, compreendo isso. Não levo isso como um ataque pessoal. Fico um pouco melindrada por ter sido inesperado. Aconteceu na sequência de trabalhos que correram muito bem. Em vez de melhorar as condições de trabalho, elas pioraram. É estranho, mas não me sinto injustiçada.

Ficou com medo do futuro?
Tenho sempre medo do futuro. É uma condição desta profissão. Tenho medo de não saber o dia de amanhã. De não saber até quando consigo ser atriz. De chegar a um ponto em que terei de procurar outro meio de subsistência. São medos que estão sempre presentes e tenho de lidar com eles da melhor maneira possível.

Tem um plano B caso tenha de procurar outro meio de subsistência?
Não. Tenho confiança das minhas potencialidades e se for preciso arregaçar as mangas e ir ganhar dinheiro para outro lado, eu vou. A minha família está primeiro. É a minha prioridade. Se não for como atriz, será como outra coisa. Não tenho medo do trabalho.

Neste momento há uma competição maior entre os canais, sobretudo com o crescimento da SIC, no que diz respeito à ficção nacional. Enquanto atriz sente que isto é bom?
É ótimo. Quando existem monopólios é mau para o trabalhador. Gosto de concorrência. Gosto que a SIC tenha sucesso. Já trabalhei para a SIC e para a RTP. Nos últimos anos estive na TVI, mas a qualquer momento posso regressar a um dos outros canais como muito prazer e orgulho.

Já teve alguma abordagem nesse sentido?
Vou trabalhar na TVI. Estou a começar outra novela, mas nunca se sabe.

Se ficar algum tempo sem trabalhar pondera sair de Portugal?
Se não correr bem, coloco a hipótese de ir para fora. Na minha área seria um trabalho de enriquecimento que gostaria de fazer. Não me assusta ir para fora.

Nos momentos mais complicados, o Ricardo é o seu grande suporte?
Claro. Sem ele seria tudo muito mais complicado. A única forma de ter instabilidade profissional é tendo estabilidade pessoal. Preciso muito de estar equilibrada e de me sentir segura e firme. Nos momentos em que “abano” é fundamental a presença e o apoio do Ricardo. E o medo do futuro é sempre menor quando é enfrentado a dois.

Nunca escondeu o desejo de ser mãe. Esta reviravolta profissional adiou esse sonho?
Não. Mantenho o sonho de ser mãe. Sou otimista e acho que tudo se faz. Se é a melhor altura, sem saber o dia de amanhã? Não, não é. Mas tudo se faz. Tudo se cria e mais uma boca para alimentar não será um problema.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Luís Baltasar; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelo: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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