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“Deste ano não passa, quero lançar dois livros”

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Projetos de ANA GARCIA MARTINS, do blogue A Pipoca Mais Doce, vão além da loja de roupa
A moda, os vestidos, os sapatos e os acessórios são o mundo de Ana Garcia Martins, 31 anos, conhecida pelo blogue A Pipoca Mais Doce, que assina há oito anos e que conta com 14 milhões de visitas. Aquilo que começou como uma brincadeira, “para escrever os devaneios” que a profissão de jornalista não deixava, transformou-se em algo mais do que isso.

Dom, 15/01/2012 - 0:00

 A moda, os vestidos, os sapatos e os acessórios são o mundo de Ana Garcia Martins, 31 anos, conhecida pelo blogue A Pipoca Mais Doce, que assina há oito anos e que conta com 14 milhões de visitas. Aquilo que começou como uma brincadeira, “para escrever os devaneios” que a profissão de jornalista não deixava, transformou-se em algo mais do que isso. Hoje, Pipoca, como é chamada, é uma marca e com isso a autora tem vindo a concretizar sonhos até então guardados. Com a “sócia ideal” abriu uma loja de roupa, a Bazaar Chiado, e prepara-se para lançar uma linha própria de vestidos, cujo nome não poderia ser outro, senão aquele que a lançou para a ribalta: Linha A Pipoca Mais Doce. Com o jornalismo presente na sua vida, e sem descurar aquilo que diz saber fazer melhor, que é escrever, Ana Garcia Martins vai lançar-se no mundo da escrita e promete assinar o seu primeiro romance ainda este ano. “Deste ano não passa”, garante.

VIP – Começou por ser blogger, agora é empresária e abriu uma loja. Realizou um sonho?
Ana Garcia Martins – Realizei, porque encontrei a sócia ideal, a Filipa [Rebocho], que já tem três lojas no Alentejo. Sempre achei graça a isso. Falávamos que tínhamos de abrir uma loja as duas, em Lisboa. Era um daqueles projetos ao estilo do “temos de…”. Íamos adiando, por um motivo ou por outro. Eu trabalhava a tempo inteiro como jornalista, ela tem um bebé. Os nossos maridos até diziam: “Vocês nunca vão abrir uma loja, como é óbvio.”

Até que surgiu um espaço no Chiado.
Quando encontrámos este lugar percebemos que estava na hora. Não iríamos encontrar outro espaço com esta localização tão cedo. Estava na hora de aproveitar e ir com a ideia para a frente. Eu já tinha deixado o meu trabalho e estava apenas como freelancer.

Como é que se embarca neste projeto com a conjuntura nacional?
Temos noção de que esta altura não é a melhor. Toda a gente nos traçou o pior cenário. Chegaram mesmo a chamar-nos de loucas por irmos com a ideia para a frente. Acreditamos que é em alturas como esta que se consegue fazer a diferença. Foi tudo ponderado. Usámos as nossas poupanças e o risco é controlado, já que não embarcámos em grandes loucuras. Por outro lado, acho que numa altura de crise, as pessoas gostam que o seu dinheiro seja bem gasto.

É essa uma das máximas: que o dinheiro seja mais bem gasto?
Acredito que as pessoas prefiram gastar dinheiro numa peça de roupa que seja diferente e exclusiva. A nossa loja proporciona compras inteligentes e os nossos preços são “simpáticos”.

O que são preços “simpáticos”?
O preço médio das peças é de 50, 60 euros. Mas também podem comprar um vestido por 34 euros. São peças diferentes. O mais caro que temos na loja neste momento custa 130 euros, que na minha opinião, para um vestido de toilette, não é caro.

Como caracteriza a loja?
É uma loja fácil, um espaço divertido e cor-de-rosa, onde é permitido sonhar um bocadinho. Eu e a Filipa temos gostos muito parecidos e queríamos um espaço que não fosse excessivamente cor-de-rosa. Temos isso, mas também temos contrapontos. Nas peças de roupa foi muito fácil chegar a acordo. Partimos do princípio que só queríamos roupa que nós vestíssemos, como se isto fosse o nosso closet.

Sente que a visibilidade do seu blogue ajuda no sucesso deste projeto?
A visibilidade de ter um blogue com 25 mil leitores diários ajuda a entrar numa “loucura” destas, obviamente. É uma vantagem em relação a outras lojas que estejam agora a começar. Sei que também ajuda o facto de ser jornalista. Não estamos numa rua das mais centrais, apesar de estarmos no Chiado, mas tenho a noção que as pessoas vêm aqui pela publicidade que faço no blogue. Ajuda.

O que há da Pipoca nesta loja?
As pessoas dizem que vão à loja da Pipoca, mas isto é a loja da Ana e da Filipa. Da marca temos a agenda e os vestidos da linha A Pipoca Mais Doce, mas não é uma loja de merchandising do blogue. Compreendo que as pessoas associem.

Como é que A Pipoca Mais Doce se transformou numa marca?
O blogue vai fazer oito anos e foi criado porque gosto de escrever e percebi que aquilo era uma plataforma muito interessante para colocar os meus devaneios diários, que o jornalismo não me permitia. Já era jornalista nessa altura e não podia escrever tudo aquilo que me vinha à cabeça. Não me apetecia escrever um diário e aquilo era a forma mais interessante de escrever. Nunca pensei que iria ter o sucesso que tem. Já passaram mais de 14 milhões de pessoas por lá. No ano passado uma agência de licenciamento achou que o conceito tinha potencial para ser transformado numa marca. O primeiro “produto” foi o CD, depois a agenda e agora a linha de vestidos. Três vestidos para começar e se correr bem, para o ano, teremos uma linha completa.

Qual é a inspiração da linha dos vestido?
Como apanhámos a altura do Natal e fim do ano, há um vestido assumidamente de festa, outro para ir trabalhar ou para sair à noite e depois há um mais descontraído, de fim de semana.

Através do blogue lançou um CD, uma agenda e agora vestidos. Em que lugar fica o jornalismo?
Até ver não ficou para trás. O que eu mais gosto de fazer é escrever e aquilo que eu acho que realmente sei fazer é escrever.

Mas é o que faz menos agora.
Sim, embora continue a fazer colaborações com a Time Out. Tenho também os meus projetos de escrita na gaveta. Este ano haverá um novo livro do blogue, 2012 será seguramente o ano para um novo livro, aliás, dois. Vou aventurar-me num romance e deste ano não passa.

Falou em mais de 14 milhões de visitas no seu blogue. Sente que é uma influência para a juventude?
O blogue é uma forma de feedback imediato. As pessoas sentem que podem falar comigo de uma forma fácil. Gosto de publicar os “looks do dia” e noto que há um interesse muito grande pelas coisas que eu publico. As pessoas pedem-me opiniões em tudo. Os blogues têm esse papel, mais até do que as revistas de moda ou os sites. Acho que as pessoas olham e sentem que “está aqui uma pessoa normal, não uma modelo, que veste coisas acessíveis, compradas em lojas acessíveis”.

São seguidores ou imitadores da Pipoca? Sendo que é seu o título de Mulher Mais Invejada de Portugal.
Prefiro acreditar que se inspiram nas minhas ideias. As pessoas revêm-se porque é uma pessoa que lhes é próxima a gostar disso. É uma coisa muito mais atingível do que numa revista. Esse título foi graças a um concurso promovido na net. Foi engraçado…

A par disto, criou “ódios de estimação”. Como se lida com isso?
Já fiquei aborrecida, já dei demasiada importância e já tive a fase de tentar responder. Muitas das críticas que se fazem não têm fundamento algum. Muitas vezes é simplesmente dizer mal por dizer. Não se pode agradar a todos. Agora, ignoro. Eram coisas que me aborreciam por não serem verdade; pessoas que especulavam acerca da minha vida com base naquilo que leem. O blogue é uma parte ínfima da minha vida, não é a minha vida.

Quem é a pessoa que escreve o blogue e quem é a Ana?
Os dois mundos já foram mais separados, nomeadamente quando ninguém sabia quem eu era e quando eu podia escrever tudo aquilo que me viesse à cabeça. Podia dizer as maiores parvoíces, as maiores asneiras. A pessoa do blogue já foi mais um personagem do que aquilo que é hoje. Agora há um rosto e um nome por detrás disso tudo, que as pessoas já associam e já conhecem. Costumava dizer que a Pipoca dizia alto aquilo que eu não podia dizer. Era mais cáustica, mais corrosiva. Agora é tudo mais controlado, admito. Penso antes de escrever o que quer que seja. Perdi um bocadinho a espontaneidade e a irreverência que o blogue tinha inicialmente. Já pensei criar outro onde pudesse escrever tudo outra vez.

Um blogue anónimo?
Penso nisso algumas vezes. Ainda não o fiz, porque este já me dá muito trabalho e neste momento tenho muitas coisas nas mãos para gerir. Por vezes penso: “E se começasse outra vez do zero?”

Falando das coisas boas. É atrevimento dizer que as conquistas da sua vida se devem à ideia de ter criado um blogue?
Sem dúvida que é verdade. O jornalismo já lá estava, mas muitas propostas de trabalho do jornalismo e da escrita vieram por causa do blogue, entre outros projetos.

Incluindo o “homem da Pipoca” [Ricardo Martins Pereira]…
Incluindo o meu marido, sim. Fui convidada para trabalhar num sítio através do blogue e nesse sítio estava uma amiga que me apresentou o meu marido. A Pipoca abriu-me muitas porta e só me proporcionou coisas boas para a minha vida fora do blogue.

Texto: Micaela Neves; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Zita Lopes; Maquilhagem e Cabelos: Tita Costa, com produtos Maybelline e L’Oreal Professionnel

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