Rita Gordo
Dedica-se ao fado e ao negócio familiar

Famosos

Sex, 08/11/2013 - 0:00

Ser filha de Maria da Fé e de José Luís Gordo foi, durante muito tempo, visto como um obstáculo no seu caminho para o palco, mas, aos 35 anos, Rita Gordo rendeu-se às evidências. Decidida a apostar numa carreira musical, sobe ao palco do CCB no próximo dia 3 de novembro para homenagear a mãe e apresentar alguns temas do seu álbum de estreia, Eu sou assim, lançado no ano passado

VIP – O que significa este concerto para si?
Rita Gordo – Vai ser especial porque vou estar no mesmo palco com a minha mãe, vou interpretar alguns temas do meu álbum de estreia e também alguns temas dela. É uma pequena homenagem de filha para mãe.

E o que sente por partilhar o palco com um grande nome do fado, que é também sua mãe?
É uma grande responsabilidade. Há nervos a dobrar, estou preocupada com ela, ela comigo… se calhar, termos os nervos mais à flor da pele.
Lançou o primeiro trabalho no ano passado, já com quase 35 anos. Tenciona dedicar-se à música ou é apenas este álbum?
Eu nunca pensei gravar um álbum, mas as coisas aconteceram e gostava de ter uma carreira musical, de gravar outro álbum, de fazer disto vida.
Mas alimentava esta ideia há algum tempo ou surgiu de repente?
Às vezes, por sermos filhos de quem somos, achamos que há maior responsabilidade, que haverá comparações. E talvez eu achasse, precisamente por ser filha de quem sou, que este não era o meu caminho. Gostava muito de cantar, mas não pensava fazer disto carreira. Mas as coisas surgiram naturalmente. O livro do meu pai tinha um CD incluído para o qual ele me convidou e, depois, recebi também um convite do Paulo Parreira.

Sentia que iriam estar muitos olhos postos em si, que haveria demasiadas expectativas?
Ainda hoje sinto isso. As comparações acerca da maneira de cantar… isso, para mim, ainda é difícil de ultrapassar. Eu sempre achei que a minha mãe já estava tão lá em cima que… o que é que eu iria trazer de novo? É difícil expressar esta sensação.

Os seus pais apoiaram-na?
Sim, reagiram lindamente, ficaram “babados”, apoiam-me em tudo e querem que eu continue.

É no fado que se sente “em casa”?
Há uns anos, achava que não. Mas, agora, começo realmente a achar que é no fado que me sinto bem.

Participar no musical Amália, de Felipe La Féria, contribuiu para isso?
Foi muito positivo. Sou uma pessoa um bocado reservada e o Amália deu-me outra estaleca, por estar até mais à vontade com as pessoas no dia­-a-dia, conseguir “abrir-me” mais. Acho que isso vai criando autoconfiança e estar em cima do palco todos os dias era maravilhoso.

O seu emprego a tempo inteiro acaba por ser no Senhor Vinho, a casa de fado da família?
Muitas pessoas perguntavam por que não canto lá. Depois de passar horas a gerir o negócio, parece que já não há forças para cantar. Estou ali a gerir artistas, empregados, clientes… Canto nas noites mais tranquilas, mas, se houver casa cheia, nem penso nisso.

Toda a família trabalha lá?
O meu pai está durante o dia, a gerir as questões mais burocráticas. A minha mãe está à noite, mas já se retira mais cedo. Já nos passaram a “batata quente”.

Quer perpetuar o negócio familiar?
Claro! O Senhor Vinho existe há 38 anos, é um legado que os nossos pais nos deixam. Para o fado, para a gastronomia, é um restaurante que toda a gente conhece. Portanto, temos de respeitar o espaço que os meus pais construíram.

O Senhor Vinho abriu ainda antes da Rita nascer. Tem recordações felizes da sua infância no restaurante?
Passava lá a minha vida! A casa dos meus pais é logo ali, o meu colégio também, toda a minha vida era passada no bairro. Estão lá pessoas que me conhecem desde pequenina! Tenho muitas recordações felizes, é a minha segunda casa.

A sua mãe viajava muito, sentia falta dela?
Nos anos 80, ela estava no auge e viajava muito, o que é normal. Realmente, sentíamos muito essas faltas, mas depois eram compensadas. Talvez por isso eu seja muito próxima da minha irmã. Temos uma relação muito forte entre os quatro. Até podemos discutir todos os dias porque trabalhar em família é sempre complicado. A minha irmã, a Filipa, integra o elenco de Os Nossos dias, como atriz, mas é ali que nos encontramos diariamente. Portanto, é natural que entremos em choque, mas somos muito chegados, muito emotivos. O meu pai é muito sensível, temos uma ligação muito forte.

É mais próxima do seu pai ou da sua mãe?
Tenho uma ligação mais próxima com a minha mãe, mas acho que, em termos de personalidade, sou mais parecida com o meu pai. Quando estamos chateados com alguma coisa, ou com alguém, deixamos andar. A minha mãe é mais explosiva e a minha irmã é igual a ela, dizem logo tudo o que têm de dizer. Eu e o meu pai somos talvez mais sensíveis. A minha mãe transmite aquela imagem de força, de quem passou por muito na vida, tem uma armadura.

Os seus pais estão casados há mais de 40 anos. São um exemplo para si?
Claro que os casamentos de há 40 anos são diferentes dos de agora. Já tiveram muitas discussões, às vezes ficam amuados, mas adoram-se, não conseguem viver um sem o outro.

Também já casou?
Eu e o meu namorado, o Pedro Belo, vivemos juntos há um ano, mas já me sinto casada. Costuma dizer-se que não se conhecem pessoas na noite, mas a verdade é que o conheci no B-leza e está tudo a correr bem.

Pensa ser mãe?
Cada vez mais. Ele já é pai, tem dois filhos, de 15 e de 12 anos, mas eu tenho 35 anos e, agora, começo mesmo a ouvir o chamamento.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Bruno Peres; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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