Marcos Marin
Conta como é a sua vida no principado dos Grimaldi

Famosos

“Os príncipes do Mónaco são amigos preciosos”

Sex, 27/02/2015 - 0:00

Marcos Marin é um dos artistas plásticos mais reconhecidos da atualidade. O seu trabalho em op art tem-no levado a expor nos quatro cantos do Mundo. Em Lisboa, por exemplo, a sua recente mostra foi um verdadeiro sucesso. A obra de Marcos Marin é visualmente fácil de identificar. A partir de uma fotografia, o autor usa linhas de tinta para pintar rostos de ícones mundiais. Dali, Grace Kelly, Brigitte Bardot ou Amália e Pessoa são algumas das suas obras mais emblemáticas. Nasceu no Brasil, viveu em Miami e hoje não troca o principado do Mónaco por nada. É ali que vive e trabalha, tendo uma relação próxima com os Grimaldi. Filho de pai espanhol, ligado ao cinema, e de mãe libanesa, cantora lírica, Marcos Marin viveu desde pequeno ligado ao mundo das artes. Antes de se tornar famoso como pintor foi pianista. O pintor não vive obcecado com o reconhecimento, mas admite que há uma frase de Pierre Cardin, que foi seu mecenas, que recorda constantemente: “O mais dífícil na carreira de um artista são os seus primeiros 60 anos”. 
 
VIP – Esta não foi a primeira vez que expôs o seu trabalho em Portugal…
Marcos Marin – Já exponho em Portugal desde 1998. Já estive na Galeria do Casino Estoril, na Fundação Sousa Pedro.
 
Como correu a exposição OP’Art Experinence Lisbon, em Lisboa?
Uma experiência incrível! O espaço é belíssimo e original pois une joalharia, moda e arte de uma forma extremamente elegante. Fiquei muito feliz pela enorme adesão dos lisboetas!
 
Tinha quadros de Dali, Brigitte Bardot e Grace Kelly. Que obras reuniu?
Sim, os retratos de ícones estão sempre presentes, mas destaco uma tela imensa retratando os “quatro elementos”, terra, ar, água e fogo, em forma de mandala, obra criada em exclusividade para a Fundação Príncipe Alberto II do Mónaco. 
 
É especialista em op art. Para quem não sabe o que é, como caracteriza este movimento? 
Op art é a abreviação de optical art, arte ótica, movimento que se iniciou ainda nos anos 60, tendo como precursores Salvador Dali, Victor Vasareli, Jesus Soto, Julio le Parc, Carlos Cruz Diez, entre outros. O movimento marcou-se como uma importante rutura nos conceitos de arte, e foi um dos mais importantes patamares da evolução da arte contemporânea. Ilusões óticas, tudo o que interpela o nervo ótico, ilusões cromáticas, de movimento, de inversão. Realmente algo novo surgiu neste período nas artes, o que influenciou o desenvolvimento de um novo código de estética.
 
Por que é que o seu trabalho é sobre rostos de nomes consagrados?
Normalmente, arte ótica é abstrata ou geométrica. Esta é a grande diferença da minha arte. Eu acho que a minha arte deveria demonstrar isto: pessoas que deixaram pensamentos, modos e atitudes, mudaram conceitos, influenciaram a História. A estas tenho ainda mais respeito e tenho como que uma responsabilidade social de retratá-las. Os ícones do cinema, da política e da História são a minha predileção temática de sempre.
 
Na mesma linha artística, além de retratos, também se dedica à criação de esculturas. De que é que gosta mais, dos quadros ou das obras de grande formato, como a que expôs no Terreiro do Paço, Rapto das Sabinas?
Fui primeiro pintor e a descoberta da escultura veio depois e surpreendeu-me! Atualmente, tenho tido muito gosto na realização de obras monumentais, e o facto de estar em espaços abertos promove uma apreciação maior das obras. Não sei se gosto mais ou menos, pois tenho imenso prazer na realização das minhas pinturas, que são a maior parte da minha produção artística. 
 
Que técnicas e materiais utiliza? 
Sou muito curioso e experimentalista. Gosto de misturar métodos tradicionais com alta tecnologia. As telas são em acrílico sobre linho, as esculturas são em plexiglass, madeira, duralumínio e bronze. Quanto à criação das imagens, tudo é a partir de uma fotografia que vira um desenho com linhas, pontos, deformações cromáticas. Quando se respeita luz e sombra, a fidelidade da imagem é garantida!
 
Um dos trabalhos que mais visibilidade teve foi a pintura de Grace Kelly. O príncipe Alberto gostou tanto que lhe encomendou uma escultura do pai. É verdade?
A tela de Grace Kelly foi oferecida ao príncipe na sequência de minha primeira mostra no Mónaco, em 2005. Depois, o príncipe lançou-me o desafio de criar a escultura oficial do seu pai, o príncipe Rainier. A escultura foi inaugurada em 2006 pelo príncipe Alberto e pela princesa Stéphanie e tornou-se monumento público. Quanto à tela de Grace, esta foi imediatamente incorporada na coleção de retratos oficiais do Museu do Mónaco. Posteriormente, e até ao presente, tenho realizado muitos outros retratos da familia Grimaldi. 
 
De quem? 
Varias vezes do príncipe Alberto e da princesa Stéphanie, assim como Grace e Rainier. Charlene tem quatro retratos diferentes e agora estou a fazer a princesa Carolina pela primeira vez, e depois será a vez de Chartlotte.
 
Esta exposição em Lisboa contou com o mecenato da Fundação Príncipe Alberto II. Tornou-se próximo dos Grimaldi?
Sim, desde o primeiro encontro no Mónaco, o que já são dez anos de colaboração artística, 
evidentemente desenvolveu-se uma amizade sincera, a ponto de deixar minha residência em Miami para me instalar no Mónaco há já seis anos.
 
Por que decidiu fixar-se no Mónaco? 
Em 2007, conheci Pierre Cardin, que se tornou o meu grande mecenas, pois ofereceu-me uma casa/ateliê em Lacoste, na Provença francesa, não longe do Mónaco. Ali foi então o meu primeiro passo para ficar mais perto do principado, onde eu tinha que ir sempre para a realização de mais retratos. Deixei de viver em Miami e, em 2009, houve a oportunidade de ter um ateliê no Mónaco, nas vizinhanças do palácio, e mudei-me. As atividades da Fundação Príncipe Alberto II para a proteção ambiental incrementaram-se e passei a fazer parte da Fundação como artista, e por isso em todas as exposições que faço uma parte do lucro destina-se à instituição. Também é importante divulgar com arte a preocupação com causas sustentáveis. O Mónaco ofereceu-me uma gama de oportunidades profissionais e então decidi ficar.
 
Como é a vida no principado? 
O Mónaco é um exemplo de organização social, de limpeza… Possui uma das maiores agendas culturais do Mundo, a saúde e o desporto são essenciais… Ao mesmo tempo, é simples, como uma pequena vila. Considero um imenso privilégio poder viver ali, ainda mais no coração da Côte d’Azur, onde os Alpes se despencam para o mar. A beleza natural é deslumbrante e o clima é um dos melhores da Europa! Ali podemos ir tomar o pequeno-almoço à praia, beber um café em Itália, esquiar nos Alpes e voltar para jantar em casa tudo no mesmo dia!!! 
 
Como são o príncipe Alberto e as suas irmãs? 
Quando penso que são filhos da grande atriz Grace Kelly, que Alberto é mais do que um príncipe decorativo, mas sim um grande chefe de Estado, admiro-me sobretudo com a gentileza e simplicidade deles, com a educação e com o carinho que possuem pelo povo monegasco. São grandes trabalhadores, com responsabilidades. Para mim, os príncipes são amigos preciosos!
O nascimento dos gémeos, filhos de Alberto e Charlene, foi um verdadeiro motivo de festa?
Claro! Era um momento tão esperado… O dia da apresentação foi decretado feriado nacional e os monegascos e residentes foram todos convidados a irem ver os bebés na Praça do Palácio. É por isso  que nos sentimos parte de uma família! Imagine conhecer o seu próximo soberano desde o seu nascimento! É incrível!
 
 
Leia a entrevista completa na edição número 919 da VIP. 
 
Texto: Alberto Madeira Miranda; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos L’Oréal e Maybelline

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