Ana Afonso
Conta como é ser mãe de um menino autista

Famosos

“Às vezes, não sei onde vou buscar forças”

Qui, 26/02/2015 - 0:00

“Já é complicado uma pessoa ter filhos sem problemas, quanto mais com problemas. Às vezes, não sei onde é que vou buscar forças. Temos de arranjar, mas às vezes não se consegue, é complicado”, é desta forma que Ana Afonso, de 38 anos, descreve a dificuldade que é ser mãe de um menino autista de três anos e meio. A atriz foi à festa de Carnaval da SIC K com o companheiro, Rodrigo de Freitas , de 41 anos, e com os dois filhos desta relação, Alice, de dois anos, e Diogo, de três e meio. Um evento que marcou o seu regresso ao meio mediático, depois de um afastamento de vários anos e de ter estado a viver no Algarve e até na Escócia. 
 
Diogo era ainda um bebé de colo quando Ana Afonso soube que o filho era autista. “Lidar com a situação é muito complicado, porque nós não sabemos o dia de amanhã. Quando a pediatra me disse: ‘Eu desconfio que o seu filho possa ter autismo, possa ter esta perturbação’, o meu filho tinha um ano e meio. As lágrimas correram-me pelo rosto, porque eu, como mãe, sabia que era verdade, sabia que alguma coisa estava errada com o meu filho”, declara a atriz, recordando, por exemplo, que Diogo só “começou a andar com um ano e seis meses”. Mesmo na questão da fala, também apresenta limitações. “O distúrbio do autismo tem um espetro muito alargado. Existem vários tipos e não se pode dizer qual é o nível e qual é a evolução que vai ter. O meu filho tem três anos e meio e não diz uma única palavra. Ele pode vir a falar, como pode nunca vir a falar, e isso é uma coisa que me assusta”, afirma Ana Afonso com a voz emocionada. “Eu e o Rodrigo estamos a fazer o melhor que podemos. Fazemos muita pesquisa e falamos com grupos de pais com filhos com o mesmo distúrbio. Uma vez por semana, o Diogo faz hipoterapia – é acompanhado pelo pedopsiquiatra Pedro Caldeira; faz piscina uma vez por semana, e ao fim de semana também, e na escola tem uma funcionária que está constantemente com ele, para ajudá-lo e estimulá-lo. Depois, uma vez por semana, tem um técnico especializado para fazer o método teacch, para estimular a parte cognitiva. Temos também uma psicóloga que vem a casa duas vezes por semana e que faz psicomotricidade.” 
Ana Afonso diz que já nota evoluções no filho. “Apesar de não falar, o ano passado eu chamava Diogo e o meu filho agia como se fosse surdo, nem sequer olhava. Ele não me olhava nos olhos, não me dava a mão, pura e simplesmente estava no seu mundo. Agora, já olha para mim, começa a rir-se, dá-me a mão, puxa-me, leva-me para onde quer, se quer alguma coisa… Ainda não aponta, isso não faz, mas se eu chamar Diogo, já olha, já interage muito mais. Já é um avanço.” Mas a atriz tem consciência que é uma batalha constante. “É como estar numa guerra, num campo de batalha, sem se saber se se vai ganhar a guerra ou não.”
 
Atualmente, Ana Afonso gostava de poder retomar a vida profissional. “Gostava muito, fazia-me muito bem sair de casa, levar os miúdos para a escola, ir trabalhar e voltar depois de ter respirado e ter estado noutro cenário, voltar com saudades deles. Acho que isso é importante para qualquer mãe.” Ana Afonso está ligada à agência Next Models e pretende regressar ao mundo da representação. “Era o que eu mais queria neste momento”, reforça. 
  
Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Marco Fonseca

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