Mateus Solano
“Conheci a minha mulher na cama”

Famosos

O ator que interpreta Mundinho falcão em Gabriela conta à VIP como conheceu a atriz Paula Braun

Sex, 16/11/2012 - 0:00

 Intérprete de Mundinho Falcão, o herói romântico de Gabriela, Mateus Solano, é um dos jovens atores mais aplaudidos da televisão brasileira. E como viveu parte da sua infância em Lisboa, morre de saudades dos amigos que deixou em Portugal.

Mateus Solano Schenker Carneiro da Cunha tem 31 anos de idade e 12 de carreira. De origem judaica, nasceu em Brasília, mas passou parte da infância em Lisboa e depois em Washington. A adolescência e a juventude foram vividas no Rio de Janeiro, onde fez formação no Teatro Tablado. O ator garante ter pontos em comum com Mundinho, na sua forma progressista de ver a vida, no comportamento elegante e no romantismo. “Gosto de demonstrações de afeto, não esqueço datas importantes e às vezes sou ciumento, sim”, diz Mateus, casado há um ano com a atriz Paula Braun, com quem tem uma filha, Flora. Terminadas as gravações da novela, o ator está de férias com a família, fora do Brasil. Quando regressar, vai abraçar um novo projeto de teatro: a peça Do Tamanho do Mundo, escrita por Lourenço Mutarelli e dirigida por Jefferson Miranda.

Que balanço faz da novela e do seu papel em Gabriela?
Gabriela foi um projeto que me trouxe uma alegria especial por se tratar da adaptação de um dos grandes clássicos de Jorge Amado. Uma obra-prima que tive o prazer de reler quando fui chamado para participar da novela. A adaptação do Walcyr Carrasco é diferente daquela de 1975, porque o público que assiste hoje é diferente e os tempos são outros.

O Mundinho Falcão da versão 2012 trouxe algo de novo ao público, na sua opinião, ou tentou reproduzir fielmente o herói pensado por Jorge Amado?
A versão de 1975 aconteceu durante a ditadura militar. O Mundinho representa a modernidade, que vai chegando a Ilhéus de 1925 de fora para dentro, ou seja, começa na roupa e na arquitetura, para só depois fazer parte da alma daquele povo. E é essa a história que Gabriela conta: a transformação de uma sociedade de coronéis para uma sociedade progressista. Mas o poder corrompe e isso também é retratado no final da trama.

O que considera mais valioso na mensagem do autor?
O mais valioso nas entrelinhas de um romance como Gabriela é a humanidade das personagens, cheias de desejos, conflitos e nuances.

Gabriela é um sucesso em Portugal. A que se deve o sucesso com personagens do interior do país, e numa época distante como os anos 20, junto de um público de outro país?
Além da qualidade excecional dos profissionais envolvidos na novela, o sucesso do romance fora do Brasil deve ser também responsável pelo interesse de tanta gente na história. Mas vale a pena ressaltar que, apesar de falar de uma sociedade de há quase 100 anos, a história mostra como muitos daqueles valores ultrapassados continuam em vigor nos dias de hoje! No interior do Brasil, por exemplo, ainda se mata por terra. O extermínio do povo indígena é outra vergonha que continua acontecendo sem que a sociedade se mobilize para o impedir. O progresso, infelizmente, ainda é construído com o sangue de inocentes.

Que recordações guarda dos tempos em que viveu em Lisboa?
Morei em Lisboa entre 1984 e 1986, então com 3, 4 anos de idade. Tenho ótimas recordações: o colégio Beiral, onde eu estudava (acho que não existe mais…), o Parque da Estrela, no Largo do Rato, onde eu ia brincar… voltei muitas vezes a Lisboa depois e pude conhecer outras cidades também. Tenho um casal de grandes amigos em Cascais. Um beijo, André e Mafalda!!

O Mundinho é um herói incorruptível, que prima pela justiça…
O Mundinho Falcão quer mudar a sociedade para melhor.

Acha que a televisão precisa de mais heróis de integridade política, para servir de exemplo, ou não tem nada a ver com discussões sociais?
A televisão é assistida por uma quantidade gigantesca de pessoas. Mesmo que não quisesse, ela tem tudo a ver com política. Por outro lado, acho que ela tenta manter-se imparcial e simplesmente contar uma história que entretenha. É uma tarefa difícil nesse sentido. As novelas retratam a nossa sociedade, suscitam debates e discussões.

Esta personagem foi um desafio?
Gostei de Mundinho desde o princípio. Ele vem do Rio para Ilhéus com um passado triste, um amor impossível pela mulher do seu irmão. Chega à Bahia e apaixona-se pela neta de seu maior rival. É uma grande personagem! Acho que nesta história não há personagens vazias.

Como foi, nos bastidores, viver essa experiência com o António Fagundes?
Fagundes é uma referência para mim como ator. É um homem inteligente, curioso e com uma juventude que é indispensável ao bom ator. Foi um grande privilégio estar ao lado de grandes referências como ele, José Wilker, Laura Cardoso e tantos outros, aos quais assisto desde pequeno.

Qual foi o seu papel mais difícil na televisão?
O mais trabalhoso foram os gémeos Jorge e Miguel da novela Viver a Vida, sem dúvida. Um trabalho hercúleo!

E no teatro?
Tive grandes desafios, mas é muito difícil fazer teatro no Brasil com o boicote que se faz à cultura e a serviços básicos como saúde e educação. Fiz teatro durante 13 anos e nunca pude viver do ofício.
Já a televisão deu-me mais estabilidade assim que mostrei que dava conta do recado.

É preciso ter coragem para viver só de teatro?
Viver de teatro no Brasil não é impossível, mas é raro.

Como é o Mateus fora das gravações?
Faço parte, talvez, da última geração que viveu sem computador, que aprendeu que a Natureza não é apenas algo precioso a ser preservado, mas parte intrínseca de nós mesmos.

Pratica o judaísmo?
Sou Judeu da CJB, sinagoga do Rabino Nilton Bonder.

Qual a importância da religião na sua vida?
Cada um estabelece a sua relação com a sua religião. Para mim sempre foi um espaço importantíssimo de reflexão e meditação.

Na vida pessoal, como é ser marido da Paula Braun e pai de Flora?
Não poderia ser melhor! São os grandes amores da minha vida.

Que idade tem a sua filha?
Dois anos e surpreende-nos todos os dias!

Como conheceu a sua mulher?
A nossa relação começou há quatro anos, quando fizemos juntos a curta-metragem Maridos, Amantes e Pisantes. Eu fazia o papel de amante. E a primeira cena era de cama! Foi assim que a conheci. Na verdade, foi tudo muito prático, pois quando o diretor disse “gravando!”, nós nos jogámos na cama e assim pulámos várias etapas, entende? (risos)…. Mentira, estou brincando. Mas a minha mulher costuma dizer que eu me “aproveitei” do momento quando lhe pedi que ficasse mais pertinho de mim para criarmos a “intimidade” necessária à cena.

Texto: Mônica Soares; Fotos: Cauê Zanin/Divulgação e TV Globo

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