Combater a obesidade
O poder da mente

Saúde e Beleza

As consequências da obesidade são graves e conhecidas de todos: diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares…

Qua, 09/11/2016 - 8:09

A obesidade é uma doença crónica que se define como um aumento do peso corporal devido a um excesso de tecido gordo, em relação ao tecido magro.
É uma perturbação heterogénea, cuja causa inclui fatores genéticos, ambientais, neuroendócrinos e, na maioria dos casos, emocionais. No entanto, o excesso de gordura corporal é o denominador comum a todas as “obesidades”.

Calcula-se que, no início deste século, mais de 300 milhões de pessoas em todo o Mundo eram obesas, envolvendo não só países com elevado nível de desenvolvimento, como os países em crescimento, prevendo-se um agravamento exponencial nos anos futuros. O excesso de peso é uma condição complexa, com muitas repercussões psicossociais, pois é transversal a todos os grupos etários.
As consequências são graves e conhecidas de todos: diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, bem como determinados tipos de cancro, levando a uma deterioração da qualidade de vida e mortes prematuras que poderiam ser evitadas. Para tal, há que tomar medidas imediatas e começar já hoje a pô-las em prática.

De notar que apenas cerca de 20% da obesidade se deve a doenças genéticas, neuroendócrinas, em que há necessidade de terapêutica médica específica. Nos restantes 80% depende inteiramente de nós. E aqui reside o cerne da questão.

A alimentação altamente processada e apelativa da era moderna, o sedentarismo, o stress oxidativo diário e as alterações ambientais a que estamos sujeitos levam-nos, sem darmos conta, a um aumento diário de peso, e ao fim de alguns anos representam um aumento de 10, 15, 20% ou mais do nosso peso 
ideal.

Temos de parar, pensar e agir. Começar a fazer uma alimentação equilibrada, reduzindo hidratos de carbono de absorção rápida (como bolos, pão branco, bolachas, chocolates…), diminuir a ingestão de gorduras saturadas (as gorduras trans) e aumentar o consumo de proteínas, frutos, verduras e legumes.
Quanto ao exercício físico, iniciar com uma simples caminhada cinco a seis vezes por semana, durante pelo menos 30 minutos, e a um passo acelerado.
No entanto, para conseguirmos alcançar estes objetivos, temos de contar com a ajuda de um órgão importantíssimo e complexo, que pesa pouco mais de um quilo, mas mais potente que o melhor supercomputador jamais inventado: o cérebro. Este representa apenas 2% do peso corporal, mas usa cerca de 25% das calorias consumidas, 25% do fluxo sanguíneo total e 20% do oxigénio inalado. A obesidade duplica o risco da doença de Alzheimer e diminui o tecido cerebral, o que é preocupante.

A privação do sono (dormir menos de 6 horas por noite) faz com que o cérebro liberte hormonas que aumentam o apetite e o desejo de petiscos açucarados. O stress crónico leva ao aumento do cortisol, que por sua vez também gera um aumento do apetite e os desejos de açúcar.
O nosso corpo é constituído por 70% de água, e o cérebro por 80%, portanto devemos beber dois litros de água, de preferência alcalina, para termos uma boa função corporal e cerebral, eliminando as toxinas que acumulamos ao longo do dia.

E, acima de tudo, evitar os pensamentos negativos que podem sabotar todos os esforços para a aclamada perda de peso. E é isso que trabalho na minha consulta de combate à obesidade: a mente e a importância dela no processo. Torná-la uma aliada na gestão das emoções e na forma como o paciente lida com a comida. E nunca esquecendo a individualidade de cada caso, que quanto a mim é fundamental: cada caso é um caso, e merece um tratamento personalizado e feito à sua medida. 

 

Erpídio Canastro – Médico especialista em tratamento da obesidade 

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