Rita Lello
“As coisas fazem sentido quando as vivemos”

Famosos

A atriz afirma que mudará de vida quando deixar de sentir prazer no que faz

Qua, 13/08/2014 - 23:00

Rita Lello é uma das mais conceituadas atrizes portugueses. Do seu currículo fazem parte papéis marcantes, quer seja num estúdio ou em cima de um palco. Além disso, a atriz tem contribuído para a a formação de jovens atores, algo que acontece, por exemplo, no curso que dá no Instituto para o Desenvolvimento Social (IDS)/A Barraca. Longe dos guiões, defende que é complicado para uma mulher ser mãe num país que cada vez menos consagra os direitos dos trabalhadores e da família.

VIP – Tem mantido um papel importante na formação de atores. Que balanço faz desta vertente da sua carreira?
Rita Lello –
Muito positivo, gosto muito de dar aulas, tento dar aos alunos o melhor de mim e da minha experiência como atriz e aprendo sempre imenso com eles.

São públicos os casos de alguns jovens atores que não conseguem lidar com a ausência de trabalho. Como se trabalha esta vertente?
Criando interesses, valorizando a formação e o crescimento. É preciso estar-se preparado psicologicamente para essa possibilidade. É por isso que é tão importante o fortalecimento psicológico que advém da formação. Numa escola, os alunos habituam-se a encarar o fracasso, a falha, com coragem e como um processo de aprendizagem. Nos momentos em que não conseguem, são amparados por professores e colegas, criam-se estratégias para que não volte a acontecer, ou para que aconteça o menor número de vezes possível, ou para que aprendam com o erro e encontrem formas de digerir esse fracasso. Confrontam-se os alunos com a falha, com a incapacidade. Isso é muito importante na estruturação psicológica de um ator. A consciência de que as vezes em que não acertamos é que ajudam à construção final, e devem ser valorizadas como processo, é absolutamente imprescindível para a solidificação de um caráter forte, que nos vai ajudar a ter força para superar os momentos menos bons. Além disso, um ator com formação tem um maior mercado de trabalho, pois pode explorar outras vertentes além da representação.

Em frente às câmaras é uma das atrizes portuguesas mais conceituadas. Que balanço faz da sua carreira?
Claro que é positivo. Tenho sido muito feliz a fazer o que faço e têm surgido oportunidades para explorar diferentes caminhos.

Consegue destacar aquele que considera ser o seu melhor papel ou momento alto?
Não. Isso cabe a quem viu e acompanhou o meu trabalho. O que destaco são os projetos que exigiram mais de mim e que mais me ajudaram a crescer como profissional. No teatro, destacaria a Peça Para Dois, que traduzi, encenei e interpretei n’A Barraca e As Vampiras Lésbicas de Sodoma, que interpretei na infelizmente extinta Companhia Teatral do Chiado. Em televisão, talvez a Liberdade 21 e a Direção de Atores da série Bem-vindos a Beirais, onde tenho aprendido muito, profissional e humanamente. Na escola, a encenação anual das peças com que culminam os estágios de 2º ano n’A Barraca. É um tour de force conseguir, em 30 horas, pôr em cena um espetáculo.

Lamenta, ou mudava, algumas decisões?
Lamento ainda não ter conseguido organiza -me para estudar mais e aumentar a minha formação académica. Decisões? Acho que não. Não sou muito precipitada a tomar decisões, as coisas fazem sentido quando as vivemos.

Além de tudo o que a sua vida profissional exige também é mãe. Consegue ter o tempo necessário para ser a mãe que sempre sonhou?
Nenhuma mulher que trabalha, sobretudo neste país que cada vez consagra menos os direitos dos trabalhadores e da família como a base da sociedade, consegue ser a mãe que sonhou, penso eu. Mas o Vasco é um bom miúdo, bem educado, bom amigo, generoso, inteligente, sensível, que partilha as suas ideias e não tem medo de dar as sugestões que acredita serem as melhores.

Qual o maior desafio que enfrenta?
O maior desafio de qualquer mãe é a criação de condições para um desenvolvimento harmonioso da criatura que trouxe a este mundo. É esse… Criar o Vasco.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro;
Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel;

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