Cláudia Jacques
Diz que não perdeu a capacidade de amar

Nacional

“Hoje ser feliz é ser feliz sozinha”

Dom, 23/08/2015 - 17:00

É um dos rostos mais conhecidos do Porto, mas não dispensa uns dias de férias no Algarve. Cláudia Jacques, mãe de duas filhas, revela que está a passar por uma fase de felicidade serena e tranquila. A relações-públicas admite à VIP que nunca foi ambiciosa, que é importante saber estar sozinha, que não perdeu a capacidade de se apaixonar, embora saiba que é “complicado duas pessoas entenderem-se bem”. 

VIP – Escolheu o Algarve para umas miniférias. Alguma razão em especial?
Cláudia Jacques – Para mim é quase obrigatório vir ao Algarve no verão. Adoro. Acho que o Algarve está ao nível de qualquer sítio do Mundo. Tenho imenso orgulho no meu país e acho que é bom para a nossa economia todos virmos no verão. É uma zona muito sazonal, por isso, precisa que venha muita gente no verão.

No verão consegue ter tempo?
Durante o verão estou a trabalhar no Pacha. São três meses, mas como é só aos sábados, consigo ter a semana toda disponível. 

Quando é que soube que queria ser relações-públicas?
Nunca soube, aconteceu. Percebi que me sentia muito bem a fazer este papel. Tudo começou quando recebi um convite de um amigo de há muitos anos, o Batata Cerqueira Gomes, para trabalhar como relações-públicas no Twins, uma casa que me diz muito desde os meus 18 anos. 

Também trabalhou na moda?
Foi sempre o que eu fiz. Aos 17 anos comecei a fotografar e a desfilar. Depois tive uma empresa de representação de marcas estrangeiras, durante uns anos. Quando as minhas filhas começaram a crescer, achei por bem libertar-me da empresa que me consumia todos os dias, fins de semana e férias, para me dedicar mais a elas. Retomei a trabalhar com coleções com outras empresas. Vendi para lojas, ia às feiras, ver os desfiles. Adorava, foi um período que gostei muito, mas foram muitos anos a fazer a mesma coisa e chegou um momento que começou a ser saturante. Quando o Batata me convidou, acumulei as duas funções, mas depois acabei por me dedicar só a isto e já lá vão uns 12 anos.

Gosta de comunicar?
Muitas pessoas têm-me dito que este lado de relações-públicas já estava inato em mim. Sou uma pessoa de afetos, gosto de ter pessoas à minha volta. Às vezes perguntam-me como consigo lidar com pessoas tão diferentes ou aguentar isto tudo, e acho que só consigo porque gosto muito, e porque é muito genuíno. Se tivesse que me esforçar, penso que não me sairia tão bem. 

Como é educar duas filhas sozinhas e trabalhar à noite?
Houve uma altura em que não foi muito fácil, porque as miúdas ainda eram, relativamente, pequenas. Separei-me do pai de cada uma das minhas filhas, quando elas tinham dois anos. É uma decisão difícil, mas nem sempre foi uma decisão minha, mas tive que me habituar e aceitar. Sempre tive a sorte de ter os meus pais e amigos muito presentes. As miúdas foram crescendo, a mais nova passa muito tempo com o pai, a mais velha está muito crescida e vai agora viver para Amesterdão, vai fazer Erasmus. 

Foi difícil encarar a decisão da sua filha?
No início criei-lhe alguns obstáculos e nem me apercebi que os estava a criar. Só me apercebi quando ela me chamou à atenção e disse: “Parece que a mãe está a fazer tudo para que eu não vá.” Aí percebi o que estava a fazer e comecei a apoiá-la. Faz parte do crescimento e tenho de aceitar. Vou com ela estes primeiros dias para Amesterdão para ajudá-la a instalar-se e perceber onde vai ficar. Só vai com uma amiga de cá, mas ainda bem, assim tem a oportunidade de conhecer outras pessoas de outras nacionalidades e outras culturas, faz parte dos planos dela viajar e conhecer outros países. Acho que vai fazer-lhe muito bem.       

É mãe-galinha?
Não sou muito. Dou-lhes muita liberdade, mas tento impor-lhes regras e os valores que aprendi. Às vezes chocamos, faço-lhes frente em algumas coisas. Nem eu sei sempre tudo, nem elas sabem, mas eu tenho mais experiência por passar pelas coisas, porque já vivi. Não posso impedi-las que não passem por certas etapas, mas posso alertá-las para estarem mais preparadas.

Como é que elas lidam com o facto de terem uma mãe bonita, que os amigos querem conhecer?
A mais nova ainda está numa fase de admiração da mãe. É muito querida, muitas vezes elogia-me. Às vezes goza comigo, rio-me porque é com respeito, mas diz-me muitas coisas carinhosas. A mais velha, já está muito crescida, não sei o que ela sente. A minha preocupação é passar-lhes o cuidado com alimentação, o exercício físico, a preocupação com a imagem, sem serem fúteis. Isso elas não são, nem uma nem outra. Este meu lado mais público, elas não ligam nenhuma. 

Sente-se bem com o que vê ao espelho?
Vejo em mim coisas que os outros não reparam, sou mais exigente comigo própria.

É autocrítica?
Sou, mas acho que é bom. As pessoas não devem achar-se o máximo, devem ter noção dos seus limites e aceitá-los, se não, não vivem em satisfação consigo próprias. Gosto do que vejo, há mulheres que são mais bonitas que eu, mas isso não me incomoda minimamente. Sinto-me bem e sou feliz com a vida que tenho. Estou bem com tudo e acho que isso é que é a felicidade. 

Quanto a amores?
Estou numa fase mais secreta da minha vida. Às vezes aprendemos a ser mais resguardados. 

Teve algumas relações que não funcionaram. Não perdeu a fé?
Não, faz parte. Uma relação é das coisas mais difíceis que temos na nossa vida, porque a cabeça é um mundo que está constantemente em mutação. É complicado duas pessoas entenderem-se bem durante muito tempo, é natural com tempo da relação que haja desgaste. 

O que é que procura?
O que procurei já encontrei, a minha felicidade, só minha. Se durante algum tempo achei que ser feliz era partilhar a vida com alguém, acho que hoje ser feliz é ser feliz sozinha. Somos mais felizes acompanhados, mas primeiro que tudo temos que perceber o que nos faz feliz e depois é que podemos achar que somos felizes acompanhadas. Essa companhia tem de ser um acréscimo à felicidade que já temos, não pode ser essa pessoa o ponto dessa felicidade. 

E o que é a felicidade?
A calma, plenitude e o equilíbrio. Não deixar que ninguém afete o meu bem-estar e alegria. Faço aquilo que gosto, sou independente e gosto da família e dos amigos que tenho. Tenho tido sempre saúde e trabalho. Isto para mim é a felicidade. Cada vez mais só tenho aquilo que preciso. Nunca fui ambiciosa, sou uma pessoa agradecida e satisfeita com aquilo que tenho. 

Só falta o príncipe encantado?
Acho que os príncipes já não são a coisa mais importante para mim nesta fase. 

Foi esta última relação que a fez perceber isso?
Não, foram todas. Foi o conversar com outras pessoas. Às vezes não temos de passar pelas coisas para sabermos como elas são. Tenho muitas pessoas amigas, homens e mulheres, com quem falo muito para perceber os pontos. Aquilo que eles já experienciaram, e muitas vezes fazem desabafos e pedem uma opinião, é como se eu também tivesse vivido essas situações. Isto é a bagagem de vida… é isso tudo que me fez perceber isto.

A ignorância vai diminuindo?
Sim, é verdade. Com idade e com os anos não perdemos a capacidade de nos apaixonarmos. Estamos mais atentos aos sinais. Comecei a focar-me mais em mim. O facto de estarmos um bom tempo sozinhas, sem ter uma relação com ninguém é muito importante. Outra coisa que tenho descoberto, é que as pessoas não sabem estar sozinhas, mais os homens do que as mulheres, apesar de haver muitas mulheres que não sabem estar sozinhas. Estar sozinho é muito importante, apercebemos-mos de coisas que antes não nos apercebíamos.  

 

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Helena Morais 

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