Sofia Arruda
“Ainda recordo o super pai”

Famosos

A atriz estreou-se na série da TVI que hoje lembra com saudade

Sex, 28/12/2012 - 0:00

 As Aventuras de Kiko é o musical infantil que vai estar em cena até fevereiro, no Teatro Maria Vitória, em Lisboa. Sofia Arruda é uma das protagonistas e em exclusivo à VIP conta como foi preparar uma personagem que é mais nova do que ela e que canta. Sem projetos na TVI, a atriz confessa que assim tem mais tempo para o teatro e para a casa nova que agora anda a decorar.

VIP – Esta peça é um musical. Não é cantora. Como é que se dá nesse papel?
Sofia Arruda – Vou cantar, dançar e interpretar. É um ritmo alucinante, é tudo a correr. É uma hora que equivale a umas cinco horas de trabalho. Eu não tenho formação musical. Não me sinto muito à vontade, apesar de o conseguir fazer.

Mas costuma cantar? Por exemplo, em casa, para a família, em karaoke?
Não. Eu acho que quem tem boa voz deve cantar, quem não tem deve ficar caladinho. Isso limitava-me um bocadinho enquanto atriz e tive de deixar esse preconceito de lado. Aqui a peça é para crianças e isso reflete-se também na voz da personagem e nas músicas.

Esta não é a primeira experiência musical. Fez revista à portuguesa. Também tinha de cantar ou não?
Sim, tinha uns pequenos excertos. Mas temos muito mais canções aqui. E enquanto cantamos também dançamos e eu sou levada em braços pelos bailarinos e isso dificulta o controlo da voz.

Quem é a sua personagem nesta história?
Sou a nova aluna da escola, que chega para destabilizar completamente. A Carlota chega e impõe as suas regras. Pinta as unhas nas aulas, lima as unhas, vai de sapatos altos para a escola. No fim percebe que há coisas que não pode fazer. Tem uma componente muito cómica.

Esta personagem recorda-a de si mais nova?
Não, mas tenho uma imagem na minha cabeça que nunca vou esquecer. Era altura do Natal e ofereceram-me um conjunto de princesa que tinha uns sapatinhos de plástico com um saltinho e um pompom de brilhantes. Eu decidi que queria ir para a escola com aquilo calçado. A minha mãe disse que ia passar uma vergonha, mas se queria ir, ia. Eu lá fui e claro que fui gozada pela escola toda. No intervalo pedi à minha mãe que me levasse uns ténis. De resto lembro-me de ser um bocadinho refilona e de achar que mandava em toda a gente. Mas quando era altura de ficar sossegadinha e de aprender, ficava.

Tem feito trabalhos para públicos jovens – fez Morangos com Açúcar, Clube das Chaves. Chateia-a ainda ser escolhida para fazer personagens jovens?
Não. Até porque a última personagem que fiz – a Maria Clara, de Anjo Meu –, tinha a minha idade. Tinha era a característica de ser patinho feio, de não gostar dela, de ter uma mãe mazona.

Foi difícil sentir-se feia?
Não. Exigiu mais trabalho da minha parte porque ela não era feia ao nível da caracterização. Ela sentia-se feia, por isso, era uma coisa de postura. Era corcunda, punha os pés para dentro, olhava todos de uma forma muito submissa. Eu acabava o dia de gravações cheia de dores. Doíam-me as costas, a cabeça daquelas tranças todas. Era uma alegria o final do dia, tirar as tranças, vestir a minha roupa, calçar os meus saltos e ir para casa.

Qual foi a personagem que mais gostou de interpretar?
Todas elas foram desafiantes a dada altura. Claro que na minha memória tenho sempre muito presente o Super Pai porque foram dois anos de gravações e eu era muito pequenina. A minha personagem era mais velha do que eu – a Carmo tinha 14 anos e eu 12. As coisas que lhe aconteciam na escola, com os pais, aconteciam primeiro na série do que me aconteciam a mim na vida real.

A Carmo preparou-a para a adolescência?
Sim, porque eu pensava “já passei por isto”, “isto já me aconteceu”. O ser gozada na escola, a professora chamar a atenção, o pai ralhar por querer sair à noite, o primeiro beijinho, a primeira vez que se é menstruada, todas essas coisas aconteceram primeiro à Carmo do que a mim. Foi muito giro nesse aspecto. Mas os outros projetos também foram engraçados.

Agora consegue dizer que gosta mais de teatro ou de televisão?
Não tenho uma preferência. Posso dizer que me sinto muito mais à vontade em televisão, por ser aquilo que faço há mais tempo. Para mim fazer televisão é natural, é orgânico. Em teatro não. Tenho de pensar no meu posicionamento em palco, na colocação da voz, é uma coisa mais pensada e trabalhada do que em televisão.

Nunca pensou ser mais nada além de atriz?
Quando era pequenina queria ser patinadora no gelo, mas a minha mãe disse logo para eu escolher outra profissão que cá não dava para ser isso; gostava de ser hospedeira para viajar muito. Depois houve uma fase em que estive a tirar Design de Moda e pus em causa ir para Guimarães fazer faculdade, mas entretanto tive de ficar cá um ano a fazer geometria descritiva, que era o que me faltava para entrar na faculdade, e durante esse ano não desenhei. Percebi que estava a correr atrás do sonho errado. Ficar um mês sem representar custava-me horrores e sem desenhar não.

Está a tirar Comunicação Social. Como está a correr o curso?
Está a correr bem. Vou fazendo devagarinho. Estou no terceiro ano, na Católica. Acho que é uma boa licenciatura para depois seguir um mestrado na área do cinema, talvez.

É fácil conciliar os estudos com a representação?
Vou tentando. O que eu tenho feito até agora é quando não estou a gravar, estudo, porque as aulas não são à noite, são de dia.

Como é que arranja tempo para a Sofia?
Acaba por ser fácil, porque a Sofia está em todo lado, sempre. Acho que é uma questão de organização. Sempre foi assim. Desde os 12 anos que trabalho e estudo.

Portanto, uma das suas características é ser muito organizada?
Tento, mas não me é natural. Obrigo-me porque faço sempre muita coisa ao mesmo tempo. Tenho de comprar agendas e colocar post-it e lembretes pela casa toda porque senão não me lembro de tudo o que tenho para fazer.

Já tem próximo projeto para a TVI?
Para este ano não. Vou ficar dedicada ao teatro, à faculdade e à minha casinha nova.

Sem projetos de televisão, suponho que vá ter mais tempo para se dedicar também ao seu namorado?
Não vou falar sobre isso.

Mas de qualquer forma é bom também ter tempo para a vida pessoal?
Sim, claro. Sem televisão fico com muito mais tempo. Dá para sair com os amigos, fazer jantares em casa, as coisas que as meninas de 24 anos gostam de fazer.

Como é que ocupa os tempos livres?
Eu sou muito caseira, gosto muito de estar em casa. Ainda por cima tenho uma casa nova para decorar. Adoro ler. Gosto de estar com a família, de fazer equitação com a minha irmã. Nós temos um cavalo na casa da minha mãe, que é onde vamos passar os fins de semana.

É “menina da mamã”?
Muito. Sou a primeira filha, completamente “babada” pela minha mãe e durante sete anos fui filha única. Era tudo para mim. Quando a minha irmã nasceu eu fui a primeira a pegar nela porque era eu que queria uma irmã para brincar.

A sua família são os seus maiores fãs?
Definitivamente. A minha mãe ainda tem cassetes de vídeo com o Super Pai. fazemos questão de juntar a família e ver em conjunto.

E você vê o seu trabalho? É crítica?
Sim, não é por gostar de ver a novela, mas é para perceber nas minhas cenas o que fiz bem e o que fiz mal. A ideia é depois em estúdio colmatar algum erro.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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