Manuel Maria Carrilho
Acusa o Governo de apoiar Bárbara Guimarães em processo judicial

Famosos

O ex-ministro considera ser
“um ataque
político”
contra ele

Sex, 21/11/2014 - 0:00

A participação de Bárbara Guimarães nas III Jornadas Contra a Violência Doméstica e de Género, um evento organizado pela secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, levou Manuel Maria Carrilho a denunciar aquilo que considera ser “uma intolerável intromissão do Governo na Justiça”.

O ex-ministro da Cultura é acusado pela ex-mulher de violência doméstica e aguarda o julgamento do processo. Em conferência de imprensa, no passado dia 11, no Hotel Altis, em Lisboa, Manuel Maria Carrilho acusou o Governo de cometer um ato “ilegal e inconstitucional” ao convidar Bárbara Guimarães, que leu um testemunho de outra mulher.

“Infelizmente, o que poderia e devia ter sido uma proveitosa e útil campanha contra a violência doméstica, acabou por ser um exercício de manipulação política, grave e cruel, para além de ilegal e inconstitucional, visando de forma clara a minha pessoa”, declarou, acrescentando: “Percebe-se que foi efetuada uma manipulação grosseira do evento de forma a fazer passar a ideia de que Bárbara Guimarães estava a falar da sua própria situação pessoal e a acusar-me subliminarmente dos atos de violência doméstica que constavam do papel que veio ler em público (…) Uma tentativa de, jogando na mais completa confusão de factos, influenciar a opinião pública e os tribunais contra a minha pessoa, contribuindo para denegrir a minha imagem”.

“Manobra política”
O ex-ministro da Cultura e ex-deputado do PS argumentou que tudo se tratou de uma manobra política. “Encontrar o Governo associado a uma coisa destas permite concluir que existe o objetivo político de atacar alguém que se encontra ligado ao mais importante partido da oposição (…) sabendo-se que nos encontramos já em contagem decrescente para o combate político que irá ter lugar no próximo ano de 2015”, disse, destacando que a conferência onde Bárbara interveio contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e de outros membros do Executivo. “Reforça esta convicção o facto de, na referida cerimónia, se encontrarem o Sr. Primeiro-Ministro, o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares e a Sr.ª Secretária de Estado para a Igualdade, que foi quem diretamente organizou e supervisionou a mesma”, considerando que se trata de “uma verdadeira tentativa de linchamento público” da sua pessoa.

O professor catedrático fez questão de frisar que acredita na justiça e nos tribunais, “pelo que aguardo o mais serenamente possível o momento em que serei ouvido”. Carrilho garante ainda que vai tomar medidas. “Pedi aos meus advogados para analisarem os factos (…) a fim de serem apuradas as responsabilidades que dos mesmos resultam e, nessa sequência, atuarem em conformidade”. Quando questionado se aceitaria participar nestas jornadas, garantiu que ponderaria. “Quando me fazem convites, pondero. Não costumo ler textos dos outros, tenho a coragem de ler os meus próprios textos, de falar em meu próprio nome.”

Além de Bárbara Guimarães, foram convidadas para as III Jornadas Contra a Violência Doméstica e de Género outras figuras públicas, tais como Sílvia Alberto, Cláudia Semedo, Sandra Barata Belo, Tânia Ribas de Oliveira e Joana Latino.

Reações
Presente num evento público no dia seguinte, Bárbara Guimarães não comentou estas declarações. Contactada pela VIP, Teresa Morais também fez saber, através da assessora de imprensa, que não ia fazer qualquer tipo de declaração. Contudo, a tese do ex-ministro mereceu duras críticas por parte do PSD, um dos partidos do Governo. A deputada Carla Rodrigues, afirmou em declarações ao Jornal i, que considera a acusação “completamente ridícula”. “A intenção era dar projeção ao problema da violência doméstica e foram convidadas diversas figuras públicas, entre as quais a Bárbara Guimarães”, salientou.

Mas as críticas também chegaram do próprio partido de Carrilho. Isabel Moreira, deputada do PS, defendeu a apresentadora da SIC. “A mulher em causa, que já participara em inúmeras causas públicas, dando a cara, precisamente, não está inibida de fazer o que lhe apetecer, como isto: participar nas III Jornadas Nacionais Contra a Violência Doméstica. Por que o fez, é irrelevante. O poder fazê-lo é determinante”, escreveu no seu blogue, Aspirina B.

Porém, a tese de Manuel Maria Carrilho é apoiada por Manuel Alegre. O histórico socialista admitiu ao Jornal i que “é muito suspeito que o governo faça isso. Ele foi ministro e, independentemente de quem tenha razão, [o assunto] presta-se a uma interpretação política. Tratando-se de duas figuras públicas, é suscetível de leitura política.”

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Nuno Moreira

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