Victória Guerra
“Acredito que possa lançar-me numa carreira internacional”

Famosos

Atriz esteve no Festival de Veneza com o filme “Linhas de Wellington”

Ter, 11/09/2012 - 23:00

Trocou o Algarve por Lisboa aos 15 anos para estudar Jornalismo, mas foi na representação que Victória Guerra acabou por singrar. Aos 23 anos dá provas do seu talento tanto na televisão como no cinema e a sua primeira longa-metragem levou-a a um dos principais certames da sétima arte: o Festival de Veneza, onde sobressaiu entre as demais estrelas. Victória integra ainda o elenco da novela de sucesso Dancin’ Days.

VIP – Esteve no Festival de Veneza na apresentação do filme As Linhas de Wellington. Como foi a experiência?
Victória Guerra – Foi uma das melhores experiências e muito enriquecedora. Foi também a minha estreia, nunca tinha estado num festival tão grande a nível europeu. Foi fantástico também porque esteve lá o elenco quase todo e trocámos imensas impressões, pois foi um trabalho muito querido para nós, em especial para mim porque nunca tinha feito cinema antes, só curtas-metragens, o que faz com que tudo seja diferente.

Sentiu que o cinema português é bem acolhido lá fora?
Existe uma cultura cinematográfica lá fora que não existe em Portugal e senti um feedback muito positivo. No final da exibição do filme tivemos uma ovação, a plateia bateu palmas durante muito tempo e senti-me orgulhosa.

Ter estado neste mediático palco do cinema acha que pode abrir-lhe portas para lançar-se numa carreira internacional?
Eu quero acreditar que sim. A minha personagem é inglesa e eu sou bilingue. Honestamente, acredito que seja possível. É preciso continuar a trabalhar para isso. Este filme vai ser visto por muita gente, vai estar presente em vários festivais e ser exibido em várias salas de cinema.

Ambiciona fazer mais cinema?
Se tiver essa oportunidade sem sombra de dúvidas. Sempre gostei muito de cinema e adorei esta experiência, estar no plateau é mágico.

Podemos vê-la atualmente em Dancin’ Days. Como estão a correr as gravações?
Muito bem. Neste momento a personagem [Vera Dias] está a “explodir” e a deitar cá para fora todos os traumas do passado. Ela entrou no mau caminho, no mundo da cocaína.

Esta personagem tem uma carga emocional muito forte para si?
Separo o que é a personagem de mim. É importante desligar ao final do dia, o que não é fácil. É muito angustiante e stressante, para mim é um desafio. Nunca tinha feito uma personagem que vai contra as regras e que envereda pela droga.

Já teve contacto com drogas?
Nunca consumi, se é isso que me pergunta. Mas toda a gente hoje em dia já teve algum tipo de contacto. É importante alertar para estes problemas que podem acontecer a qualquer um. Vivemos num mundo em que esse problema está cada vez mais presente. Estivemos a gravar numa casa de reabilitação e falei com alguns médicos.

Esta personagem também perdeu os pais muito cedo. Uma vez que a Victória mora sem família em Lisboa, esta personagem fá-la sentir mais saudades da sua família que mora no Algarve?
Sinto saudades desde sempre e quanto mais os anos vão passando ainda sinto mais. Vim com 15 anos para Lisboa e na altura foi uma novidade. Claro que tinha saudades, mas era tudo novidade. Aos poucos começo a perceber que estou a perder a minha irmã, que quando saí de casa tinha seis anos e agora tem 14, sinto que estou a perder uma fase da vida dela na qual gostava de estar presente, por exemplo, o primeiro namorado. Esse tipo de coisas fazem-me sentir que gostava de estar mais presente.

Acha que as características inglesas que herdou da sua mãe ajudam-na a contornar este fado da saudade tão típico dos portugueses?
Não sei, sempre me fizeram crer que os ingleses são mais frios, mas na minha família isso não acontece. Somos muito unidos.

Que características inglesas e portuguesas herdou dos seus pais?
Bebo chá preto com leite todas as manhãs. Às cinco da tarde bebo também o meu chazinho. O Natal é tipicamente inglês. Acho que me fui tornando mais portuguesa quando vim para Lisboa, mas não sei explicar o que é ser tipicamente português. Quando era miúda não ouvia música nem via televisão portuguesa, só mais recentemente é que comecei a prestar mais atenção.

Começou em Morangos com Açúcar, mas depois disso participou em três novelas em horário nobre. É difícil triunfar entre os atores mais velhos e experientes?
É um jogo que tem de ser gerido. Lembro-me da primeira vez que fiz uma novela e da minha primeira cena, que era com a Alexandra Lencastre, e estava a tremer dos pés à cabeça. Sentia-me uma formiga no meio de gigantes. Mas eles fazem­-nos sentir à vontade e o melhor é o poder aprender com eles. O mais importante é ver como é que eles trabalham e pensam. Senti-me muito acarinhada. Temos de ter confiança no nosso trabalho.

É uma das atrizes mais conhecidas desta nova geração de atores. Lida bem com a fama?
Não concordo com isso. Quando tenho uma novela no ar e se apareço muito no episódio, no dia seguinte sinto mais os olhares, mas não sinto que seja muito mediática. Por acaso foi engraçado quando há dias fui ao centro comercial e reparei que estava muita gente a olhar, fez-me alguma confusão porque já não estava habituada. Mas lido bem com isso, não tenho problemas que venham ter comigo, é bom sentir o carinho do público.

Namora com o operador de câmara Luís Piçarra. Torna o trabalho mais fácil quando se partilha a vida com alguém da mesma área?
Sim, porque compreende os horários e cansaço ao final do dia. A maior parte das pessoas não entende o cansaço físico e psicológico que este trabalho dá. Pensam que é só glamour, que chegamos lá e somos maquilhados e é tudo bonito. É bom ter uma pessoa da mesma área que entende a exigência profissional e que ao mesmo tempo é capaz de ver o nosso trabalho e criticá-lo, tanto no bom e mau sentido. É ótimo.

Como é que ele reage quando tem de fazer par romântico?
Como qualquer pessoa não gosta, obviamente. Mas percebe que é trabalho. O que as pessoas acham é que sentimos qualquer coisa pelo colega, mas esquecem-se que temos 20 câmaras e 1000 pessoas à nossa volta. Quando estou a dar um beijo em cena, não sinto que seja eu, é a personagem. Distancio a Vera da Victoria. 

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Bruno Peres; Produção: Zita Lopes; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel

Siga a Revista VIP no Instagram